Autor do hino de Brotas, Daniel revela as belezas de sua terra natal
Carlos Minuano
Colaboração para Nossa
31/03/2021 04h00
De volta como um dos jurados do "The Voice+", o cantor Daniel há tempos ganhou no programa da TV Globo o apelido de príncipe de Brotas. A alcunha faz sentido. O artista esbanja gentileza e não esconde o amor pela cidade onde nasceu e vive até hoje.
O pequeno município a 240 quilômetros de São Paulo, localizado em meio à vegetação do Cerrado e da Mata Atlântica, é um dos principais circuitos de turismo de aventura e de natureza do país.
Em entrevista a Nossa, Daniel afirma que a Brotas da sua infância, na essência, é a mesma de hoje: "uma cidade pequena, do interior, onde todo mundo se conhece".
O contato com a natureza para mim sempre foi fundamental. Talvez por isso eu não tenha me desligado dessa terra até então, para morar em outro lugar"
Durante a infância, no sítio da família, ajudava o pai, José Sebastião Camillo, o Zé Camillo, a tirar leite da vaca. Teve o privilégio de aproveitar as épocas das frutas e comer direto do pé: jabuticaba, goiaba, abacate, manga.
Mas o passeio preferido mesmo, que fazia às vezes até escondido, era descer o rio de boia. "Era maravilhoso, uma aventura incrível, adrenalina".
E a boia era de caminhão mesmo, explica. "Não tinha a estrutura que se tem hoje", conta Daniel. A brincadeira — bem comum por lá — deu origem ao atual boia-cross, descida de corredeira em botes individuais.
"Comece pelo rapel nas cachoeiras"
Convidado pela reportagem, Daniel topou montar um roteiro com dicas do que fazer em Brotas quando pudermos voltar a viajar normalmente, mas fez uma advertência. "Sou suspeito para falar da minha terra, né?". Segundo ele, foi uma tarefa fácil e ao mesmo tempo difícil. "Eu gosto de tudo".
Para quem curte adrenalina, a primeira dica de Daniel é começar pelas cachoeiras, fazendo canionismo. Ou seja, desbravar as gargantas e canyons das cachoeiras utilizando as técnicas do rapel.
É fantástico, ter esse contato com a água, descer a cachoeira, depois fazer as trilhas"
"Um lugar marcante para mim foi a Cachoeira do Astor", relembra o cantor. Foi onde ele praticou o rapel pela primeira vez e é um dos primeiros locais de Brotas a se abrir para o turismo de aventura. "É incrível."
Para o circuito de cachoeiras e esportes de aventura, Daniel indica também a cachoeira Cassorova, localizada dentro de um ecoparque que tem o mesmo nome. É uma das mais indicadas para o rapel nas cachoeiras. Tem uma queda d'água de 60 metros de altura que desemboca em uma piscina natural.
Ele recomenda não ir embora sem encarar o rafting nas águas do rio Jacaré-Pepira, um dos mais limpos do estado. A prática é um carro-chefe do turismo em Brotas. Se restar tempo e energia, o cantor sugere ainda experimentar o arvorismo e a tirolesa.
Comida caseira, off road e cerveja da boa
Para encarar tanta aventura é preciso se alimentar bem. Um lugar especial para isso, segundo Daniel, é o hotel fazenda Primavera da Serra. "A comida caseira é maravilhosa, eu gosto demais". E quem quiser mais um pouco de adrenalina, encontra também. "O local tem uma trilha de jipe que é fantástica", avisa o cantor.
Para comer e beber, o difícil é escolher. "São muitos lugares fantásticos", avisa Daniel. Mas, arrisca listar alguns, no centro da pequena cidade. "Tem o Bar do Camillo, da Tia Laice, que é da família. Tem a sorveteria do lado, Bejupri, que é sensacional, do meu tio Pavão, já falecido. Tem também o Vicino, que eu adoro."
Se o clima for de romance, o endereço certo é o Brotas Zen. "É um lugar intimista pra caramba, onde já tive a honra de estar com a [esposa] Aline comemorando o Dia dos Namorados."
Para degustar uma boa cerveja e jogar conversa fora, também há muitas opções. "O Brotas Bar é maravilhoso e tem outro lugar excepcional, o Pub da Cervejaria Brotas Beer, premiada no Brasil e no exterior".
Brotas é muito mais do que um point de esportes radicais, diz Daniel. "É também para receber famílias, descansar de verdade, sentir a natureza mais próxima."
Para se hospedar, o cantor garante que Brotas dispõe de uma boa estrutura de pousadas e de hotéis. Mas a dica dele é o hotel fazenda Areia que Canta. "É um lugar muito especial".
O nome, não por acaso, é uma referência à nascente Areia que Canta, que desemboca numa pequena piscina natural, rodeada por uma abundante vegetação nativa, localizada dentro do hotel fazenda.
Cidade da amizade
Daniel diz que poderia passar o dia todo falando de sua terra natal. "Brotas é adrenalina, mas é também lugar de paz e de tranquilidade, de receber os amigos, de confraternização". Depois, define usando apenas duas palavras: é a cidade da amizade.
Entre uma história e outra, o cantor segue emendando dicas. "Outro lugar muito especial para se visitar é o Cine São José, que tive a honra de reformar e é um patrimônio da cidade".
Voltando algumas décadas no tempo, dá para entender melhor a importância de Brotas na vida de Daniel. Foi lá onde ele subiu em um palco e se apresentou ao público pela primeira vez, aos nove anos de idade.
"Se chamava show da praça, era um evento idealizado pelas pessoas da própria cidade e pelo irmão do João Paulo [parceiro, morto em 1997], o saudoso Francisco", relembra Daniel. "A gente reunia uma galerinha que gostava de cantar, eu era muito pequeno ainda, e aquilo marcou muito para mim."
Todo domingo o pai de Daniel, seu Zé Camillo, levava o filho para a praça central da cidade, para se apresentar. E a grande família de Brotas se reunia em peso para assistir o show.
Eles lotavam o espaço para nos assistir, isso vai ficar gravado para sempre na minha memória"
Hino à cidade natal
A ligação entre Daniel e Brotas é tão intensa que o cantor decidiu compor um hino à sua cidade natal. "Era uma vontade que eu tinha de prestar uma homenagem à minha terra."
A ideia era eternizar uma canção que contasse a história de Brotas. Mas, antes, ele foi pesquisar, saber se já havia algum hino. "Eu nunca tinha ouvido", diz. Segundo ele, algumas pessoas falavam que sim, outras que não.
Mas o fato é que não havia nenhum hino registrado. E isso abriu caminho para o artista compor um hino para a cidade.
Eu gosto demais. Sou suspeito para falar, mas fico muito feliz hoje de ver a criançada na escola cantando o hino de Brotas"
"Brotas me inspira", declara Daniel. "Eu diria que uma das grandes razões de eu cantar é a minha terra, a energia que vem dela, que é emanada dela".
Ela revela que uma canção, escolhida pelo pai, para gravarem juntos, "Meu Reino Encantado" (faixa título do terceiro álbum solo do cantor, gravado em 2000 pela Warner Music) é também uma homenagem a Brotas.
"Grande parte da letra fala da minha terra, apesar de não ser uma canção feita para ela". Para Daniel, não importa se o compositor não fez pensando na cidade. "É uma canção muito especial que a gente cantou, com certeza, inspirado em Brotas."