Cachorros e gatos também podem ter vitiligo. Saiba como detectar e cuidar
Mica é uma gatinha de 11 anos toda preta e branca. Há pouco mais de um ano, porém, a felina ganhou novos pelinhos claros pelo corpo, o que sua tutora, inicialmente, imaginou serem apenas sinais da idade, assim como os humanos com os cabelos brancos. Não eram.
No final do ano passado, a fotógrafa Melissa Vassalli, 28 anos, desconfiou da aceleração do processo e decidiu procurar um veterinário. "Clareou muito a outra metade do rosto dela, que estava ficando cada vez mais clara e como ela estava doente e debilitada, me tranquilizei com o diagnóstico", diz.
Era vitiligo, doença que afeta os melanócitos, as células produtoras de melanina.
"A melanina, por sua vez, é a responsável pela pigmentação da pele. Ele se apresenta como manchas brancas focais ou generalizadas na pele e acompanhadas também pela despigmentação dos pelos", explica a veterinária especializada em felinos, Vanessa Zimbres, da clínica Gato é Gente Boa, de Itu.
A doença nos pets
E não são só os felinos que podem apresentar o problema. Os cães também podem apresentar o mesmo quadro, com manifestações semelhantes.
Para diferenciar o vitiligo dos pelinhos brancos que chegam com a idade, a veterinária diz que um pet pigmentado pela passagem do tempo vai continuar a ter a coloração da pele normal, o que não ocorre no caso da doença.
O professor aposentado da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Carlos Eduardo Larsson, especialista em dermatologia pela ADVB/CFMV, explica que a provável causa real da destruição das células produtoras da melanina seria devido a um ataque de anticorpos aos melanócitos.
É hoje considerada uma doença autoimune tal como o reumatismo, a tireoidite, o lúpus etc. Pode, inclusive, em medicina veterinária, ser devido ao uso de drogas utilizadas em terapia de neoplasias (câncer) de cães."
De acordo com o professor, no Serviço de Dermatologia do Hospital Veterinário da faculdade registrou-se a doença em cães com idade entre 12 e 84 meses, com média de 35 meses. Com relação às demais doenças de pele, a incidência do vitiligo foi de 0,6%, ou seja, seis a cada mil cães pacientes dermatológicos entre 1986 e 2009.
Cuidado redobrado
A "raridade" de casos até mesmo entre gatos não assustou Melissa, que diz ter desconfiado da doença de Mica antes mesmo do diagnóstico veterinário, já que tinha conhecimento do vitiligo em gatos por ter visto exemplos na internet.
"O que às vezes assusta é quando vejo a Mica passando e acho que é outro gato. De tanto que ela mudou, demoro a perceber quem é", brinca a tutora, que além de Mica tem outros seis gatos e um cachorro em casa.
O "tratamento" da gatinha, de acordo com Melissa, é não deixá-la permanecer no quintal em dias ensolarados, já que a pele e os pelos de Mica deveriam ser protegidos por protetor solar, algo que é difícil para os gatos, que se lambem muito.
Trata-se de uma doença cosmética que não afeta a saúde, exceto pelo aumento da possibilidade de queimaduras solares nas áreas despigmentadas", explica Vanessa.
Segundo o professor Larsson, entre os gatos, a maior incidência de vitiligo se dá nos da raça siamesa e, entre os cães, com os Rottweilers, Pastores belgas e alemães, Pointers alemães, Dobermans e Sheepdogs.
Por ser uma doença genética e hereditária, Larsson afirma que se deve evitar o cruzamento de animais portadores de vitiligo.
É também por esta característica que não existem formas de evitar a doença.
"Um animal portador de tais genes pode não desenvolver a doença. Portanto, não existem meios conhecidos de prevenção", explica Vanessa.
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