Roupa mantém viva história de pai que foi da tropa de paz no Egito, em 1963
Maria de Lourdes (Udi) Zanettini Martins
Sou apaixonada por roupas desde criança, especialmente as antigas, como via em filmes e teatro. Quando menina, fazia crochê, bordava e customizava minhas roupas, então foi muito natural começar a "atacar" o guarda-roupa da minha mãe durante a adolescência em busca de relíquias. E ela tinha muitas!
As minhas favoritas são provavelmente as que meu pai trouxe para ela de presente quando morou um ano no Egito. Ele foi pracinha pela ONU de 1963 a 1964, serviu com as tropas de paz no Canal de Suez, quando eu tinha só três anos.
Não me lembro do período, claro, mas as histórias dele seguem vivas nas roupas de minha mãe. Uma delas era um tailleur bordô pelo qual me apaixonei".
Eu o vi pela primeira vez quando tinha 5 ou 6 anos e me encantei pela elegância que dava à minha mãe. Passei anos pedindo a ela, até que finalmente ganhei de presente quando fiz 18 anos. Para ficar mais moderninho, encurtei a saia. Usei tanto, que acabou estragando, mas o casaco continua intacto.
Ele é de uma malha com mistura sintética, de mangas compridas, bem tradicional, e detalhes em preto. Os botões são originais ainda, gosto da cor rosada que eles têm. É incrível como meu pai acertou tanto o tamanho da minha mãe, quanto o meu muitos anos depois: ele fica perfeito no corpo. Com ele, me sinto elegante e confortável ao mesmo tempo, além de especial: sei que provavelmente sou uma das únicas pessoas no mundo com ela.
Uma das lembranças que envolvem esse casaco é de minha mãe vestida com o tailleur completo em uma festa de Natal. Para mim, é uma das maiores referências de sofisticação e elegância até hoje!
Atualmente, sigo usando o casaco em diferentes combinações, das mais despojadas às sofisticadas. Quando me vê com ele, minha mãe diz que se lembra dos bons momentos e de como ele a fazia se sentir bonita, mas agora fica muito feliz em ver que eu também fico linda com ele. Ela se surpreende com o fato de que, apesar de tantos anos, a peça continua em perfeito estado e nunca sai de moda.
Espero continuar usando muito e, quando chegar a vez de passar adiante, outra mulher da minha família possa usá-lo também e dar continuidade às nossas memórias.
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