Neste mês, Nossa estreou a Temporada Japão, que conta com a curadoria da cantora Fernanda Takai. Para explorar "O que o Japão tem de especial", a vocalista da banda Pato Fu participou hoje de um bate-papo ao vivo ao lado de Prit e Lohgann, do canal "Japão Nosso de Cada Dia", do jornalista e escritor Roberto Maxwell e Piti Koshimura, do blog "Peach no Japão".
Piti começou a conversa citando a expressão "japenese bug", uma espécie de "inseto japonês", em tradução livre. As palavras são uma brincadeira acerca de como uma pessoa, assim que pisa no Japão, é "picada" por uma sensação de pertencimento e afeto ao lugar.
"Eu concordo totalmente com esse bichinho", comentou Fernanda Takai, relembrando ter ido a primeira vez ao país asiático aos 35 anos:
É uma coisa inexplicável, é um gostar afetuoso, quer desvendar mais. Você vai embora e já fica pensando em voltar"
O casal Prit e Lohgann, que saíram do Brasil a fim de buscar dinheiro na terra das Olimpíadas, argumentaram ainda como essa mudança interferiu no comportamento deles hoje em dia.
"Demorou um pouquinho para me apaixonar pelo Japão, mas teve uma mudança", comentou Lohgann. "Não só profissional, financeira, como também na pessoal. Me mudou muito aqui".
Não só por juntar o dinheiro, mas eu mudei 'meu eu' no Japão. Sou mais feliz aqui hoje".
Lohgann
"Com sangue doce", Roberto Maxwell diz sentir essas "picadas" até hoje — a última delas ao experimentar o vasto universo dos saquês.
"Eu vim com a intenção de aprender japonês, não pensava em mais nada. Cheguei meio que fugindo do Brasil, querendo ver outra realidade", relembrou o jornalista. "Essa sensação vai acontecendo ao longo do tempo".
Segurança
Entre os pontos altos citados pelos convidados do bate-papo, a segurança constante no Japão é a principal delas. Desde a manhã até à noite.
"Os cuidados com a gente, enquanto turistas, faz tanta diferença", argumentou Fernanda Takai. "Você pode sair à noite do hotel, levar sua câmera e fotografar por aí. Não existe esse medo constante que nós temos em vários lugares no mundo. É literalmente estar de férias".
Loghann relembrou como Prit, pela criação na capital de São Paulo, no começo ainda era perseguida por essa sensação de perigo constante.
"Ela não sossegava a cabeça, ficava olhando para trás e me dava ansiedade", contou. "Eu falava: 'pode ficar calma, não vai acontecer nada'. A gente foi conversar e eu fui entender de onde vinha isso".
Piti Koshimura citou ainda o contraste sentido por ela quando volta para o Brasil: "Depois de tanto tempo aqui, eu preciso lembrar [quando estou no Brasil] que preciso fechar bem a bolsa, ver se está tudo certo".
Hospitalidade
No Japão, a "excelência do serviço" já está incluída em todos os serviços prestados no país — desde os transportes públicos até os restaurante — como destaca Fernanda Takai. A cantora relembrou como as gorjetas não são bem-vistas ao relembrar quando quase cometeu uma gafe quando seu violão foi extraviado durante o voo.
"Eu queria dar uma palheta minha para a moça que o levou até meu quarto e ela achou que fosse uma moeda. Ela disse que 'não podia'. Quando eu mostrei ela entendeu e me disse que tocava violão também", contou. "Foi uma exceção que aconteceu ali, mas não era para acontecer. Fui dar um presentinho, só um jeito afetuoso, mas no princípio ela ficou nervosa.
O negócio é realmente sério. Todos os serviços têm isso. Quem trabalha já entrega excelência. Eles estão fazendo aquilo que eles já são treinados para fazer".
Fernanda Takai
Piti Koshimura destaca também a valorização do tempo da outra pessoa no Japão: "você marcou, está marcado".
"Você entra numa fila e a pessoa já fala: 'desculpa fazer você esperar'. Essa valorização é muito importante. Entra também nessa questão de acreditar na palavra. Não vai chegar na véspera e ficar pensando: 'será que vai desmarcar?'. Pode confiar, a pessoa vai estar lá. Ainda, muito provavelmente, ela vai chegar antes de você".
"O dinheiro está sempre novo"
Por trabalharem com tudo de forma muito exata, principalmente com o dinheiro, Roberto Maxwell relembra a importância de carregar sempre consigo uma moedeira — acessório para guardar moedas muito comum no Japão.
"A moedeira faz diferença", comentou ele. "Se o negócio custa 49, ele custa 49. O prestador do serviço não vai ficar devendo dinheiro com bala e você não vai levar pro 48. As coisas têm seu valor e não faz sentido você não pagar esse valor exato".
Já dobrar ou amassar o dinheiro, mesmo que sem querer, não deve estar nos seus planos quando planejar uma visita ao Japão. Loghmann reforçou no bate-papo como até as carteiras no país são diferentes, justamente para evitar que a nota fique amassada ou desgastada.
"Não é só um papel. É a representação do seu trabalho", comenta. "Então, quando você faz essas coisas com a nota, está fazendo isso com seu próprio trabalho. É ele que está ali dentro da carteira".
Fernanda Takai disse que sempre viu um certo mistério com as notas sempre novas, como quando recebia o cachê por apresentações.
"As pessoas cuidam muito bem do dinheiro", reforça a cantora. "É sobre entender e respeitar a cultura do outro país".
Comida boa e barata
A comida é parte de um ritual sagrado no Japão. Sempre com embalagens fáceis de serem abertas, quando compradas para viagens, e servidas como "caixas de joias" em restaurantes, Fernanda Takai conta que a experiência gastronômica é uma das vivências mais preciosas no país.
"A comida no Japão é algo que você come bem e não é caro. Comer bem lá é fácil de cumprir", comenta. "Se tem muitas opções. Pode ir para o lado que nunca imaginou, experimentar pratos diferentes. Isso é legal das pessoas quebrarem o padrão, não é só sushi e sashimi".
Roberto complementa ainda, dizendo que muitas vezes, os restaurantes no Japão são especializados em um tipo de comida. Isso porque os proprietários dos locais se especializam no que vão vender para "servir sempre o melhor".
"Quando você vai ao restaurante, independentemente do preço, você vê o esmero na preparação das comidas", opina o jornalista. "Você fica impressionado pelo valor que pagou. Algo tão bem apresentado e bonito. É isso que faz tanta diferença".
Piti Koshimura relembrou, por fim, quando foi até um quiosque comer lámen e encontrou um item estranho na mesa para a refeição.
"Fui comprar um lámen, entreguei a fichinha para um moço no balcão e ele me apontou um banco. Bem ali na frente, tinha um elástico de cabelo. Achei que alguém tinha esquecido, mas o elástico estava dentro de um plástico. Depois percebi que eu era a única pessoa com cabelo comprido e solto. O elástico, no caso, era para prendê-lo e ter a melhor experiência com a comida".
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