Jogos virtuais e laser animam pets, mas não são unanimidade entre gateiros
Que atire a primeira pedra quem nunca deu um joguinho de celular ou iPad para divertir o gatinho ou usou um laser para brincar com o felininho que habita em sua casa. Os gatos são naturalmente atraídos pelos movimentos das "presas" virtuais em virtude do comportamento da caça.
A comportamentalista de felinos, catsitter e adestradora em formação, Denise Pereira Bispo, toma todos os cuidados recomendados para a utilização desse tipo de brincadeira e diz que os gatinhos "amam" o laser e os joguinhos virtuais. "Eu uso como aquecimento para outras brincadeiras. Sempre acabo alternando com aquelas em que eles consigam caçar", diz.
Ela também afirmou que enfrentou casos difíceis com os gatinhos que cuidava, mas o laser ajudou.
Eu não conseguia descobrir do que eles gostavam de brincar. Então usei o laser para estimular e fiz com que eles brincassem com outras coisas."
Somente virtual não vale
As brincadeiras tecnológicas, porém, precisam terminar com um reforço positivo, uma recompensa que represente o final da caçada. "É fundamental que ao término da brincadeira a gente ofereça um petisco, um alimento para que o animal realmente tenha a sensação de saciedade", afirma o veterinário comportamentalista Dalton Ishikawa, fundador da Pet Games.
A recomendação para oferecer uma recompensa não-virtual, inclusive, vem também do próprio criador de jogos para iPad, o americano TJ Fuller, de 39 anos. A ideia de criar os jogos, de acordo com ele, surgiu há 10 anos, quando não conseguia vender nenhuma de suas outras criações.
"Notei vídeos no YouTube de gatos brincando em iPads, mas com jogos para humanos. Então, decidi que eles precisavam de seus próprios jogos", diz. "Game for Cats", "Paint for Cats" e "Catzilla" são os jogos de Fuller.
Por não ter nenhum gato em casa, Fuller testou seus jogos em gatinhos de abrigo e percebeu que todos adoraram a brincadeira.
Nem todo mundo aprova
Na opinião da consultora em comportamento felino Naila Fukimoto, esse tipo de brincadeira poderia ser bom, mas na prática acaba sendo mais frustrante do que positivo.
"O melhor mesmo é utilizar brinquedos específicos para gatos como varinhas, bolinhas e fitas. Caso o gato goste muito dessas brincadeiras eletrônicas, sugiro iniciar com o laser ou joguinhos, usar por poucos minutos e depois passar para varinhas ou outros brinquedos que o gato se interesse", diz.
Em relação à periodicidade das brincadeiras, Naila recomenda que aconteçam apenas de uma a duas vezes por semana. "Mas pode variar de acordo com o interesse do gato. O tutor pode começar a brincadeira com esses joguinhos por cerca de 5 minutos e depois passar para outra atividade mais estimulante como a caça a varinha, ratinhos de pelúcia e bolinhas nas quais o gato possa realmente 'capturar' a presa".
A frustração ao final da "caçada", de acordo com Ishikawa, pode agravar distúrbios e problemas de comportamento que os felinos já tenham.
Porque o animal nunca vai conseguir o objetivo dele, nunca vai efetivamente conseguir caçar a presa virtual. Com essa frustração, dependendo do caso, pode-se até piorar a saúde psicológica e emocional deles. Já existem estudos que comprovam isso."
Além do agravamento dos distúrbios, os felinos podem perder o interesse por brincadeiras, na opinião de Naila.
"Os momentos da caça compreendem a espreita, a aproximação, o bote, a morte e a ingestão da presa. Nesses brinquedos eletrônicos, eles atingem somente até a parte do bote, então as etapas de agarrar e morder a presa não acontecem. Eles podem, então, passar a ficar mais desestimulados a brincar e não se sentirem motivados a caçar, pois esse momento acabou se tornando muito frustrante."
Bichano dita as regras
A petsitter Ana Karina Braga afirma que é exatamente por conta da possibilidade de frustração dos gatinhos que ela não costuma utilizar as brincadeiras virtuais ou os lasers.
"Acho mais prático já usar um brinquedo que eles possam pegar, mas não significa que eu seja contra. Tem gatinhos mais preguiçosos que parecem ficar bem animados com o laser, por isso não deixa de ser um estímulo positivo e até mesmo uma novidade para os que já estão enjoados das mesmas brincadeiras."
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