Várias doses de história: 7 museus nada óbvios e dedicados a bebidas
Cansado de visitar vinícolas e encarar modorrentos passeios para conhecer a produção e só ter uma degustação no final? Já visitou destilarias, caminhou por parreirais, viu alambiques em funcionamento e acha que cansou, que gostaria de passeios alcoólicos diferentes?
Existem museus dedicados a diversas bebidas que são tudo menos sem graça. Suntuosos ou modernos, interativos ou históricos, eles se destacam por oferecer novas experiências para amantes do vinho ou da vodca (ou dos dois).
Muitas dessas instituições estão fechadas no momento, por causa da pandemia. Mas elas oferecem visitas virtuais. Então separe aquela garrafa e se prepare para anotar alguns nomes a mais na sua lista de lugares para visitar "quando tudo isso acabar".
Destilaria de George Washington
Mount Vernon, Virgínia, EUA
O primeiro presidente dos Estados Unidos adorava vinhos fortificados, como Madeira e Porto. Mas também era chegado em bebidas mais potentes. Em 1797, após cumprir seu mandato, ele foi convencido pelo administrador de sua fazenda, um escocês, a investir em uísque.
Dois anos depois, a destilaria fazia mais de 40 mil litros de bebida por ano, o que fazia dela uma das maiores produtoras do país. A fórmula do uísque mais comum era à base de centeio (60%), milho (35%) e malte de cevada (5%). Ele não era engarrafado, não tinha rótulo e não era envelhecido — o que era o mais comum na época. Também era comum o uso de mão de obra escravizada, e Washington não era exceção: seis homens trabalhavam na produção.
Naquele mesmo 1799, Washington morreu. Em 1814, o prédio foi destruído em um incêndio. Em 2007, a George Washington Distillery foi reconstruída, fiel aos detalhes, e retomou as atividades no alambique. É uma das atrações de George Washington's Mount Vernon, a fazenda do homem preservada e transformada em museu. A destilaria só fica aberta entre abril e outubro, mas a mansão, os jardins e outras atrações permanecem abertos o ano todo. Fica a apenas 24 quilômetros de Washington.
Mais informações: https://www.mountvernon.org/
Museu dos Destilados
Estocolmo, Suécia
O Spritmuseum (ou "museu dos destilados") fica em uma marina do século 18, em uma ilha da capital sueca. Dedicado à arte e à cultura do álcool no país, ele é ligado à Absolut, então os fãs da marca podem passear pela coleção de rótulos lançados pela vodca ao longo dos anos. Além disso, tem um bar e um restaurante elogiados.
A mostra principal é um passeio pela turbulenta relação do país com o álcool (há um rígido controle governamental e o movimento anti-álcool é historicamente forte na Suécia). Por meio de experiências sensoriais, com aromas, sabores e músicas que emulam tanto os prazeres de uma taça de vinho em um parque como o gosto de vassoura na boca de uma ressaca daquelas. Tem até um filme em primeira pessoa que simula os efeitos dos primeiros drinques, quando se começa a ficar "altinho".
Mais informações: https://spritmuseum.se/en/
Museu Internacional do Vinho
Kinsale, Irlanda
O Castelo Desmond é uma torre medieval, considerada um monumento nacional da Irlanda. Serviu de prisão de navegadores americanos durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos, mas é mais conhecido como Prisão Francesa, porque foi nele que, em 1747, 54 prisioneiros, a maioria franceses, morreram tragicamente em um incêndio.
Desde 1997, o castelo assumiu uma missão mais iluminada, ao abrigar o Museu Internacional do Vinho. Mas por que a Irlanda, terra cervejeira que só, tem um museu dedicado ao vinho? Porque ao longo da primeira metade do século 18 soldados irlandeses emigraram para o sul da Europa e se estabeleceram como exportadores dessa bebida.
Dezesseis portos na Irlanda se especializaram em importar vinho. O mais importante deles era o de Kinsale, onde fica o museu, que se dedica a contar a história desses homens que deixaram seu país e abraçaram algo totalmente novo para eles, a vitivinicultura, na França e na Espanha e, mais tarde, na Austrália e na Califórnia.
