Casal invade locais abandonados e transforma ruínas em arte; veja imagens
Uma nova "tribo" está fazendo sucesso na Europa, especialmente em Lisboa. Trata-se dos chamados exploradores urbanos, jovens que dão 'vida nova' a construções em ruínas.
Em vez de buscar desafios na natureza, os exploradores urbanos se arriscam em estruturas erguidas pelos humanos. Geralmente exploram construções abandonadas e outros locais que a maioria das pessoas não costuma visitar.
Nossa conversou com Ivy e Athon, autores do projeto Yellow Jacket (jaquetas amarelas) e principais expoentes desta nova forma de lançar novos olhares sobre as cidades.
O casal se conheceu em explorações urbanas por Portugal. Há dois anos, a paixão comum por fotografar esses locais se transformou em romance. E o romance virou o projeto fotográfico.
Começamos por utilizar um casaco amarelo que pertencia ao pai do Athon, e gostamos do contraste que criava nos locais abandonados, tipicamente sombrios, tristes e sem vida. O amarelo dava-lhes, de certa forma, uma nova vida", explica Ivy.
O casal sentia, contudo, que registros ficavam incompletos e que seria "engraçado" terem dois casacos amarelos. Por ironia do destino, encontraram um outro casaco amarelo em uma de suas explorações.
Juntos, já percorreram Portugal de norte a sul, além de alguns outros países da Europa.
A maioria dos prédios visitados já não tem mais salvação e acaba por ruir. Os registros são uma forma de eternizá-los em fotografias criativas.
Eles já visitaram desde fábricas, centrais elétricas e minas, a prisões, palácios e centros comerciais. Entraram ainda em hospitais, cinemas, bibliotecas, laboratórios, igrejas, castelos e até parques aquáticos.
Descobrimos aldeias inteiras completamente abandonadas, e outras que para lá caminham, bem como imóveis históricos em ruas movimentadas de grandes centros urbanos", diz Athon.
O 'castelo da Disney' (foto abaixo) é um dos pontos mais cobiçados pelos exploradores urbanos em Portugal. Foi construído irregularmente por um magnata da informática, que faliu em 2008, e entregou o patrimônio aos bancos.
Ivy e Athon não revelam suas identidades. Julgam que assim mantém o foco na representação de sentimentos, e não nas suas individualidades. E fazem tudo isso em seu tempo livre, enquanto mantêm empregos tradicionais.
A exploração urbana é uma atividade que envolve riscos. Às vezes é preciso percorrer caminhos difíceis, escalar paredes, passar por aberturas extremamente pequenas. Além disso, enfrentam a falta de estabilidade das estruturas.
O casal garante que o risco compensa: "Vemos coisas que a maioria da população não tem acesso e conseguimos expressar-nos nelas", afirma Ivy.
Uma vez encontraram um baú e decidiram tirar uma foto só com o braço de fora (imagem abaixo). Athon já estava lá dentro, quando ouviram alguém nas escadas. Como não tinham feito a imagem, continuaram com a máquina montada no tripé por uns instantes mais — e fugiram ainda de casacos amarelos.
Os amarelinhos querem visitar locais abandonados pelo mundo inteiro. E não lhes faltam indicações. Pessoas que nem os conhecem pessoalmente indicam locais que renderiam boas imagens.
Há um mundo por descobrir, e estes lugares, que parecem saídos do nosso imaginário, fazem-nos viajar dentro deles e de nós próprios... Precisamos, cada vez mais, "fugir" ao ritmo frenético e, ao mesmo tempo, monótono que se vive na sociedade atual", diz Ivy
Os Yellow Jackets divulgam suas fotos no Instagram, nas contas da Ivy e do Athon, e vendem algumas delas. Além de correr o mundo atrás de "novas" construções velhas, têm planos de promover exposições em breve.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.