"Usar o blusão de tricô da minha avó é a maior lembrança de seu abraço"
Minha avó tinha Alzheimer, então não pude aproveitar muito os momentos com ela. A gente costumava ver televisão juntas e, quase sempre que conversávamos, ela falava sobre o passado. Mesmo ela sendo mais reservada e com um sotaque italiano bem forte, essas conversas me ajudaram a conhecer mais da minha família.
Já no fim da vida, lembro que ela gostava muito de usar esse blusão de tricô, feito à mão especialmente para ela. Ela tem um shape soltinho e uma mistura de três tons pastel, que eu adoro. Além de ser super confortável.
Minha avó faleceu há seis anos e eu herdei o casaco. Não sei se ela me reconhecia ou se ainda se lembrava de mim quando faleceu, mas eu ainda me lembro dela toda vez que uso essa peça. É como se eu estivesse recebendo um abraço da minha avó, até o calor é parecido.
Mesmo sendo mais despojado — ele faz eu pensar nos almoços de família aos domingos, dos dias frios em Curitiba quando todo mundo dividia uma cobertinha no sofá —as melhores lembranças que tenho são de usar o blusão no trabalho. Ele me encorajava, especialmente em reuniões importantes.
No dia a dia, gosto de combinar o blusão com peças mais pesadas, para quebrar um pouco mais a meiguice da cor e do tecido. Como trabalho com moda, também gosto de ter no meu próprio armário uma peça tão carregada de significados. Uma prova viva de que roupas não são apenas tecidos!
Pretendo continuar usando esse blusão por muito tempo e, se ainda estiver em boas condições, passar para gerações futuras da minha família. Será uma forma de preservar a memória da minha avó e de passar adiante um pouco do aconchego que ela me proporcionou.
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