Quando os avós de Gregory Kravchenko chegaram ao Brasil, no período entreguerras, tornaram-se camponeses e precisaram ser criativos: "Eles não possuíam nada e perceberam que se quisessem alguma coisa, deveriam criar com suas mãos. Fazer para existir", conta. O menino passou então a observar a matéria se transformar com a força de vontade.
Sempre interessado em estudar, Gregory cursou faculdade de computação e trabalhou como designer no começo da internet. Morou na Califórnia e de volta ao Brasil cursou Design de Produtos, com especialização no Istituto Europeo di Design - IED São Paulo. Assim, passou a dar aulas de tecnologia de produção no eixo Brasil-Itália. Com a carreira se fortalecendo nessa área, resolveu ainda fazer mestrado em engenharia de produção.
Gregory não gosta de muita tranquilidade: nessa época dava os primeiros passos em sua criação autoral — que nasceria sob a marca Krav Design (@krav.design), em 2012. "Eu já tinha uma clientela e fazia muitos projetos. Conseguia associar minha criatividade à alta industrialização. Mas o handmade surgiu dessa vontade de resolver desafios", lembra.
Pesquisa, produção e design
Na essência, desde então, ele aposta na tríade pesquisa, produção e design para surpreender com peças complexas. Ainda assim, mergulha nas camadas subjetivas da produção: escreve artigos e cria pesquisas, mas divide tudo o que sabe com estagiários de design ávidos por entrar na Krav.
Atualmente são 15 profissionais envolvidos na cadeia de produção. "Eles fazem parte da autoridade da peça, capacitamos essas pessoas para produzirem para nós. Gosto que se sintam parte da marca", conta Gregory. Para chegar aos encaixes precisos e às estruturas difíceis, são até cinco anos de treinamento.
Quando chega um profissional para trabalhar com a gente, sempre pergunto se ele está entregando o seu melhor. Criamos essa cultura de excelência que diferencia a produção do Brasil. Os estrangeiros valorizam isso no nosso país".
Conceitos como o do design paramétrico e da biomimética estão na alma da Krav, que fica em uma chácara na entrada de Goiânia, Goias. Mas não pense que o ateliê produz só móveis — Gregory e seu time já produziram até insumos para soro e prótese mamária. Criar está acima de tudo.
Gostamos de problemas. Trabalhamos com design de produto para solucioná-los."
O valor do feito à mão
Ao redor do ateliê, uma horta e um pomar estão acessíveis aos artesãos. "Já realizei meu sonho, que era dar aula em todas as faculdades de design que eu gostaria. O novo desejo é ver o design colocado como possibilidade comum, não elitizado. É difícil porque o feito à mão tem custo operacional alto. Mas tentamos sempre", conta.
Ecologia possível
O pensamento de preservar o meio ambiente existe, inclusive trabalhando com madeiras certificadas, de origem legal. Mas ele vai além, pensando no que resta das produções. "Resolvi fazer um produto 100% de simbiose de outras criações. Não gosto de chamar de resíduo. Nele há variedade de 35 espécies vegetais, o que gera cores diferentes", diz o designer, que se dedica a isso até nos fins de semana.
A chácara e o fazer manual foram uma herança do avô, a quem Gregory quis homenagear com o nome Krav. Certamente ele estaria orgulhoso.
@s que me inspiram
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