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Apesar da pandemia, Campos do Jordão e mais destinos de inverno lotam

Campos do Jordão, em São Paulo, recebe número significativo de turistas mesmo sob restrições por pandemia - Gisele Rodrigues
Campos do Jordão, em São Paulo, recebe número significativo de turistas mesmo sob restrições por pandemia
Imagem: Gisele Rodrigues

Gisele Rodrigues

Colaboração para Nossa

27/05/2021 04h00

Destino sempre procurado por quem gosta de curtir temperaturas baixas, Campos do Jordão começou a receber turistas depois da flexibilização do comércio no estado de São Paulo, em abril. Ainda que a recomendação ainda seja de cautela para controle da covid-19, os números revelam que nunca se esteve tão próximo da realidade pré-pandêmica.

Paulo Cesar da Costa, diretor do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SINHORES), conta que a taxa de ocupação na parte hoteleira está entre 60% e 70%, principalmente aos finais de semana — chegando alguns a 100% nas regiões mais centrais. Já nos restaurantes por lei a ocupação em torno de 25% de atendimento ao público.

Nós estamos indo para os 45 dias de reabertura e logicamente com todos os protocolos. E, com a extensão do horário para até as 22h da noite, estamos bastante otimistas e na expectativa de ter uma boa temporada de inverno, algo que não aconteceu no ano passado".

Campos do Jordão, em São Paulo, em 16 de maio - Gisele Rodrigues - Gisele Rodrigues
Campos do Jordão, em São Paulo, em 16 de maio
Imagem: Gisele Rodrigues

Cidade cheia

Capivari, considerado o bairro mais charmoso da cidade, tem suas ruas repletas de bares, restaurantes, shoppings e chocolateiras cheias, com movimento grande de turistas nesses últimos finais de semana.

Amanda*, que trabalha em uma das lojas no shopping dessa região, alega que a maioria das pessoas não usava máscara.

O pessoal não respeita mesmo, e a temporada aqui lota, e aos finais de semana você não tem espaço para andar. Toda hora você vê sempre os funcionários se protegendo, mas o turista em si não está respeitando a lei e esquecendo que ainda estamos vivendo uma pandemia."

"Aqui no restaurante fazemos todo o procedimento das normas sanitárias, inclusive às vezes até usamos mais de uma máscara para nos proteger porque no momento da alimentação dos clientes não é necessário", afirma o garçom Anderson Antunes Rodrigues, do La Gália.

A produtora cultural Ana Carolina Lima, 28, fez a sua primeira viagem agora desde quando o país teve suas restrições mais severas há quase um ano.

Agora está sendo a primeira vez que eu saio de casa para poder frequentar lugares turísticos, eu confesso que fiquei bem assustada com a enorme quantidade de pessoas aqui em Campos do Jordão".

Medidas do governo

Segundo o secretário de Turismo de Campos do Jordão, André Barbedo entre as medidas impostas para ter um turismo mais seguro está a instalação de um posto móvel para orientação a turistas, com informações sobre a necessidade de uso de máscara ou outras medidas sanitárias importantes.

"Campos do Jordão é uma cidade com inúmeros atrativos principalmente ao ar livre, mas já estamos mapeando possíveis aglomerações que possam acontecer para o feriado de Corpus Christi, ser causadas como por exemplo por festas e baladas as quais não estão permitidas", conclui o secretário.

Hotelaria animada

Segundo Paulo César da Costa, há uma expectativa de 100% de grande parte da ocupação da rede hoteleira para o próximo feriado de Corpus Christi, em 3 de junho. "Esperamos amortizar os prejuízos que tivemos, esperamos ter em torno de 15 a 20% nos quadros de contratação", conclui Costa.

Considerado o hotel mais alto do país, o Hotel Toriba SPA & Gastronomia, afirma à reportagem que o movimento só vem aumentando.

Hotel Toriba SPA & Gastronomia - Divulgação - Divulgação
Hotel Toriba SPA & Gastronomia
Imagem: Divulgação

"Enquanto nossa clientela não puder ir para Europa, podemos receber ele aqui. E hoje as pessoas estão procurando mais turismo de natureza", afirma o proprietário do hotel, Aref Farkouk.

