Famoso na Europa, prêmio para praias "5 estrelas" quer crescer no Brasil
Desde a década de 1980, a União Europeia (então Comunidade Econômica Europeia) tem a tradição de criar anos temáticos, a fim de estimular o debate e a conscientização sobre certos temas. Diálogo intercultural (2008), nutrição e saúde (1994) e ação e combate à violência contra a mulher (1999) foram alguns deles (2021, aliás, é o ano do transporte ferroviário).
A proposta é que medidas e ações sejam postas em prática ao longo daquele ano específico. Em 1987, o ano europeu do meio ambiente, a ONG dinamarquesa Fundação pela Educação Ambiental na Europa (FEEE, na sigla em inglês) apresentou um conceito que já vinha sendo usado na França, onde alguns balneários estimulavam o tratamento do esgoto e a balneabilidade da água com prêmios na forma de bandeiras azuis. A ideia seria levar a proposta a um nível continental.
Em 1987, as praias de dez países foram avaliadas. O movimento se expandiu para além das fronteiras europeias nos anos seguintes e em 2001 a África do Sul e países caribenhos entraram na brincadeira.
O que é levado em conta
Há uma série de critérios, como oferta de atividades de educação ambiental, monitoramento da saúde de recifes de coral, comprometimento da comunidade com tratamento de esgoto, manutenção de prédios da orla, salva-vidas, equipamentos de primeiros socorros, coleta seletiva de lixo, fornecimento de água potável, banheiros com tratamento de esgoto etc.
Pelos itens avaliados, dá para perceber que o foco da premiação são praias de uso intenso, populares, dentro ou próximas de áreas urbanas.
Todos os anos, praias, além de marinas e embarcações de turismo, são avaliadas e premiadas. Como praias são públicas, quem as inscreve são os governos (em nível local ou federal, no caso de a praia ficar em unidades de conservação ou parques nacionais). Um técnico do programa analisa o local e envia seu parecer ao júri nacional.
Caso aprovada, a documentação da praia é encaminhada ao júri internacional.
Hoje, a premiação está presente em 49 países. Na Europa, onde ela começou, é reconhecida e funciona como um chamariz para o turismo. Lá fica a maioria das praias "bandeira azul", presumivelmente na região do Mediterrâneo: Espanha, Turquia, Grécia, França, Itália e Portugal têm centenas de praias premiadas.
A única intrusa entre as maiores campeãs é a nórdica Dinamarca, sede da FEE (com a internacionalização de suas ações, ela tirou o "Europa" do nome).
Brasil tem poucas premiadas
No Brasil, a premiação ainda não é muito conhecida. São 18 bandeiras azuis em praias, a maioria (11) fincadas em Santa Catarina.
Segundo Leana Bernardi, coordenadora nacional do Bandeira Azul Brasil, isso pode se explicar no fato de a sede ficar em Florianópolis. "Temos uma facilidade maior em motivar os gestores locais, mas o programa vem crescendo no Sudeste e se mostrando promissor no Nordeste e no Norte", diz.
Mas o desafio é grande:
Ainda temos algumas dificuldades na divulgação, e nossas praias também enfrentam problemas de saneamento e presença de construções irregulares."
Para o turista brasileiro que não está familiarizado com o conceito, o que esperar ao avistar esse símbolo? "O visitante deve encontrar um local ordenado e com regras de uso que garantam sua segurança, além de serviços de qualidade e oportunidades para conhecer melhor o ambiente local", explica Bernardi.
As praias agraciadas com a bandeira azul recebem apoio técnico do programa e um acompanhamento ao longo do ano com visitas de inspeção e reuniões (atualmente virtuais, por causa da pandemia). "As campanhas de conscientização são parte das obrigações dos gestores locais", diz Bernardi.
Algo que já acontece na Europa e que pode se replicar no Brasil é o estímulo turístico que a bandeira oferece. O visitante associa aquilo a um status de praia boa, bem estruturada, limpa e sustentável, a bandeira passa a atrair um público maior e, consequentemente, a pressão sobre a praia, em termos de qualidade da água, gestão de resíduos e afins, fica maior.
Por isso mesmo, Bernadi explica, o prêmio não é eterno e dura só um ano. Sustentabilidade é um exercício diário.
PRAIAS BANDEIRA AZUL 2020/2021 NO BRASIL
- Praia da Lagoa do Peri - Florianópolis/SC
- Praia Grande - Governador Celso Ramos/SC
- Praia do Conceição - Bombinhas/SC
- Praia de Mariscal - Bombinhas/SC
- Praia de Quatro Ilhas - Bombinhas/SC
- Praia do Estaleirinho - Balneário Camboriú/SC
- Praia do Estaleiro - Balneário Camboriú/SC
- Praia Grande - Penha/SC
- Praia de Piçarras - Balneário Piçarras/SC
- Praia da Saudade (Prainha) - São Francisco do Sul/SC
- Praia do Forte - São Francisco do Sul/SC
- Praia do Tombo - Guarujá/SP
- Prainha - Rio de Janeiro/RJ
- Praia da Reserva - Rio de Janeiro/RJ
- Praia do Peró - Cabo Frio/RJ
- Praia de Ponta de Nossa Senhora do Guadalupe, Ilha do Frade - Salvador/BA
- Praia de Guarajuba - Camaçari/BA
- Praia de Itacimirim - Camaçari/BA
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