Álbuns de fotografia renascem em histórias bordadas
Maria Helena Queiroz
Por longos dez anos, Maria Helena Pessôa de Queiroz foi advogada em São Paulo. Mas a rotina burocrática, de salto alto e maquiagem impecável, em certo momento se tornou um fardo. Veio a ideia de morar fora do país. "Foi o melhor ano da minha vida", lembra.
O ano era 2016 e tudo estava em paz. Há um bom tempo, as fotografias ficavam presas, guardadas no computador. Eis que as pastas com as mil viagens que ela ama fazer ficavam lá. Até que um dia ele parou de funcionar.
"O técnico disse que seria muito difícil recuperar o conteúdo. Eu fiquei em pânico, porque ia perder imagens que tinha dos 19 aos 27 anos. Veio aquele desespero", diz ela. Na angústia, Maria Helena fez uma promessa a si mesma: se conseguisse recuperá-las por um milagre, colocaria tudo em álbuns.
Cresci vendo meu pai contar as histórias e mostrar álbuns de fotografia, com muito saudosismo. Tenho álbuns da minha vida inteira graças a ele."
Sorte ou propósito?
A fé funcionou. Maria Helena procurou álbuns bonitos para cumprir a promessa e não encontrava nada de especial. "Percebi que era algo difícil de encontrar. Isso me levou a pensar que não investimos em guardar nossas memórias, que são tão importantes. Aquilo me intrigou."
A missão ficava cada vez mais clara. O período fora do país acabou, ela voltou ao escritório de advocacia, mas nas horas vagas fazia cursos multidisciplinares. Em um deles, aprendeu a criar álbuns. "Fiz o meu, uma amiga viu e amou. Dessa encomenda vieram outras e em seis meses, já conciliava os álbuns com a jornada como advogada. Chegou um momento em que eu precisei escolher."
Quando ela abandonou a carreira no Direito, você pode imaginar as interrogações ao redor: "As pessoas não entendiam eu querer ser artesã. Era algo muito fora do radar. Mas falo com muito orgulho: ninguém fazia álbuns naquela época, trouxemos esse hábito de volta às pessoas."
Do Brasil para o mundo
No último ano, o trabalho da MH Studios (@mhstudios_), sua marca, passou a ser mundial e figurar no maior e-commerce de luxo do mundo, o Moda Operandi.
Maria Helena ouve a história de cada cliente, cria formas poéticas de contá-la e transfere para bordados em capas especiais de álbuns de tecido. Para os produtos à pronta entrega leva-se 10 dias de confecção e em até 60 dias, nascem os projetos mais personalizados. Por mês, cerca de 200 itens saem do escritório para emocionar. "As pessoas me mandam mensagem dizendo que choraram... é lindo ver isso."
Outros 40 artesãos colaboram e o trabalho se multiplica em caixas, cadernos, agenda, livro do bebê, porta-maternidade e outras encomendas. "Eu amo viver e a minha marca reflete isso. O álbum é um lugar para preservar as memórias, uma nova oportunidade de vivenciar aquelas emoções", diz ela, assumidamente nostálgica. Um conselho de MH? "Faça back-up sempre, mas imprima suas fotos e faça álbuns", ri.
@s que me inspiram
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.