"Este quimono é minha lembrança de uma Tóquio não conhecida por turistas"
João Tzanno
Antes da pandemia, eu viajava muito. Em feriados, férias ou sempre que tinha oportunidade, gostava de aproveitar para mudar os ares. E, quando viajo, tenho costume de buscar atrações que nem sempre são visitadas por turistas.
Além de visitar os pontos famosos, gosto de conhecer museus escondidos, bares e baladas frequentados por moradores locais e até bairros mais residenciais. Vou conversando com quem conheço ao longo do caminho e me encontrando na viagem, sem grandes planos antecipados.
Esse quimono foi fruto de uma dessas andanças inusitadas. Em 2019, eu fui a Tóquio e, depois de conhecer a cidade inteira, resolvi ir conhecer um bairro na periferia. Era bem pequeno, super residencial, com uma padaria e algumas lojinhas. E tinha uma casa com uma placa escrito "kimono" e uma flecha.
Eu estava com meus pais, nós entramos no terreno, a casa ficava nos fundos e era super compacta. Tocamos o sino e atendeu uma japonesa em seus 50 anos, ela nem falava inglês. Tivemos que nos comunicar usando o Google Tradutor. Mas ali era o ateliê de quimonos dela.
Tinha milhares de quimonos com tecidos, caimentos e estilos diferentes. Quimono para casamento, para passear, um mais lindo que o outro.
Acho que ficamos umas três horas lá dentro, minha mãe escolhendo um para levar de presente para minha irmã, minha avó. Piramos nos quimonos".
Eu queria ter levado uns três, mas acabei com esse que achei o mais maravilhoso de todos. Ele tem uns desenhos bem detalhados e a dona do ateliê me ensinou a vestir, os diferentes tipos de amarração. O quimono tradicional tem tamanho único, o que muda é a forma de amarrar.
Esse é um dos pontos mais interessantes da peça. Quer dizer, o quimono por si só já é algo bem diferente, não se vê muita gente usando no Brasil. Mas quando vemos, em geral tem uma estética mais voltada para o brasileiro. O meu, não, é tradicional mesmo.
Também gosto de como ele fica bem no corpo e é gostoso de usar, vai bem tanto no verão quanto no inverno. Daria para usar sempre, porque ele combina com tudo, mas gosto de guardar para ocasiões especiais, dar uma trabalhada no look e uma importância para ele.
Como eu cuido bastante da peça e ela tem uma qualidade muito boa, acho que vai durar bastante. De todo modo, estou com uma passagem comprada para o Japão desde o meio do ano passado. Assim que eu conseguir ir, pretendo comprar outros, e aí vou ter ainda mais história para contar.
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