Até Projota vai comer: pratos da Xepa do BBB 21 podem ganhar cara de chef
Quem acompanha o BBB 21 vê o perrengue dos participantes quando caem na Xepa. E não é só pela quantidade de comida, que vai reduzindo a cada semana, mas também porque a maioria não consome certos alimentos e até torce o nariz para eles.
E não é só no programa que eles causam aversão. Seja pela aparência, aroma ou sabor, muita gente tem esse preconceito. Na lista, figuram principalmente algumas proteínas não muito comuns na mesa, especialmente miúdos, de bovino ou de porco.
Mas o que para uns não é atraente, para dois chefs ouvidos por Nossa é tradição, pois ambos são amantes de invenções com ingredientes inusitados. Conversamos com a paulista Samantha Camargo e o argentino Santiago Roig, que garantem que suas receitas vão te fazer mudar o conceito sobre esses ingredientes.
Vai ter rabada, sim!
Samantha, 41 anos, é formada em gastronomia há 15 anos e natural de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, onde tem um bufê de eventos. Há um ano, abriu um restaurante na praia, em Ilhabela. Cada casa tem um público diferente. Mas foi no bufê que ela começou a praticar a sua paixão: transformar ingredientes incomuns em receitas saborosas.
Fazer comida boa com filé mignon é fácil. Não tem como dar errado.
Agora se você tem um produto que demanda mais técnica, mais cuidado, para o profissional é mais gostoso", avalia a chef.
Ela conta que, desde a época da faculdade, no Senac em Campos do Jordão, sempre gostou de participar dos concursos para testar sua criatividade. "Quando saía o tema, ia pesquisar o que tinha de mais diferente e inusitado para surpreender as pessoas que provariam o meu prato".
Em um deles chegou a usar cérebro de porco. "Eu fiz um dadinho, que acabava parecendo uma mousse. Servi para muita gente e todo mundo comeu feliz para depois descobrir o que era", brinca.
As criações mais ousadas não estão no cardápio diário, mas são servidas a pedidos e em períodos específicos. A chef selecionou duas bem simples e fáceis de fazer, que vão fazer sucesso em casa, sendo uma entrada e um prato principal.
Para entrada ela escolheu um ceviche de língua bovina em vinagrete de pimenta biquinho. O prato principal é uma rabada, prato tradicional do Vale do Paraíba e uma das proteínas que chegou a ser rejeitada por alguns participantes do reality show, que depois se surpreenderam com o sabor.
"A rabada não é um prato que se come todos os dias porque é muito pesado. Então a gente costuma servir no inverno e harmoniza com vinhos fortes", explica.
Miúdos à moda hermana
O publicitário argentino Santiago Roig, 39 anos, cresceu em meio à tradição da terra natal de aproveitamento máximo da carne. Isso foi o que o levou a trocar as campanhas pelas panelas, há sete anos, e se dedicar a desossa de bovinos.
Desde então, ele trabalha com cortes específicos para churrasco, oferecidos no açougue ou como ingrediente de receitas da lanchonete e restaurante que é sócio, em Pinheiros, na capital paulista. Além disso, Roig mantém um canal no YouTube, com 2,85 mil inscritos, onde mostra um pouco da sua especialidade e ensina segredos de como trabalhar as carnes no fogo.
Na Argentina se consome bastante fígado, cérebro, rim, intestino, exatamente o que as pessoas aqui no Brasil têm aversão. Já fiz pulmão, focinho, todos esses cortes", conta.
O chef Santi, como é conhecido, escolheu duas receitas típicas da Argentina, feitas à base de estômago de boi (bucho), toucinho, pés de porco e linguiça, para ensinar aos leitores de Nossa, sendo um ensopado e uma dobradinha, o locro e mondongo, respectivamente.
"O locro é um ensopado servido em uma cumbuca de barro. É um prato específico para o inverno, quando fica muito frio na Argentina. Já o Mondongo é o que chamamos aqui de dobradinha, feita com o estômago do boi e feijão branco", explica.
O chef dá dicas para as receitas ficarem mais saborosas. "Os dois são simples de fazer e têm cozimento rápido. O ideal é uma panela de ferro, tipo cacerola. É uma comida de vó".
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