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Para que serve a "mesinha" da pizza delivery? Não por acaso virou item raro

Pizza de delivery: mesinha ao centro - Creative Commons
Pizza de delivery: mesinha ao centro Imagem: Creative Commons

De Nossa

07/04/2021 04h00

Imagine uma pizza saindo do calor de 300 graus de um forno a lenha e indo direto para uma embalagem de papelão. O vapor que emana do queijo derretido umedece o material que, por sua vez, amolece e cai sobre a pizza.

Após viajar até o endereço de destino na bag do motoboy, a refeição chega ao endereço do cliente. Ao abrir a caixa, ele vê todo o queijo grudado na tampa da embalagem. É para que cenas como essa não se repitam que a "mesinha" de pizza foi criada — com direito a lucro milionário para os inventores que patentearam a ideia (veja abaixo).

O uso do utensílio faz ainda mais sentido em estabelecimentos que entregam pedidos aos montes. Ao colocar uma caixa em cima da outra na moto, a pressão sobre a embalagem é maior e as chances do estrago acontecer também.

Mesinha da pizza - Divulgação - Divulgação
Mesinha da pizza
Imagem: Divulgação

Jeremias Pereira, sócio da pizzaria Veridiana, que completou 20 anos de existência, em São Paulo, conta que as mesinhas foram muito populares no tempo em que o pedido do delivery era feito só por telefone ou em contato direto com as pizzarias.

Conforme a modalidade de negócio foi se desenvolvendo, no entanto, donos, como ele, passaram a repensar formas de entregar o produto e a investir em embalagens melhores.

A mesinha era um suporte para que a parte de cima da caixa da pizza não encostasse no recheio. Usávamos no início, mas depois a gente desenvolveu uma embalagem mais firme que dispensa esse recurso".

Outros "truques" ajudaram nessa substituição. O papel sanfonado na parte inferior e interior da caixa, por exemplo, ajuda a segurar a umidade dos recheios mais "molhados". Já os buraquinhos na embalagem dão espaço para o vapor sair e a evitam que a massa fique com textura de borracha.

Jeremias ainda investiu numa tinta impermeável, que não absorve o calor, e instalou espécies de prateleiras nas bags dos seus entregadores para não deixar uma pizza diretamente sobre a outra.

Apesar das alternativas, ainda há algumas pizzarias que até hoje usam as mesinhas plásticas. Porém, com a evolução das embalagens no geral, com estrutura firme e tampas resistentes a ponto de não cair e grudar no queijo, elas estão se transformando em um item cada vez mais raro nas entregas de delivery.

Ideia antiga

Patente de Vitale: sucesso nos EUA - Reprodução - Reprodução
Patente de Vitale: sucesso nos EUA
Imagem: Reprodução

Feito de plástico, o chamado "guarda-pizza" teve a primeira patente registrada em 1974, por Claudio Daniel Troglia, na Argentina. Onze anos mais tarde, Carmela Vitale, em Nova Iorque, obteve patente de um utensílio parecido.

A mesinha de Vitale, capaz de aguentar até 260 graus, se tornou padrão nos EUA. Em matéria realizada em 2016, a publicação especializada Eater estimou que uma fábrica do tipo apresentaria um faturamento de 8 milhões de dólares por ano.

A partir de 1993, no entanto, a família não renovou a patente. Desde então, o design foi reproduzido com pequenas variações por dezenas de empresas.

Ícone como inspiração

Projeto da IKEA com a Pizza Hut, em Hong Kong - Divulgação - Divulgação
Projeto da IKEA com a Pizza Hut, em Hong Kong
Imagem: Divulgação

A similaridade do protetor de pizza com uma mesa de verdade fez a Boston Pizza fazer uma campanha promocional no Canadá. Em 2018, eles completaram o "cenário" com cadeiras de plástico em miniaturas.

Em março de 2020, a Pizza Hut de Hong Kong e a loja de móveis IKEA lançaram em conjunto uma mesa projetada para se parecer com um protetor. Na entrega, o móvel seria embalado numa caixa similar à de pizza.