Seu pet está comendo o próprio cocô? Saiba como evitar este comportamento
Você já ouviu falar em coprofagia? É um hábito esquisito entre cães e gatos que gostam de ingerir as próprias fezes estimulados pelo tédio, fome (comida insuficiente ou de baixa qualidade), confinamento excessivo, falta de algumas enzimas digestivas, deficiência de vitaminas e minerais, verminose, estresse e até mesmo neurose.
De acordo com a veterinária Carla Alice Berl, fundadora da rede PetCare, alguns estudos sugerem que essa prática pode significar um resquício comportamental dos ancestrais lobos. "Eles comem as próprias fezes e as dos filhotes para não deixar vestígios na natureza que poderiam atrair predadores", diz.
Motivos para o comportamento
Apesar de existirem várias teorias sobre a origem do problema, outra explicação está em mais um ponto da ancestralidade dos cãezinhos, que são os pets mais afetados pela coprofagia.
"Na época da domesticação, quando o homem começou a fixar residência, produzia muito lixo como restos de caça e os próprios dejetos, incluindo as fezes. Como esses cães começaram a ficar muito próximos de nós, perceberam as fezes humanas como fonte de nutrição", explica a veterinária comportamentalista Katia De Martino.
Ela também afirma que como o trato digestório dos cães é muito menor do que o do homem, eles precisam de produtos mais digeríveis para ter uma boa absorção do que estão comendo.
"Então, eles também perceberam que as fezes humanas têm muito mais nutrientes quebrados, o que permite uma melhor absorção. Claro que hoje pensamos nisso como algo asqueroso, mas era muito importante para a questão do saneamento no passado."
Filhotes x adultos
Além de serem raros, também há casos entre os gatos. Segundo Carla, o comportamento é mais comum em filhotes ou animais jovens, principalmente as fêmeas. As raças de cães que mais sofrem com o problema, ainda de acordo com ela, são shih-tzu, yorkshire, lhasa apso e pastor de shetland.
É mais comum acontecer com filhotes, mas em cães adultos também pode ocorrer e geralmente está ligado a alguma doença de base como verminose, anemia, falta de enzimas pancreáticas para digestão ou anemia mais comumente", diz.
Incomodado com o hábito da Cacau, uma SRD de aproximadamente 6 meses, o professor de futebol Denis Pissuto, 38 anos, procurou um veterinário para tentar resolver o problema.
"Além da medicação indicada pelo veterinário, chamamos um adestrador para tentar lidar com essa situação que é bem ruim, ainda mais por se tratar de um filhote que toda hora quer brincar e lamber", diz.
Pissuto também conta que, por recomendação do adestrador, a família passou a ignorar os erros da cachorrinha e recompensá-la pelos acertos. "Tentamos, a partir daí, distraí-la para que ela saísse do local com petisco ou brinquedo para só assim poder retirar as fezes do campo de visão."
Como resolver
Katia explica que para saber qual providência tomar, é preciso avaliar o caso de maneira individual. No exemplo da Cacau, que é uma cachorrinha filhote, a questão principal deve ser o entendimento do motivo pelo qual ela ingere as fezes.
Para o filhote, pode ser uma descoberta e precisamos entender por que ele faz isso: se é tédio, por não ter nada para fazer, se as fezes estão lá há muito tempo e é uma forma de deixar o ambiente mais limpo ou se ele está em uma disputa com o tutor."
Descobertas as causas, o tutor deve discutir com o veterinário a melhor forma de tratamento. Carla explica que a coprofagia geralmente causa poucos danos, exceto a transmissão de parasitas intestinais e bactérias fecais, que podem causar vômito e diarreia. "O grande problema é a repulsa ao ato e o fato de não raramente os cães virem nos lamber depois de comerem os seus próprios dejetos."
A veterinária elenca algumas sugestões para que o tutor possa tentar evitar ou até mesmo resolver o problema:
1. Remover as fezes do local diariamente e não deixar o animal ver você fazer isso. Evitar o acesso a caixas sanitárias de gatos.
2. Não confinar seu cão em uma área onde ele defeca.
3. Providenciar exercícios regulares para seu animal.
4. Um ou mais exames laboratoriais podem ser necessários para eliminar as possíveis causas desconhecidas.
5. Informar seu veterinário com uma descrição precisa da dieta atual do animal, incluindo petiscos.
6. Uso de medicamentos que tornariam as fezes "desagradáveis"
7. Terapia comportamental e adestramento
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