Brasileiros retidos em Portugal usam rotas alternativas para repatriamento
Walisson de Castro, marido de Alessandra Simões de Santos, 28, garantiu um lugar no novo voo de repatriamento de brasileiros retidos em Portugal que vai acontecer no dia 10 de março. "Foi com muito esforço, mas conseguimos", fala a jovem que trabalhava com limpeza de condomínios em Lisboa.
Ela, no entanto, não teve a mesma sorte. Para conseguir voltar para o Brasil, Alessandra terá que fazer uma rota alternativa e vai embarcar, nesta sexta-feira (5), em um voo para Madri, na Espanha, de onde parte para São Paulo (SP). "Vai ser complicado, vou me expor ainda mais ao covid-19, mas não dava mais para esperar", diz.
Ela entrou para o grupo de brasileiros que tem comprado passagens para outras capitais europeias, como Paris, na França, e Amsterdã, na Holanda, a fim de "burlar" o banimento de voos diretos entre Portugal e Brasil.
Para trocar informações, pessoas retidas em território português usam as redes sociais e o WhatsApp para trocar opções de trajetos que podem ser feitos e passagens que saem mais em conta para compor a ponte aérea.
Último dinheiro em passagens
Foi pela internet que o professor Jenner Randam, 44, ficou sabendo da possibilidade de voltar para Salvador por uma rota alternativa.
Morando há dois anos em Portugal, ele estava com um voo marcado para fevereiro quando as fronteiras foram fechadas para o Brasil. Como não estava em uma situação precária, ele não estava tão preocupado em voltar rapidamente.
Mas quando vi que o governo português não tinha planos de desconfinar até depois da Páscoa e que havia a possibilidade da variante brasileira do covid-19 se tornar um problema mundial, achei que esta seria a minha única janela para voltar", afirma.
Ele comprou, então, uma passagem para esta quinta-feira (4) pela Ibéria de Lisboa para Madri e outra de Madri para São Paulo (SP), de onde parte para Salvador (BA). Acabou gastando, somando o valor da passagem original para o Brasil com o que investiu na rota alternativa, mais de 1 mil euros (por volta de R$ 6,7 mil).
"Mas eu estava tranquilo, tem quem colocou o último dinheiro que tinha para conseguir o tíquete e agora está largado em Portugal, sem nenhuma atenção do governo brasileiro", afirma o professor.
Desempregada desde janeiro, Alessandra não tinha dinheiro para pagar o aluguel do apartamento onde mora há um ano com o marido. Ela havia investido tudo em sua passagem de retorno. Por isso, teve que pedir dinheiro emprestado para conseguir os tíquetes do novo trajeto.
"É complicado. Não estava nos nossos planos, nem no nosso orçamento", diz. A jovem gastou, no total, por volta de R$ 4 mil, incluindo a passagem original e as da rota alternativa.
Controle por todas as paradas
Além do dinheiro, os brasileiros que estão optando por essas escalas têm uma preocupação a mais: as medidas de controle de viagem por conta da pandemia. Cada destino tem seu próprio manual de protocolos de segurança, enquanto, para embarcar para o Brasil, é preciso preencher um formulário da Anvisa até 72 horas antes do desembarque.
Além disso, é necessário um teste de covid negativado para embarcar. Tudo isso deve levar em consideração o tempo que a pessoa ficará em "escala". Porém, pode ser uma dor de cabeça contornável. "É preciso ter toda a documentação certinha, mas não tive muita crise", fala Randam.
Ainda assim, as rotas alternativas são uma opção mais viável para muita gente que está cansada de esperar que as fronteiras abrem ou que mais voos sejam liberados para levar brasileiros retidos. "Não tenho para onde recorrer", diz Alessandra.
Estou muito indignada e muito triste. Mexe psicologicamente com todos nós. E nem faz muito sentido, né? A gente não pode ter um voo direto, mas a gente pode ir por escala."
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