A bordo de motorhome, casal cria filha pequena nas estradas da Europa
No começo de 2020, a brasileira Carolina Fernandes (@projetoviravolta), de 41 anos, e o francês Alexis Radoux (@alexis_ola_brasil), também 41, realizaram uma mudança radical de vida. Casados e com uma filha pequena chamada Amelie, eles largaram sua casa em São Paulo, venderam e doaram grande parte de seus pertences e iriam começar a adotar uma autêntica existência nômade.
"A ideia era viajar pelo Brasil de carro durante um ano e, depois, comprar um motorhome para viajar na Europa", conta Carolina.
A chegada da pandemia, porém, impediu que o plano se concretizasse: eles cancelaram a jornada pelo território brasileiro e, durante três meses, se isolaram em uma propriedade rural no interior paulista.
O objetivo de viver em movimento, contudo, não morreu: após este tempo no campo, a família se mudou para a Europa com seus passaportes europeus e, lá, com economias de sete anos de trabalho e planejamento financeiro, adquiriu seu sonhado motorhome e caiu na estrada.
"Vimos que a onda do coronavírus não iria passar tão cedo no Brasil. E, mesmo de carro, achamos que não seria seguro viajar no país", diz Carolina.
Também víamos o euro subindo cada vez mais. Se esperássemos muito para comprar o motorhome lá fora, iríamos gastar muito mais dinheiro. Foi por isso que decidimos ir para a Europa ainda no ano passado".
Em junho, eles desembarcaram na França e, em agosto, começaram seu percurso pelo Velho Continente, sempre evitando grandes cidades e outros locais propensos a aglomerações.
E o motorhome, que tem duas camas, cozinha, sala, banheiro com chuveiro, aquecedor e espaço para comer e trabalhar, realmente se transformou no lar dos três viajantes.
"Aqui, temos tudo o que precisamos. É um espaço aconchegante", afirma a brasileira. "Achamos que o motorhome seria uma forma segura para viver na estrada. Ele é a nossa casa. Com ele, a gente pode evitar contato com outras pessoas e consegue se adequar às regras de segurança sanitária de cada local visitado. Se precisar ficar parado e isolado, a gente fica, pois estamos em casa".
Criação na estrada
A viagem, logicamente, está proporcionando lindas experiências turísticas para a família.
Eles já exploraram, por exemplo, a região francesa da Dordonha, as praias do sul da Espanha e o interior de Portugal.
E toda a jornada está sendo uma verdadeira escola para Amelie, que tem quatro anos.
"Após todos estes meses de viagem, me encanta ver quanta coisa ela está aprendendo nesta vida em movimento. Tudo o que ela aprende aqui é com a própria experiência. Não foi alguém que contou. Foram seus olhos que presenciaram, suas mãos que tocaram e seus ouvidos que escutaram", relata Carolina.
"Ela evoluiu no francês e já aprendeu sobre dinossauros, vulcões, insetos, flores, árvores, frutas, mudança de estações e grutas".
O casal, por exemplo, levou a filha para conhecer castelos na França e para explorar diferentes paisagens naturais, passando por montanhas, cavernas, bosques, praias desertas e até vulcões.
E ela está desenvolvendo muito sua capacidade de adaptação, pois a toda hora mudam as pessoas, as culturas e as paisagens ao nosso redor. São aprendizados fundamentais para a vida", avalia a mãe.
Na hora das refeições, a família gosta de estacionar em áreas de natureza, tirar uma mesa e cadeiras de dentro do motorhome e comer ao ar livre rodeada por cenários de cartão-postal.
E, na hora de dormir, eles têm usado tanto espaços formais de camping que existem na Europa quanto locais selvagens sem nenhuma estrutura (e onde há autorização para estacionar este tipo de veículo).
Mas realizar uma viagem assim com criança também impõe desafios: "a gente nunca gosta de dirigir mais de três horas por dia, pois fica cansativo para a Amelie", conta Carolina.
A brasileira também diz que "temos que entender que a viagem precisa respeitar a rotina da criança, com ela fazendo as refeições nos horários corretos e tendo boas noites de sono. Se isso não acontece, a criança fica mal-humorada e a viagem vira um estresse. E a convivência 24 horas por dia, sete dias por semana, também pode ser um desafio. Todo mundo precisa de um respiro".
Carolina diz que, frequentemente, reveza com Alexis para cuidar de Amelie. Enquanto isso, o outro tira um tempo para fazer atividades solitárias, como ler um livro e fazer um passeio sozinho.
Atolados na praia
Até o momento, a viagem não foi marcada por grandes perrengues. Mas certa vez, em uma praia da Espanha, o motorhome atolou em uma estrada de areia.
"A gente levou quase três horas para desatolar. A Amelie ajudou a tirar as pedrinhas [que estavam em volta das rodas] e diversas pessoas apareceram para nos ajudar a empurrar o veículo. Foi uma tarefa divertida".
Já durante um lockdown instituído em Portugal, a família saiu do motorhome e ficou isolada durante quase dois meses na casa de familiares que vivem no país.
Entre os lugares que os três viajantes mais gostaram de visitar estão a região francesa da Dordonha. "É um lugar com cidadezinhas medievais de tirar o fôlego. Parece que você voltou no tempo", descreve Carolina.
"Outro lugar que gostei muito foi La Camargue, também na França, um local conhecido por seus cavalos brancos nos campos e onde há uma quantidade de flamingos gigantesca.
E também adoramos visitar o Deserto de Tabernas, na Espanha. Dormimos de cara para as montanhas do local. Foi lindo".
A viagem não tem data para terminar. Carolina e Alexis têm trabalhos que podem ser feitos remotamente e, entre os próximos lugares que querem percorrer com o motorhome, estão os países nórdicos e o Leste Europeu.
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