Quando Juliette chegou aos 13 milhões de seguidores no Instagram (hoje esse número mais que dobrou), a celebração veio na forma de 13 fatos curiosos sobre a estrela da edição do BBB21. Um deles colocou na boca do povo uma atividade radical até então pouco conhecida da Paraíba: "Juliette já se aventurou no pêndulo da Pedra da Boca, uma atração turística do município de Araruna".
E ela tinha provas da coragem. Com fotos e vídeo amarrada por cordas e se lançando no vazio da formação rochosa a 330 metros de altura que dá nome ao Parque Estadual da Pedra da Boca, no setor rural de Araruna. Veja a gravação do salto postada no YouTube:
"Aquilo deu um boom no atrativo", conta o alpinista industrial Júlio Castelliano, idealizador dessa aventura.
"Carioca da gema e paraibano da clara", como costuma se apresentar, Júlio já trabalhou pendurado em um guindaste a 90 metros de altura, em Niterói; deslizou pela fachada de um edifício em Natal (RN), a 105 metros do chão, durante uma inspeção; e fez até tirolesa no ponto mais alto de Fernando de Noronha.
Escalador profissional com especializações técnicas como acesso por corda e resgate em espaços confinados, ele fez da altura a sua profissão (e a diversão de muita gente no interior da Paraíba).
Mas o seu trabalho mais conhecido — o pêndulo humano que Juliette testou antes de se confinar na casa —, veio de um sonho. Literalmente.
"Um dia sonhei com um vulto voando como um pêndulo, dentro da Pedra da Boca. Fiquei com aquilo na cabeça e achei que podia dar certo, principalmente, por conta da minha experiência com ancoragem industrial", explica a Nossa.
O sonho não só deu certo como também se transformaria em um dos atrativos mais concorridos desse destino a 165 km de João Pessoa, capital da Paraíba.
Balança mas não cai
A experiência adquirida em trabalhos profissionais, como inspeções prediais e simulações de resgate em guindastes, foi suficiente para Júlio montar um seguro sistema de ancoragem que suporta até 7,5 mil kg, divididos em 3 cordas com capacidade para suportar 2.500 kg cada uma.
"Quando tive a ideia do pêndulo, só precisei aprimorar um sistema para içar e puxar a pessoa para trás", conta Júlio sobre um dos momentos mais aguardados (e tensos) da experiência, quando o participante é lançado em direção ao nada, com a Serra da Araruna aos seus pés.
Daquele momento em diante, o frio na barriga só não é mais baixo do que a temperatura do lado de fora. A 600 metros acima do nível do mar, na mesorregião do Agreste Paraibano, a região é conhecida pelas temperaturas mais amenas, que podem chegar a 18 °C.
Especialmente frio para as médias nordestinas, é ali que fica o Parque Estadual da Pedra da Boca, uma área preservada de 160 hectares procurada para a prática de atividades ao ar livre, como a trilha íngreme de 800 metros até a boca rochosa onde acontece o pêndulo.
Já não bastasse a adrenalina, o retorno à terra firme é feito em um rapel positivo — quando o praticante conta com pontos de apoio para os pés — de 50 metros de extensão.
"É uma experiência de aventura a mais para quem nunca fez esse tipo de atividade", completa Júlio, que também conduz os mais corajosos em um rapel negativo de 90 metros que sai do cume da Pedra da Boca e termina dentro dela.
Outros sonhos
Desde 2010, Júlio frequentava Fernando de Noronha para surfar e, lá do mar, ficava imaginando um dia poder escalar um daqueles picos de origem vulcânica, a 540 km do Recife. Esse dia chegou, e da maneira mais inusitada.
No final do ano passado, ele foi chamado para instalar os suportes de iluminação que passariam a funcionar no ponto mais alto da ilha, a 321 metros de altura, para orientação dos voos noturnos.
"Dessa vez, fiquei 4 meses em Noronha e realizei o sonho de escalar o Morro do Pico. Eu ia até de graça, mas a trabalho foi melhor ainda", brinca Júlio.
Para instalar os 33 postes de iluminação em três morros da ilha (do Pico, do Espinhaço e do Meio), a equipe teve que montar 20 tirolesas para levar os equipamentos do pé do morro até o topo, cujo acesso é proibido ao público em geral.
"Todos os dias, era uma movimentação muito grande de carga, como cimento, baterias, bases e suportes", relembra o escalador.
Mas o esforço valeu a pena.
Já de volta à Paraíba e com a experiência de Noronha no currículo, Júlio foi chamado para instalar uma tirolesa em uma pousada na região da Pedra da Boca, uma descida de 500 metros e um minuto de duração, entre a Pedra do Lagarto e o Lajedo do Boi.
"Me desestimularam dizendo que eu estava construindo um concorrente para meu pêndulo na Pedra da Boca. Mas é outra atração para trazer mais turistas", relativiza.
Júlio só lamenta pela região de Araruna ainda ser tão desconhecida entre os turistas que vêm de outros estados.
Quem vem das regiões Sul e Sudeste, principalmente, quer conhecer só as praias da Paraíba e nem sempre se interessa em conhecer o interior. Estamos muito perto do litoral e vale muito a pena fazer um bate e volta para conhecer a região"
E se sobrar coragem, ainda dá para ver tudo aquilo lá do alto, num balanço com a Paraíba aos pés.
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