Casal se muda para veleiro e cruza o Mediterrâneo com cachorras a bordo
O casal de brasileiros Isabela Almeida e Sandro Masselli (@viverporaremar) resolveu largar a rotina de trabalho "convencional" por um sabático em 2016. Com a meta de sair da zona de conforto, passaram um ano e meio viajando por alguns lugares da Ásia e África.
Depois desse período, eles voltaram ao Brasil e viram que não seria mais possível ter a vida que levavam antes. Foi aí que decidiram embarcar para a Europa e viajar a bordo de um veleiro. "Eu já tinha tido a experiência de morar em um veleiro com o meu amigo e não seria tão difícil. Começamos a conversar e nos mudamos", conta o ex-advogado.
Na época, o barco custou aproximadamente 85 mil euros (aproximadamente R$ 564 mil) e permitiu que eles fizessem grandes travessias e com muito conforto. "Juntamos as economia e investimos nesse barco. Hoje com a cotação do euro, não seria possível comprar metade dele", diz a viajante.
E, para surpresa, a ideia de viajar dentro da embarcação virou plano de vida e a residência do casal, como relata Isabela.
Hoje nossa base é o barco e moramos nele. A vida em alto mar pode ser bem mais barata do que morar em um local físico, por exemplo."
Cachorras marujas
Para quem acha que viver dentro de um barco é algo sem rotina, está muito enganado. Isabela conta que hoje eles tentam, sim, ter uma uma vida normal como qualquer outra. Isso inclui hora para trabalhar, passear, descansar, entre outros.
Desde 2019, ano em que compraram o veleiro, algumas coisas mudaram. O casal se divide em diversos afazeres e também nos cuidados com as duas cachorras. Uma delas, inclusive, foi adotada na Espanha.
Já tínhamos uma labradora no Brasil, que nunca pensamos em deixar. Mas como ela estava ficando mais velhinha, adotamos uma nova na Espanha. É super possível", conta.
Além disso, Sandro e Isabela também descobriram uma nova profissão. Hoje, os dois produzem conteúdos para as redes sociais, e o dia a dia no barco e as viagens viraram o principal trabalho do casal.
No mar, mas com água controlada
Ter uma vida em alto mar requer muita paciência e atenção em algumas partes. Como sempre ficam atracados em diversos lugares que passam, quase não têm problemas ou imprevistos. "É como se nossa casa estivesse sempre em cima da água", diz.
Por isso, é preciso ter mudanças nos hábitos caso queira seguir esse estilo de vida. Hoje, eles vivem com 550 litros de água por mês. "Eu entro no banho, passo sabão e desligo o chuveiro. Depois ligo de novo. Às vezes quando vem hóspedes em 'casa', a gente nem deixa lavar a louça porque já sabemos o quanto de água podemos usar."
A energia acontece muitas vezes por meio de placas solares e eles também contam com uma turbina eólica. E a internet? Isabela explica que sempre que chegam em uma cidade nova, compram um chip de celular e, em alguns lugares, também fazem uso de satélite. Sem contar a rotina de checar todos os dias a previsão do tempo.
Nem tudo é "instagramável"
As viagens não são sempre tranquilas e Isabela conta que uma vez eles quase bateram contra um paredão de pedra em Menorca, na Espanha, por não perceberem que a âncora tinha se soltado. "O vento nos levou e um casal de amigos começou a gritar. Foi um sufoco na hora", relembra a ex-comissária de bordo.
Sandro, por sua vez, reforça que ser um nômade digital em alto-mar não é garantia de dinheiro na conta.
Vendem na internet como se fosse algo fácil ou até mágico, mas não é bem assim. Hoje trabalhamos para a gente, mas tudo requer dinheiro e precisa de um preparo", conta.
Ambos concordam que para tentar uma vida em um veleiro ou no estilo nômade é necessário cuidados básicos como: reserva financeira, estar aberto a novas oportunidades e mudanças, além de estudar um pouco sobre como manusear e manter um barco.
Agora, por causa da pandemia, eles estão na Itália e pretendem chegar até a Sardenha. E as metas não são só ficar no continente europeu, já que o casal quer chegar até a Polinésia Francesa e passar 12 meses no Caribe.
Os planos futuros também incluem receber viajantes e turistas para uma experiência na casa deles em alto mar. "Pensamos em uma semana ou até um dia. Estamos estudando a ideia, depois que tudo isso passar", concluem.
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