Escultura que flutua: móbile "de adulto" é tendência além do quarto de bebê
Os móbiles são esculturas que hipnotizam pela leveza: as figuras "flutuam" no ar e balançam no ritmo do vento. Bem sabem os bebês, que ficam deitadões no berço só observando as formas — muitas vezes de bichinhos.
Apesar da associação direta de móbile e quarto infantil, o objeto tem aparecido cada vez mais em lojas de decoração como uma forma de levar movimento — e vida — a outros cômodos da casa.
O artista Eduardo Amado, que começou a vender as suas criações em 2003 no evento Santa Teresa de Portas Abertas, no Rio de Janeiro, viu o negócio ficar mais forte a partir de 2018, com o impulso do e-commerce e do Instagram.
Hoje, ele entrega para todo o Brasil as peças abstratas para pendurar no teto. Elas são feitas com acrílico e aço inoxidável num ateliê aberto ao público em Indaiatuba.
"As revistas de decoração mostravam os móbiles especialmente em quartos de crianças. Ficou associado àqueles de berço de bebê. Mas com certeza temos agora um grande público adulto que curte design e compra móbiles. É cool."
Uma das obras foi parar no programa "Decora", do canal GNT, à época apresentado pelo arquiteto Maurício Arruda. Outras estão em sites moderninhos de revenda, como Desmobília e Ignis.
Móbile significa "móvel" em latim. É uma escultura cinética em sua essência. Preenche um espaço tridimensional que geralmente não é ocupado por outros objetos."
Helga Queiroz, arquiteta que trabalha com direção de arte para cinema e publicidade, começou a produção com a pandemia. Pouco mais de um ano depois, suas peças estão na Muma e na Westwing, lojas de decoração reconhecidas.
"Acredito no móbile como uma peça que independe de tendência ou moda. Eles surgiram numa época de industrialização, junto com máquinas, motores e o uso de novos materiais."
Ela explica que, durante séculos, o espectador precisava rodear a escultura para vê-la por completo. Os móbiles proporcionaram o oposto: ele gira enquanto o observador fica parado.
O precursor
"Alexander Calder foi o primeiro a mudar o conceito de escultura ao colocar movimento nela e trazer a arte cinética", conta Helga. O escultor estaduniense se fixou em Paris e foi amigo de ícones da arte como Joan Miró.
Seu trabalho teve influências de modernistas, entre eles Mondrian. A criação de obras que se movem encantou intelectuais do século XIX. Marcel Duchamp classificou a invenção como a "sublimação de uma árvore ao vento".
"Calder teve passagens importantes pelo Brasil, onde se relacionou com arquitetos e artistas modernistas. Oscar Niemayer encomendou uma obra dele para o projeto de Brasília".
Móbile em casa: dicas de onde e como colocar
Ao longo do tempo, os móbiles acabaram tendo dois papéis distintos: ser obra de arte ou divertir as crianças. Para artistas como Eduardo e Helga, o esforço agora está achar o meio do caminho como um item de decoração com valor tanto artístico quanto comercial.
Confira três dicas de como usar a peça para adornar a casa:
- Geralmente, os móbiles ocupam um espaço nobre do ambiente. São colocados próximo a um móvel de design clássico ou de objetos de coleção. Mas não tem regra: há quem pendure no banheiro, no corredor e no vão de escadas.
- O importante é que ele tenha espaço para ser apreciado. Para isso, pendure na altura dos olhos. No caso de pé-direito alto, esse conceito deve ser revisto para que ocupe espaço de forma proporcional.
- Atente-se às cores. o móbile se destaca mais quando há contraste com o fundo. Por exemplo: móbile claro em parede escura.
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