Brasileiros fazem lua de mel sem hora para acabar por Ásia e Europa
Após um namoro de seis anos, Willy Barros (@eimaetovivo) e Sara Otoni (@eusarota) se casaram em Vitória da Conquista (BA) em novembro de 2020 e, uma hora após a cerimônia, já estavam a caminho do aeroporto. O destino: a Turquia, onde os dois começariam uma lua de mel sem data para retorno.
"Escolhemos a Turquia porque era um dos poucos lugares que estavam abertos para viajantes brasileiros nesta pandemia. E sempre quisemos conhecer juntos o lado oriental do planeta, onde há países com hábitos, culturas e culinária muito diferentes dos nossos. São lugares com custo de vida baixo e que oferecem uma experiência completa de viagem", explica Willy.
Engana-se, porém, quem pensa que a jornada está seguindo os padrões luxuosos e de planejamento minucioso que costumam marcar uma lua de mel.
A viagem do casal está sendo realizada no melhor estilo mochileiro, com os dois se locomovendo em ônibus, pegando carona, decidindo de última hora quais lugares irão visitar e até fazendo trabalho voluntário ao longo do caminho.
Nestes quatro meses de estrada, os brasileiros já exploraram os cenários urbanos de Istambul, admiraram o mar Negro a partir da cidade de Trabzon e curtiram as paisagens extraterrestres da Capadócia, com o céu tradicionalmente colorido por dezenas de balões.
Com o clima invernal ainda presente no Hemisfério Norte, conseguiram esquiar no resort de Erciyes e chegaram ao remoto vilarejo de Ayder, onde se hospedaram em uma cabana entre montanhas nevadas.
E, no meio do caminho, ainda trabalharam em troca de hospedagem e alimentação, por 15 dias, em uma fazenda na região da cidade de Fethiye, onde cuidaram de limoeiros, prepararam terrenos para novas hortas e ajudaram na construção de cabanas.
Vivemos intensamente a Turquia", diz Willy.
Barrados no Iraque
A lua de mel mochileira de Willy e Sara, contudo, não está livre de perrengues.
Da Turquia, a meta dos dois era entrar no Curdistão iraquiano, região que tem sido acessível para turistas nos últimos anos.
"Fizemos uma longa viagem de ônibus até lá. Mas, quando chegamos na fronteira, a entrada de brasileiros no Curdistão iraquiano havia acabado de ser bloqueada, por causa da pandemia", relata Willy. "Tivemos que voltar".
O obstáculo, porém, não desanimou o casal, que readaptou rapidamente seu roteiro.
Uma outra Europa
Eles retornaram por terra para Istambul e, de lá, pegaram um avião para a Albânia, onde se encontram neste momento — desbravando o litoral do país, que possui balneários banhados pelo mar Mediterrâneo, como Sarande e Himare.
"Estamos felizes aqui, em uma parte da Europa que não é tão turística. A ideia é ficar aqui mais um ou dois meses", conta Willy. "Com a proximidade da primavera, está esquentando bastante. Queremos aproveitar as praias".
Hospedado em um apartamento de frente para o mar em Sarande, os dois não sabem dizer onde estarão em um médio prazo. "A princípio, vamos para a Macedônia e Sérvia depois da Albânia. E a gente ainda quer ir para o Sudeste Asiático, mas teremos que esperar até que as fronteiras abram. Mas não temos previsões certeiras", conta Willy.
O plano inicial era viajar por pelo menos um ano. Mas já estamos sentindo que vai ser mais do que isso".
"Vida de mel"
Antes do casamento, Willy morava na Bahia e Sarah, no Paraná. Mas esta não foi a maior distância do relacionamento.
Produtor de conteúdo de viagens, entre 2016 e 2017, ele realizou, sozinho, uma viagem mochileira por terra entre a Alemanha e a Índia.
"Era um sonho meu fazer essa viagem sozinho, tirando um ano sabático. Então, nem cogitamos fazer juntos. Mas a Sara, que na época estava terminando a faculdade e estudando para concurso, me apoiou o tempo todo", afirma Willy.
Fiquei um ano e meio fora, mas conseguimos manter o namoro. Se alguém disser que relacionamento à distância não dá certo, pode mandar meu telefone para a pessoa e eu explico que funciona".
Em 2020, após o casamento, os dois finalmente embarcaram em uma longa jornada juntos — consultora financeira, Sara se organizou para trabalhar da estrada desde seu computador.
"Diferentemente do Willy, eu nunca tinha feito um mochilão assim. Viajei um pouco pelo Brasil, mas sempre foram viagens em família. Está tudo sendo muito diferente e ainda estou me adaptando.
Para mim, é muito louco acordar sem saber onde estarei no dia seguinte. É uma aventura que tem me dado experiências muito ricas", relata ela.
E esta grande viagem está fortalecendo o relacionamento dos dois.
"Na estrada, como casal, amadurecemos dez anos em um mês. Aqui não temos amigos ou família por perto. Só temos um ao outro na hora pedir apoio", diz Willy.
"E, no exterior, estamos em ambientes que não são os nossos. Então, temos que confiar muito um no outro. E, além disso, temos compartilhado momentos de felicidade extrema, o que ajuda a nos unir.
Na verdade, isso não é uma lua de mel. É uma vida de mel. Pois esta é nossa vida agora".
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