Cuidados com cão idoso vão de casa adaptada à alimentação especial
Parece que até ontem ele ainda era um filhotinho cheio de energia e peripécias pela casa. Mas agora, depois de uma coleção de histórias para contar, sinais como alguns pelinhos brancos pelo corpo e um ritmo menos frenético nas brincadeiras denunciam: a família tem oficialmente um cãozinho idoso em casa.
Para promover qualidade de vida ao doguinho sênior, diminuir eventuais desconfortos do envelhecimento e até desacelerá-lo, o tutor pode atentar-se a alimentação, peso, check-up veterinário e adaptações físicas em casa.
Mas como saber quando chegou o momento certo? A veterinária Aline Oliveira, da SPet junto a Cobasi Villa Lobos, explica que o processo de envelhecimento nos cães está diretamente relacionado a porte (tamanho) e raça.
Cães menores tendem a envelhecer mais tarde. Por exemplo, yorkshires ou poodle toy são considerados idosos em média com 10 anos. Já os cães maiores, principalmente os de porte grande e gigante, estão na terceira idade a partir de 7 anos, lembrando que há variações individuais e muitos podem fugir a essa regra", diz.
Como cuidar
O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria Veterinária, Enore Massoni, afirma que os cuidados com o sistema locomotor dos cães de grande porte devem ser redobrados por conta do peso e da sobrecarga articular.
"Trabalhos acadêmicos estimam que 70% dos cães idosos de grande porte apresentam algum grau de osteoartrites com desenvolvimento de dor e perda de qualidade de vida", lembra.
O que comer
Com o perdão do trocadilho, o "pulo do gato" para os cães de grande porte é saber que eles vivem menos porque produzem os famosos radicais livres e que, por isso, uma alimentação rica em antioxidantes ajuda a combatê-los e desacelera o envelhecimento.
Massoni aponta que carnes vermelhas e brancas, fígado, cereais integrais, beterraba, mamão, batata-doce, frutas e verduras são alguns dos alimentos antioxidantes que compõem uma extensa lista dos que ajudam no combate aos radicais livres.
Seja qual for a raça ou porte de seu melhor amigo, Aline afirma que a partir dos 7 anos já vale a pena investir em cuidados extras como observar se o peso está adequado, se o pet ainda tem vigor para atividades físicas e cogitar, com a devida orientação veterinária, a inclusão de suplementos articulares na alimentação do cãozinho.
Pode brincar? E dormir mais?
As atividades físicas e brincadeiras, aliás, merecem atenção especial nesta fase. Embora afirmem não haver necessidade de proibições, os especialistas recomendam que o tutor use o bom senso e entenda que o cão não é mais tão jovem nem tem a mesma resistência de quando era um filhote.
"Idosos gostam de rotina e parar com uma brincadeira que ele gostava só porque envelheceu, não será saudável. O que deve mudar é a intensidade e duração. Tudo deve ser feito respeitando as limitações do animal", diz Massoni.
O geriatra veterinário também afirma que as atividades físicas são importantes para a saúde mental e do sistema locomotor do cãozinho.
Se ele costumava passear uma vez ao dia por uma hora, que tal três passeios de 20 minutos?"
O diretor clínico da rede PetCare unidade Morumbi, Marcelo Quinzani, afirma que o tutor deve ficar atento ao fato de o cãozinho dormir mais.
"Pode ser sinal de dor ou desconforto. Também nessa fase aparecem os sinais de perda de visão, diminuição da audição e olfato, o que faz com que ele fique mais inseguro e interage menos com o meio ambiente."
Casa do "senhorzinho"
Mudanças em casa podem ser consideradas principalmente em casos de idosinhos que apresentem algum déficit visual ou cognitivo. Aline indica portões para evitar o acesso a áreas perigosas como escadas e piscinas, além de pisos antiderrapantes principalmente para cães grandes com problemas articulares.
Rampas em escadas, camas e sofás e a elevação de comedouros e bebedouros para uma altura mais confortável que facilite o acesso a água e comida também são dicas de adaptações.
Veterinário é aliado
É por isso que, ainda de acordo com Quinzani, as visitas ao veterinário devem acontecer com maior periodicidade nesta fase da vida do pet. "O seu bebê tornou-se um velhinho que precisa ainda mais dos seus cuidados e das visitas e orientação do médico veterinário"
Massoni diz que para os animais jovens, são indicadas visitas anuais ao veterinário; para os idosos (quando atingem 75% de sua expectativa de vida), a cada 6 meses, e para os geriatras (quando ultrapassam a expectativa), a cada 3 meses.
"Lógico que não existe regra nem receita de bolo. Um idosinho saudável pode visitar a clínica a cada 6 meses desde que seu tutor mantenha contato com o veterinário. Já um cardiopata ou nefropata às vezes pode precisar de visitas semanais."
A adoção de cadernetas de saúde é uma prática interessante para se tornar rotina na clínica de animais idosos, na opinião do veterinário geriatra.
"Funcionam basicamente como a carteira de vacinação de filhote, onde constam informações sobre os animais, dados de exames, próximas consultas, vacinas e todas as informações importantes para o veterinário e para o tutor."
Esse modelo, diz Massoni, já é adotado em programas de saúde da família no SUS (Sistema Único de Saúde), em humanos, e deve ser um ótimo exemplo para veterinários e tutores de animais idosos.
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