Mansão do Absinto
Môtiers, Suíça
Dedicado a uma das bebidas mais intrigantes e polêmicas da história, o museu pega carona na forte identidade visual de tudo ligado ao absinto, de ilustrações da Artemisia absinthum (a planta base da bebida) aos cartazes pedindo sua proibição. Tudo naquela atmosfera dos cafés europeus do século 19, quando a "fada verde" conquistou artistas como Manet, Degas e, especialmente, Toulouse-Lautrec. Mas, apesar dessa aura afrancesada (criada justamente por esses artistas), o absinto nasceu na Suíça, no cantão de Neuchâtel, onde fica Môtiers.
Além disso, em 2005 o governo derrubou o banimento, que já durava quase um século. Desde então, o país vem experimentando um renascimento do absinto. E, sim, o museu tem um bar dedicado à bebida.
Mais informações: https://www.maison-absinthe.ch/
Museu do Genever
Hasselt, Bélgica
Genever (ou jenever, genebra ou genièvre) é um destilado de cereais feito com zimbro. "Zimbro", onde você ouviu isso antes? Sim, a mesma planta usada no gim. O gim, aliás, nasceu da influência direta que os holandeses exerciam na Inglaterra do século 18 por meio do rei Guilherme III, holandês que se casou com a rainha Maria II. O genever, hoje uma bebida um tanto exótica e esquecida fora dos Países Baixos e da Bélgica, onde já existia há 500 anos, é o pai do destilado mais modinha dos últimos tempos.
Hoje, há diferenças técnicas entre as bebidas. O álcool-base do gim pode ser de qualquer coisa (inclusive cana-de-açúcar, como algumas marcas brasileiras fazem). Já o genever é feito a partir da destilação de grãos como centeio, malte de cevada ou milho. Grosso modo, o gim está mais para a vodca. O genever, mais para o uísque. Mas, lá atrás, era a mesma bebida. O termo "gim" inclusive vem do original holandês.
Então, uma visita ao Jenevermuseum é um mergulho histórico mais profundo do que nos outros museus desta lista. São milhares de copos, garrafas, cerâmicas, pôsteres, rótulos e, tcharam, uma destilaria do século 19 em pleno funcionamento. Além disso, o museu tem shows e abre os braços para assuntos não ligados, mas adoráveis mesmo assim. Como uma mostra sobre fliperamas.
Mais informações: https://www.jenevermuseum.be/nl
Museu da Vodca Polonesa
Varsóvia, Polônia
Oferece uma experiência imersiva na história do destilado mais popular do planeta, que surgiu na Polônia - pelo menos segundo os poloneses. Para narrar séculos de história, os painéis interativos formam um belo contraste com o prédio onde o museu está instalado, uma antiga destilaria no centro histórico da capital.
É possível experimentar diferentes tipos de vodca, de centeio, trigo ou batata. Ainda há cursos de coquetelaria e um bar secreto que oferece outras bebidas além de vodca. Além disso, o museu é uma das atrações mais populares de Varsóvia, segundo o Trip Advisor.
Mais informações: https://muzeumpolskiejwodki.pl/
Cidade do Vinho
Bordeaux, França
Um ousado projeto de 81 milhões de euros, inaugurado pelo então presidente da França, François Hollande, em 2014, o Cité du Vin é um sofisticado museu, moderno e interativo, instalado às margens do rio Garona, em Bordeaux, cidade há séculos acostumada em ser sinônimo de vinho. Há exposições dedicadas a explorar as experiências sensoriais ligadas à bebida, além de restaurante, bar e loja.
O museu também explora o inestimável impacto cultural do vinho ao longo de milhares de anos de história. Artes e religiões têm áreas dedicadas. A saga de Bordeaux, cidade que começou a produzir vinho com a invasão romana da Gália, no século 1 d.C., também mereceu destaque nos salões do museu. Além das mostras, o prédio em si vale a visita. Destaque para o mirante, cujo teto tem cerca de 3,8 mil garrafas penduradas.
Mais informações: https://www.laciteduvin.com/fr
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