Macacão criado por minha mãe para trabalhar virou modelo campeão de vendas
Há uns 15 anos, minha mãe, Soraia, começou a trabalhar em eventos de rua, bazares e feiras. Ela sempre foi muito observadora, e notava que faltavam peças de roupas universais, curingas e confortáveis, que agradassem diferentes tipos de gostos e corpos. Usando referências da moda de rua paulistana, revistas e inspirações de casa, como roupas da minha avó, ela criou um macacão.
Na época, ele era feito de liganete ou viscose, mas já tinha o desenho que usamos hoje: alça regulável, nada acinturado, cós baixo e uma modelagem bem fluida que veste manequins do 38 ao 58. Muito antes da indústria da moda começar a prestar atenção no plus size, minha mãe já olhava para isso. Uma roupa, na visão dela, não tinha só que servir, ela tinha que ser estilosa.
Junto com o macacão, surgiu a marca Maria Babado de Chita. Eu tinha uns sete anos e acompanhava minha mãe pelas ruas. Ela fez um macacãozinho para mim e a gente ficava na praça Benedito Calixto, em portas de faculdade, enfim, circulando pelas ruas de São Paulo vendendo roupas que mostravam a perspectiva que minha mãe tinha da moda.
Tenho uma grande memória afetiva dessa época. Lembro da minha mãe carregando peso, abrindo e fechando a barraca, mas sempre com uma felicidade imensa. Eu também me divertia muito, conhecia crianças, brincava, estudava e lia livros. E ela sempre estava linda e estilosa com o macacão, o que acabava sendo uma maneira de alavancar as vendas: as clientes a viam e queriam um igual.
Com o passar dos anos e o sucesso das vendas, fomos aperfeiçoando a peça, até que ela recebeu nome próprio. Hoje, ele se chama macacão Bahia e é feito de viscolycra, mais conhecido como malha fria, um tecido gostoso e fluido. Gosto como ele acompanha o movimento e as curvas do corpo, deixando o que era confortável ainda mais delicioso de usar. Não sei nem se deveria falar isso, mas às vezes visto sem calcinha, de tão livre que me sinto com ele!
Além dessas qualidades, me encanta a versatilidade. Dá para montar mil looks com ele: uso com cinto, bota, casacos, cardigans, lenço e até meia calça quando dá aquela esfriadinha.
Não à toa, ele hoje é nosso campeão de vendas — mesmo sendo uma das peças mais caras da nossa loja. As clientes sabem do valor que ele tem. Podem até encontrar peças parecidas, mas elas não terão o mesmo brilho nem a memória afetiva e emocional que a nossa."
Toda vez que visto um macacão Bahia, sinto um calorzinho no coração e me sinto bonita e poderosa. Ainda mais agora, que assumi a marca junto com minha mãe. Ele é o símbolo do legado da nossa família, uma estrela da nossa loja e vida. Espero que continue conquistando o coração de outras mulheres Brasil afora e, quem sabe, até o do mundo.
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