Tratamento com células-tronco em pets pode dar nova vida ao animal
Acostumada a caminhadas diárias, a golden retriever Lola tinha 6 anos quando passou a recusar passeios. Pouco tempo depois, sequer tinha ânimo para se levantar. Os exames apontaram displasia (alteração séria nas articulações) nos dois cotovelos, o que, sem tratamento, a faria parar de andar para sempre.
"Tínhamos duas opções: cirurgia ou o tratamento com células-tronco. Optamos pelo tratamento, por ser menos invasivo, uma vez que é feito com injeções", conta a empresária Mary Sara Mizrahi Berl, tutora da cachorra.
Em duas semanas, após algumas aplicações, Lola remoçou. Parou de mancar e nunca mais recusou um passeio. "Depois de um mês foi como se nunca tivesse passado pelo problema", comemora. Lola hoje está com 10 anos.
Entenda o procedimento
Células-tronco são aquelas capazes de se reproduzir e gerar células novas. Tecidos e órgãos podem se regenerar quando recebem o tratamento.
Na medicina veterinária, o procedimento é feito com células retiradas de tecidos de cachorros, como do adiposo ou de cordão umbilical. Durante a castração, por exemplo, dá para retirar células do útero da cadela, sem prejuízo nenhum ao animal, e reproduzi-las inúmeras vezes em laboratório.
De acordo com a veterinária Carla Alice Berl, fundadora da rede de hospitais veterinários Pet Care, o tratamento tem bons resultados para gatos e cachorros com osteoartrites, lesões ortopédicas, grandes feridas na pele, entre outros problemas. Em alguns casos, também pode ser feito para insuficiência renal.
"Nas osteoartrites, a maneira correta é aplicação intra-articular com animal sedado (anestesiado) realizado com agulha guiada por ultrassom. Nas feridas, a aplicação é local, sem sedação e indolor. Em outros casos, fazemos intravenosa muito lentamente, para não causar dor no pet", explica a especialista.
Nem simples, nem barato
Com 8 anos, a labradora Tulipa já se tratou duas vezes com células-tronco. A primeira foi por uma artrite, que apareceu aos 5 anos. A segunda, após uma cirurgia que não cicatrizava.
"Foi uma cirurgia simples, de um lipoma (bola de gordura), na coxa. Mas como o local se movimenta demais, os pontos não fechavam. Ela teve que operar de novo por causa da ferida aberta, e, mesmo assim, não resolveu. Só depois de aplicar o gel com células- tronco que fechou", explica a bióloga Regina Bicudo, tutora da labradora.
Para o tratamento de artrite, a cachorra precisou tomar anestesia geral. Já na segunda vez, para a ferida, foi feita a aplicação de uma pomada feita com material de laboratório.
Não é um procedimento barato, tampouco simples. Mas se considerar a qualidade de vida que o animal terá e o custo de medicamentos mensais que teria a vida toda com artrite, que não é pouco, com certeza compensa.
Somadas consultas, exames obrigatórios e anestesia, se necessária, o valor do tratamento passa dos R$ 5 mil.
Cuidado: células pelo correio
O material para esse tratamento é delicado e, diferentemente do que se vê por aí, não pode ser manuseado de qualquer jeito.
"Tem que saber tirar do tecido, ter controle rígido de qualidade, com o congelamento em nitrogênio líquido. Na hora de descongelar, se não tiver cuidado, as células morrem. Não dá para enviar pelo correio e aplicar em casa. Isso é enganação", conta a bióloga Natassia Vieira, especialista no tratamento.
Ela aconselha que o centro veterinário deve ser muito confiável para fazer esse tratamento. Melhor ainda quando se tem laboratório próprio, mas se for transportar, tem que ser em transportadora de material biológico.
"Mandamos células-tronco de São Paulo para ajudar as onças com queimaduras no Pantanal. Deu tudo certo, mas a logística foi muito controlada e delicada", acrescenta.
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