Para Mariana Martins, 36, empresária e dona do Riso´s Hostel, uma hospedagem compartilhada na cidade vizinha de Santo Antônio do Pinhal (SP), afirma que o turismo para a serra da Mantiqueira vai ajudar cidades menores que ficaram estagnadas em todo o processo da pandemia.

Expectativa semelhante do Tarandu, espaço de aventura em meio a natureza na Serra da Matiqueira, que teve um crescimento considerável, com 43% acima da previsão pós retomada. "Nessa semana, uma visitação 23% acima da previsão normal", afirma o proprietário Ricardo Lenz.

Comércio esperançoso

Essa retomada de negócios é esperada para os comerciantes depois de um longo período de vendas congeladas principalmente para Nelson Gonçalves, proprietário do Restaurante Vila Chã.

"Agora eu vejo que vamos ter uma temporada melhor porque não tivemos nada ano passado, porque o maior impacto foi perceber que não adianta o comércio fechado e as pessoas em circulação", afirma. Para ele, a reabertura foi importantíssima, pois não houve mais nenhuma ajuda por parte do governo estadual e nem federal.

À frente do restaurante Dona Pinha, Anouk, olha positivamente a volta de turistas - Divulgação - Divulgação
À frente do restaurante Dona Pinha, Anouk, olha positivamente a volta de turistas
Imagem: Divulgação

A chefe de cozinha Anouk Migotto, que está à frente quase vinte anos do restaurante Dona Pinha, afirma que vem recuperando os prejuízos causados pela pandemia.

"A pandemia no meu negócio foi devastadora. Eu dependo 100% do turismo, porque a cidade é turística, então com a pandemia e tudo fechado não tem nem delivery. O ano passado mesmo fechando eu consegui recuperar, eu sou otimista que eu vou recuperar e com os financiamentos eu vou demorar cinco anos para apagar, mas acredito na retomada e no turismo interno e é isso que me mantem viva".

Inverno em Minas Gerais

Vista de Monte Verde, Minas Gerais - @viajareumprazer/Divulgação Hotel Itapua - @viajareumprazer/Divulgação Hotel Itapua
Vista de Monte Verde, Minas Gerais
Imagem: @viajareumprazer/Divulgação Hotel Itapua

Não muito distante da cidade paulista, no extremo sul de Minas Gerais, Monte Verde se prepara para um inverno diferente.

Conhecido também pelo clima frio e a paisagem montanhosa, atrai turistas de todo país e espera retomar os números de 2019, foram mais de 500 mil turistas, e agora espera retomada gradual da economia local em razão da pandemia.

A realidade atual não é diferente da "irmã" de São Paulo. Ao total, são dez mil leitos totais em Monte Verde, considerando todos os meios de hospedagem, como hotéis, pousadas e casas de aluguel, e em sua maioria funcionando com 60% da capacidade total, todos os finais de semana têm sido de lotação.

Anderson e a esposa Fernanda, em Monte Verde - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Anderson e a esposa Fernanda, em Monte Verde
Imagem: Arquivo pessoal

Segundo a Rebecca Wagner, presidente da MOVE (Agência de Desenvolvimento de Monte Verde e Região), o objetivo de garantir a segurança e a saúde de turistas. "Após meses em casa, as pessoas devem começar a buscar roteiros que permitam a realização de atividades ao ar livre", acredita.

Impressão comprovada por turistas como o empresário paulistano Anderson Hernandes e sua esposa Fernanda, que estão acostumados com viagens internacionais, e escolheram as montanhas de Monte Verde como segunda viagem na pandemia.

"A nossa última viagem tinha sido em janeiro desse ano, e agora sentimos mais seguros de viajar. Nós sempre fazemos viagens internacionais e nunca tinha ido para lá, e ficamos satisfeitos até mesmo por conseguir ir de carro".

*nome trocado a pedido da fonte