A paulistana Carol Moupa comemorou muito quando entrou na faculdade de arquitetura em Minas Gerais, embora, no fundo, seu coração batesse mais forte por moda. No meio do curso percebeu isso, mas seguia firme: seria arquiteta. Um dia, num assalto, perdeu o dinheiro que o pai enviava para ela pagar o aluguel.
"Fiquei desesperada pensando no que ia fazer para recuperar o dinheiro, não queria contar a ele. Aluguei o filme 'PS: eu te amo', que foi como a maçã de Newton e me mostrou que com coragem eu podia fazer alguma coisa por mim", lembra.
Apaixonada por brincos grandes, ela se incomodava com os modelos que encontrava, sempre pesados nas orelhas e barulhentos. Pensou então em usar sobras de papel com boas estampas e criar seus próprios brincos.
As amigas amaram a ideia. Em 10 dias as peças foram à rede social da época, o Orkut. "Vendemos tudo na faculdade e recuperei o dinheiro em dois dias. Foi um sucesso", lembra. Era 2008 quando Carol entendeu que nascia ali um negócio.
Vejo como é importante empreender com aquilo que você é de verdade. Fui fazendo contatos, vendia os brincos nos movimentos estudantis e depois desse primeiro momento, comecei a pagar minhas viagens aos congressos de estudante"
Em 2011, A Berenice Acessórios, batizada assim por ela, chegou à feira Babilônia Feira Hype, no Rio de Janeiro, considerada por ela uma cidade em potencial para seu sucesso. Ela estava certa.
"Era o começo da Farm no Rio, famosa por suas estamparias, e todos gostavam daquele estilo mais colorido. Um ano depois passei a enviar meu trabalho para alguns eventos. Num deles, uma figurinista pirou nas peças e incluiu meus produtos em uma série de TV". Outro ponto alto.
A fada Teresa Cristina
Desenhando para marcas da zona sul, Carol Moupa ganhava nome. Mas faltava alguma coisa. "Comecei a frequentar eventos do subúrbio e não tinha ninguém com meus brincos lá", conta.
As pessoas que eram parecidas comigo não usavam minhas peças. Isso me incomodou. Passei a vender nesses lugares"
Um dia, a cantora Teresa Cristina viu seu trabalho no Samba do Trabalhador e começou a seguir Carol no instagram @abereniceacessorios. A Berenice compôs o figurino de Teresa na vida e participou de seu visual nas lives da pandemia. "Ela foi fundamental ao sucesso que tivemos".
Não só ela, como outras famosas usaram seus brincos em cenas importantíssimas na TV. Mas Carol não se deslumbra com isso. Jamais tirou a manualidade de cena e faz questão de que seu processo seja pensado e produzido por mãos pretas. "Já fomos em seis pessoas na produção. Hoje eu e uma amiga fazemos as tramas", diz.
Materiais? Todos
Se no passado o papel era a base de suas coleções, com o tempo a produção incluiu adesivagem plotada em vinil e até chapa de Raio-X, afinal, no Rio, as clientes queriam mergulhar no mar com os brincos. Atualmente, pedras naturais, vitrilhos e muranos se misturam livremente.
Minhas peças falam sobre um mundo de cores, africanidade, manualidade"
Carol Moupa não acredita em inspiração, mas em colocar as mãos em jogo, como o passado lhe mostrou. "Meu processo criativo é todo dia", diz ela, que por dia cria cerca de três acessórios autorais. Manter essa autenticidade e acreditar que vai dar certo são os segredos que a vida ensinou, e não a faculdade.
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