Veterinário em casa: serviço tem vantagens, mas não é para todos os casos
Passar horas na sala de espera de um consultório já é estressante para os humanos. Para os animais essa experiência é mais complicada porque envolve outros fatores desconfortantes, que vão desde o transporte, mudança de ambiente, até a presença de outros animais.
Por isso, muitos tutores optam pelo atendimento em casa para dar mais conforto aos seus pets e diminuir o trauma da consulta. Mas como todo o serviço, esse também tem prós e contras. Nossa consultou especialistas para esclarecer quais são.
Apesar de parecer recente, ele não é novidade, mas começou a ganhar mais adeptos a partir da pandemia do coronavírus. "Na verdade esse tipo de atendimento sempre existiu, só foi se aprimorando. Não temos uma estatística nacional, mas aqui em Brasília, por exemplo, podemos dizer que esse aumento foi de pelo menos 20%", avalia a vice-presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, Andrea Carneiro.
Por segurança contra o vírus ou mesmo por comodidade, o serviço vem caindo no gosto dos tutores e está cada vez mais completo, com coleta de exames laboratoriais e até exames de imagem.
Hoje temos médicos volantes, ultrassonografistas, radiografistas e você consegue fazer tudo em casa", comenta.
Mais tranquilo para tutores e pets
O home care veterinário é uma boa opção para tutores idosos, por exemplo, evitando seu deslocamento; para solucionar a falta de tempo de tutores atarefados, que podem deixar o animal com outra pessoa em casa, assim como para avaliação clínica. "A maior demanda é sempre de consulta e vacinação, tanto de cães como de gatos", revela.
Na pandemia, é claro que uma das vantagens para os tutores é não se expor ao risco de contaminação saindo de casa, assim como os pets que se protegem contra doenças em clínicas e hospitais, segundo Carneiro.
"Para eles é mais tranquilo porque estão no ambiente deles, mais à vontade. É melhor até para resultado do hemograma, que pode dar alterado pelo estresse do animal fora de casa, especialmente os gatos que tem todo um protocolo para atendimento", explica. Segundo a veterinária, esse protocolo começa na chegada do gato ao consultório. Ele não pode ser manipulado de imediato para não estressá-lo. É preciso primeiro soltá-lo para conhecer o ambiente, para depois começar o atendimento.
Desvantagens
Mas a profissional lista algumas desvantagens no serviço, entre elas a falta de uma estrutura adequada, dificuldade de contenção do gato ou cachorro, falta de alguma medicação que o veterinário não tenha no momento da consulta, mas para ela a principal é o preço.
"O valor dos serviços varia muito de acordo com a região, podem ser 30%, mas podem chegar a 50% a mais do que nas clínicas".
Tudo em casa
A veterinária paraense Tamires Viana atende pacientes em casa desde que saiu da faculdade, em 2016. No começo dividia o tempo com o trabalho em uma clínica. Começou com serviço de consultas e vacinação, que até hoje são os mais procurados, mas foi estruturando o negócio, que hoje se dedica integralmente. "Padronizamos o uniforme, receituário, investimos em marketing digital, mas também investimos em serviços, hoje já temos até venda de medicamentos".
O empreendimento oferece nove opções de serviços. Além da consulta e vacinação regular, tem curativos, exames laboratoriais, coleta de amostra de pele para exame de citologia, aplicação de injetáveis, medição de pressão arterial, ela também faz eletrocardiograma, em parceria com um médico volante. "Hoje temos condições de fazer um pré-operatório completo, sem o paciente precisar sair de casa", revela.
Entre os exames disponíveis há uma lista muito importante como pesquisa de doenças. Tais como: dirofilariose, leishmaniose, cinomose, parvovirose, para cães e FIV e FeLV para gatos.
Com o aumento da demanda, ela passou a oferecer medicamentos, facilitando ainda mais a vida dos tutores. "Incluímos a farmácia, com medicamentos como vermífugo, remédios para evitar carrapatos, antibióticos, anti-inflamatórios, entre outros". Tamires também emite atestados de viagem para cães e gatos.
Ela também percebeu um aumento expressivo nos chamados a partir da pandemia de coronavírus.
Muita gente que estava com medo de sair de casa por conta do risco de contaminação, mas não queria atrasar o cronograma de vacinas ou consultas de rotina de seus animais".
Mas um fato chamou a atenção dela. Entre os chamados, houve um crescimento de casos de adoção de cães e gatos durante o isolamento.
Experiência positiva
A estudante de direito Julia de Castro é uma das clientes da veterinária Tamires Viana. Tutora de primeira viagem, ela adotou um gatinho resgatado em janeiro do ano passado e experimentou o atendimento em casa. "Nunca tive nenhum animal antes do Orfeu. Como ele era bem pequeno, a gente não sabia nem a idade e o que fazer. Busquei um veterinário no Instagram e achei a Tamires. Depois soube que uma amiga também atendia seus animais com ela".
A decisão de chamar o profissional de saúde em casa foi para dar mais conforto ao Orfeu, que estava muito assustado quando chegou a casa.
Foi ótimo porque ela examinou e nos disse a idade dele, entre 50 e 60 dias, deu todas as orientações sobre a alimentação, vacinas, inclusive indicando os melhores lugares para cama e caixa de areia ", avalia.
Julia conta ainda que se sentiu mais segura, não só em relação à prevenção da covid-19, mas também pelo conforto de não precisar sair de casa, pois quando levou o gatinho para tomar banho no pet shop ficou preocupada com a higiene do local.
O que não dá para fazer em casa
Tamires faz um alerta: o serviço de home care não é indicado para situação de emergência, como atropelamentos, queda com fratura, sangramento, envenenamento, ingestão de corpo estranho, vômito e diarreia. Nesses casos a indicação é levar o animal imediatamente a uma clínica.
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