Sorvetes de maconha, larvas e carvão são atração em gelateria portuguesa
Já foi o tempo que sorvete era sinônimo do trio baunilha, chocolate e morango. De olho nas inovações, a rede portuguesa MyIced gelou o verão europeu com uma versão de iogurte que tem como base o extrato de cannabis.
Apelidado de "good vibe", o sorvete é naturalmente verde. A maconha, no entanto, não aparece tanto no sabor, que é refrescante pela presença de matchá, o chá verde japonês.
Antes que alguém diga estar sentindo "boas vibrações" após degustá-lo, vale ressaltar que o nível de THC (Tetrahidrocanabinol, substância psicoativa de plantas como a cannabis) é inferior a 0,2%, o valor máximo permitido por lei. Ou seja, não apresenta efeitos psicotrópicos nem terapêuticos.
Para o gestor da sorveteria, João Gouveia, o sucesso do sabor diferentão representa a volta da "normalidade". Desde meados de 2020, a produção segue o ritmo de 2019: no total, são entregues às lojas da MyIced 1.320 quilos de sorvete por semana.
A empresa tem sede em Leiria, na província da Beira Litoral, no Centro de Portugal, e conta com unidades em Setúbal, Santarém, Viseu, Penafiel, Braga e Ponte de Lima. Em entrevista a Nossa, Gouveia disse que não descarta a possibilidade de expandir os negócios para o Brasil.
Carvão, ouro e Insetos
Colocada nas vitrines no início de agosto, a massa gelada de cannabis não foi a primeira aposta inusitada da rede.
Em 2017, a marca inovou ao lançar uma edição limitada chamada "eclipse", um sorvete preto a base de carvão vegetal ativado que se tornou um sucesso e rendeu 56.000 casquinhas.
No ano seguinte, a novidade ficou por conta do sorvete com cobertura de folha de ouro comestível de 24 quilates. Em 2019, foi a vez da rede portuguesa apostar nos insetos, cada vez mais presentes na indústria alimentícia.
Fonte de proteínas e fibras, as larvas eram desidratadas por meio da liofilização. Sem corantes, aromatizantes e conservantes, o sorvete mantinha o valor nutricional do produto.
Maconha em Portugal
Em 2019, Portugal lançou oficialmente uma iniciativa de preparação, utilização e comercialização da cannabis para fins medicinais, abrindo caminho para medicamentos e terapias. De acordo com a Infarmed, desde então, a plantação tem aumentado de forma significativa no país.
O consumo de drogas, por sua vez, foi descriminalizado em 2001. As medidas para quem for pego portando, adquirindo ou consumindo depende da quantidade. Entre as possíveis consequências está o encaminhamento para tratamento. Considerada um problema de saúde, e não de segurança, a legislação é acompanhada por medidas sociais.
No que diz respeito aos produtos de consumo feitos com cannabis, como o sorvete, o que conta é o nível de THC (tetrahidrocanabinol). O valor máximo autorizado em Portugal de 0,2%. Mercadorias importadas de países como Holanda e República Tcheca respeitam a mesma orientação.
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