Bicho de pé em animais existe e pode gerar quadro grave. Saiba como evitar
Uma pequena pulga de nome curioso, Tunga penetrans, pode causar muitos problemas para os pets e mais ainda para os tutores. É que a tungíase, mais conhecida como bicho de pé, além de provocar dores, prostração, perda de peso, problemas de mobilidade e até alterações comportamentais nos bichinhos, também pode contaminar os humanos.
Com 1 mm de comprimento, a pulguinha é poderosa. Enquanto desenvolve seus ovos, a fêmea grávida invade o organismo de animais e humanos para se nutrir de sangue.
"É uma doença parasitária causada pela penetração da pulga na pele de seu hospedeiro. Tanto os machos quanto as fêmeas são hematófagos (alimentam-se de sangue), mas somente a fêmea, após ser fecundada, penetra na pele, onde se iniciará o processo de amadurecimento de seus ovos, eliminando-os no meio ambiente", explica a veterinária Khadine Kazue Kanayama, do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
Apesar de cães, gatos e roedores serem hospedeiros importantes, o cão é considerado o principal em comunidades endêmicas. "Há uma variedade de mamíferos, incluindo animais domésticos, considerados hospedeiros, desempenhando um papel fundamental na dinâmica de transmissão", afirma Khadine.
De acordo com ela, o bicho de pé em animais frequentemente ocorre junto com o de humanos, mas a forma animal é extremamente negligenciada apesar de sua importância para a saúde pública e animal.
Como diagnosticar
Para saber se o pet está com o bicho de pé, é necessário que seja avaliado por um veterinário. Porém, o tutor pode ficar atento a alguns sinais mais característicos ao problema como lambidas excessivas aos locais afetados e desobediência a comandos.
Outros sintomas podem estar presentes como dor, claudicação, edema local, mobilidade limitada, prostração e perda de peso", indica a veterinária.
Qualquer parte do corpo do pet que fique exposta ao parasita poderá ser atingida, mas normalmente as que ficam próximas do solo são as mais afetadas, como coxins (as almofadinhas das patinhas), região periungueal (laterais das unhas), região interdigital, cauda e testículos, além do focinho.
A recomendação dos especialistas é que o tutor nunca deva tentar remover sozinho o parasita do animal infestado nem manipular as lesões ou aplicar produtos sem orientação técnica.
Nos humanos, a permanência da tal pulguinha dentro da pele provoca coceira, infecções e inchaços dolorosos. Se não for retirada e o local, esterilizado, pode ter consequências perigosas, como inflamações mais graves, úlceras, tétano ou gangrenas.
Como prevenir
Evitar o contato com areias de construção e grama de procedência desconhecida, assim como de praias infectadas é recomendado tanto para animais, quanto para humanos.
Outra indicação é que os animais sejam examinados regularmente por veterinários para que as infestações sejam evitadas.
"O cão que não receber o tratamento adequado e não tiver restrição aos ambientes contaminados, permanecerá infectado, com perpetuação das manifestações clínicas."
As altas intensidades de infecção causam morbidade animal significativa que é frequentemente exacerbada por escoriações e infecções bacterianas secundárias que são potencialmente fatais", lembra.
Bicho geográfico também é ameaça
Por não conhecer ao certo as diferenças, há quem confunda bicho de pé com bicho geográfico. De acordo com a veterinária Juli Di Segni, da SPet junto à Cobasi Augusta, o bicho geográfico é provocado por um verme — Ancylostoma caninum —, muito comum em regiões tropicais, que pode parasitar o intestino dos animais.
"O animal com ancilostomíase defeca na areia, elimina ovos do parasita nas fezes, que se transformam em larvas. As pessoas e os cães em contato com essas larvas ou com as fezes contaminadas, podem contrair a doença", conta.
A patologista clínica Fernanda Ishii explica que quando a pessoa tem um ferimento na pele, essa larva penetra causando uma reação inflamatória. "É quando conseguimos observar aqueles caminhos na pele das pessoas", disse.
Nos animais, cães ou gatos, o problema pode gerar anemias e até queda de pelos e úlceras intestinais nos casos mais agudos. A recomendação de Fernanda é que os tutores evitem expor os animais a gramados onde outros animais defecaram, pois podem representar a potencial presença do parasita.
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