Artesã transforma rede de pesca e folhas secas em bolsas e roupas
Nara Guichon
O atelier de Nara Guichon, de 65 anos, é rodeado por redes de pesca. O que para a maioria é lixo é matéria-prima nobre para a artesã. Os materiais descartados pelos pescadores e as folhas secas tornam-se bolsas, esponjas, xales, roupas e até mesmo obras de arte nas mãos da artista.
Antes de ler e escrever, Nara sabia tricotar. Aprendeu aos 4 anos com as vizinhas em Porto Alegre (RS). Desde então, não parou mais de entrelaçar fios.
Em 1998, começou a produzir tecidos de redes de pesca com a técnica de tecelagem. "Eu encontrei redes de pesca carcomidas com diferentes tons de cinza e bege. Todas tinham uma tintura natural produzida pelo tempo."
Ela vive e trabalha no sul de Florianópolis, perto do mar. Foi lá que iniciou a sua trajetória na moda e alta-costura.
As roupas que produz duram muitos anos e passam por várias gerações, já que as redes são resistentes e se mesclam com crochês feitos com materiais naturais como algodão orgânico, lã, linho e rami.
Estampas naturais
As folhas e flores que caem das árvores e galhos são eternizadas em diferentes formatos de estampas em uma técnica conhecida como ecoprint ou impressão botânica.
O seu trabalho é reconhecido internacionalmente. Em 2020, Nara recebeu uma menção honrosa na Bienal Ibero-Americana, em Madrid, pelo vestido "Maréa", feito com ecoprint e reuso de redes de pesca.
A artesã também multiplicou as suas estampas em cadeiras, poltronas e bandejas, em parceria com a empresa Fitto Design.
Um grito de socorro
Atualmente, Nara se concentra na produção de esponjas, sacolas e bolsas feitas com redes de pesca.
A artesã dá forma e vida para o material desgastado. Também cria esculturas e obras de arte de tricô. "As obras de arte são um grito de socorro da natureza", resume.
A artista acumula prêmios. Foi premiada três vezes pelo Museu da Casa Brasileira, em 2016 e 2019.
O seu trabalho pode ser considerado uma gota no oceano se comparado com a imensidão do mar. Mas faz diferença no planeta. Por ano, ela resgata duas toneladas de redes de pesca nas praias.
"Os oceanos têm muito lixo nobre, materiais que podem ser transformados e valorizados."
@s que me inspiram
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