Ao desembarcar na Ilha dos Lençóis, no Maranhão — não confundi-lo com os Lençóis Maranhenses, que ficam em outra parte do Estado —, o visitante se depara com paisagens altamente mutáveis: dunas cobrem aproximadamente 70% da ilha, formando gigantescas ondas de areia que se movem com a ação do vento.
Extremamente claro, este solo "vivo" brilha sob o forte sol da região e contrasta com a água que bate na orla — que costuma apresentar lindos tons de azul. Além disso, no céu, surgem com frequência os guarás, aves com uma plumagem vermelha que parece tingida, tão intensa que é sua cor.
A revoada dos guarás acontece na parte final da tarde, quando a proximidade do pôr do sol espalha a luz sobre os cenários naturais desta zona do Maranhão, onde ocorre o encontro de rios com o mar.
Apesar de seu aspecto selvagem, a ilha não é um território desabitado. Entre a água e os paredões de dunas, existe uma vila que abriga aproximadamente 100 famílias, cortada por vias de areia e com simples casinhas de madeira.
"Ilha dos albinos"
Entre os habitantes, chama atenção a presença de um número considerável de albinos: a condição genética chegou com pessoas que vieram morar na ilha no passado e, ao longo das décadas, acabou sendo transmitida para muitos filhos desta pequena comunidade, em um processo que teria sido facilitado por casamentos consanguíneos que ocorreram no local.
E, enquanto é uma dádiva para muitos turistas, o sol abundante representa perigo para os albinos deste pedaço de terra do Maranhão.
Casos de câncer de pele entre eles são frequentes, fazendo com muitos destes habitantes tentem sair de casa só à noite.
O governo do Maranhão comunica que "a população de albinos na ilha diminuiu muito nestes últimos anos", mas não informa exatamente quantas pessoas com esta condição moram no local atualmente. Muitos deles mudaram para cidades maiores do Estado, buscando menos exposição ao sol e maior acesso a consultas médicas.
Lendas marcam local
Este território maranhense abriga crenças mágicas envolvendo um dos reis mais importantes da história de Portugal.
Uma das lendas diz que, após desaparecer na batalha de Alcácer-Quibir, no norte da África, no século 16, Dom Sebastião teria ido parar no que hoje é a Ilha dos Lençóis.
Há histórias que relatam que o monarca ainda aparece no local, montado sobre seu cavalo. Ou que ele se transforma em um touro para circular entre as dunas e a água do lugar.
Verdadeiras ou não, tais crenças dão um tempero a mais à atmosfera fascinante encontrada neste longínquo território brasileiro.
Mas, ao pisar neste pedaço do Maranhão e admirar suas belezas surreais, o turista logo se dá conta de que esta ilha não precisa de lendas para ser um lugar mágico.
Do que vive a ilha
A pesca artesanal é a principal fonte de renda da comunidade. Além disso, toda a região tem enorme importância ambiental, pois está dentro de uma zona chamada Reentrâncias Maranhenses, uma imensa área marcada por baías, enseadas, ilhas e mangues, que são lar para uma fauna riquíssima.
E este destino de natureza de primeira linha vem ganhando estrutura turística: já apareceram na ilha pequenas pousadas para receber os visitantes.
Embarcações rumo à Ilha dos Lençóis saem do porto de Apicum-Açu. As visitas podem ser feitas com apoio da Agência de Turismo de Base Comunitária Experiências Mova (@experiênciasmova).
Antes de realizar a viagem, verifique se o acesso ao destino não está restrito por causa da pandemia.
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