Tapetes de fibras naturais revelam o sertão em design contemporâneo
Trapos e Fiapos
Médica sanitarista, Tereza do Carmo Melo resolveu, há 35 anos, ir fundo na missão de salvar vidas. Percebeu que a saúde começava por meio do trabalho, com a conquista de qualidade de vida. Em Santa Rita, no Piauí, ela resolveu fazer a diferença: "Parti para resgatar a atividade do tear, para com ele ter um instrumento de trabalho", conta. Ela recomprou teares que haviam sido vendidos pela comunidade no passado, reformou e devolveu a eles.
Tereza conhecia a técnica desde a infância. "Quando começamos, produzíamos redes com tear de rede e não conseguíamos vender nada. Foi então que decidi interferir nos teares para começarmos a produzir os tapetes, produtos mais comerciais. O estilo é muito nosso: o urdume deles é totalmente exposto, à vista, detalhe que não observamos nos tapetes comuns".
Texturas atraentes
Ao apostar em texturas para atender a um mercado exigente, ávido por tapetes mais convidativos, os pedidos aumentaram. O cotidiano, o entorno da zona rural e a vida simples inspiraram tramas, desenhos, pontos — era isso: Tereza e seus tecelões encontravam a identidade da Trapos e Fiapos (@traposefiapos).
Ao trançar a taboa com o algodão, os tecelões criam a partir de referências que recebem, usando pés e mãos na produção — o que dá a eles ocupação, renda e esperança de viver melhor.
Para fazer um metro quadrado nós levamos um dia e meio para tecer, outro dia para emendar as linhas e outros três dias para secar a palha"
O trabalho bem próximo aos tecelões reforçava sua missão de levar qualidade de vida à comunidade. "Minha arte é em torno do ser humano, busco aplicar o que aprendi no curso de Medicina, nas especializações em saúde pública e em saúde da família a esse momento", explica. Com o tempo ela viu as pessoas mudarem: muitas passaram a estudar, a planejar o futuro e a andar de cabeça erguida pelas ruas.
Esperança em dias mais felizes
Se a rotina é quem inspira, o que acontece quando os dias são difíceis como nesses tempos de pandemia? "Acabamos de lançar a coleção Esperançar, que surge dessa introspecção. Um repensar tudo, aprender novas coisas, estar em casa, trabalhar em casa e encarar positivamente, acreditando com fé", conta.
No Nordeste, quando a paisagem se enche de cinza e seca, o povo espera pela chuva para plantar. "Isso nos deu um substrato para pensar uma coleção que nos dissesse isso: que do cinza, brota o colorido, o verde, o vivo. Pensamos em uma coleção de esperança do que está por vir."
Para chegar à qualidade que temos hoje, levou um tempo. É um trabalho em conjunto com os artesãos, nos reunimos em torno da ideia e juntamos em novas ideias, fortalecendo a ideia."
Uma tradição viva
A médica não leva só esperança à comunidade de agora, mas às gerações futuras, que possivelmente estarão entrelaçadas ao projeto. "Meu sonho é manter a cooperativa viva, mantendo a tradição ancestral das famílias de muitas décadas, e que a história dos povos antigos permaneça no coração e na casa das pessoas", conta Tereza.
@s que me inspiram
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