Brasileira aprende a pilotar motão para desbravar sozinha rota nos EUA
Lançado em 1969, o clássico filme "Sem Destino" (ou "Easy Rider", em inglês) provou que as rodovias e paisagens naturais dos Estados Unidos ficam ainda mais bonitas numa viagem de moto.
Foi também sobre duas rodas que a brasileira Leticia Mello desbravou sozinha parte do interior norte-americano em junho e julho deste ano. Mas, ao contrário do que indica o nome do longa-metragem estrelado por Peter Fonda e Dennis Hopper, ela tinha um destino claro: o montanhoso Glacier National Park, em Montana.
Até chegar a este objetivo, porém, Leticia encarou um trajeto que foi além dos quilômetros de asfalto. Como não tinha experiência com motocicletas, o ponto de partida foi tirar carta e arranjar uma moto.
"Moro nos Estados Unidos desde 2014. No meio da pandemia, comecei a pensar nas dificuldades para voltar a viajar em transportes coletivos, como o avião e o ônibus".
A moto surgiu como solução. Garante o isolamento e dá liberdade".
Ela fez aulas e, com a permissão em mãos, comprou uma Yamaha V Star usada, ideal para longos percursos em estrada. Phillipe, seu parceiro, a ajudou a aprimorar as técnicas em estacionamentos vazios e nas ruas da cidade de Eagle, no Colorado, onde moram.
Como se não fosse o suficiente, Letícia, que tem 1,59 de altura, reforçou as atividades físicas para ter força para manusear a moto de 230 quilos. "Em dois meses de treinamento meses, ganhei três quilos e me senti mais confiante para a viagem".
A ideia de fazer uma viagem de moto sozinha me trouxe um frio na barriga e um desejo de fazer algo novo acontecer"
Rodinhas na estrada
Em junho deste ano, Leticia deixou Eagle e, com sua motoca, pegou a estrada rumo ao Glacier National Park. No total, foram 3.500 quilômetros em 14 dias de viagem. "Cruzei os Estados do Colorado, Utah, Wyoming, Idaho e Montana".
No percurso, a brasileira se encantou com a cadeia montanhosa conhecida como Bitterroot, visitou cidadezinhas abandonadas que lembram cenários de filmes, interagiu com outros motociclistas, visitou o lindo lago Flathead e pôde explorar as paisagens da região do Yellowstone National Park.
Tudo com o vento no rosto e, frequentemente, completamente só entre a natureza e o asfalto.
"Cheguei a fazer 400 quilômetros por dia", lembra ela, dizendo que, na hora do descanso, dormia em hotéis de beira de estrada, acomodações do Airbnb e esquema de Couchsurfing (no qual anfitriões disponibilizam espaços em suas casas para hospedar viajantes de maneira gratuita).
Um dos pontos altos da jornada, como era de se supor, foi a chegada ao Glacier National Park, onde Leticia pilotou na Going-to-the-Sun Road, que serpenteia entre montanhas nevadas, penhascos, bosques e lagos. "É uma das estradas mais bonitas com certeza. Significou muito para mim conseguir chegar até lá".
Sem perrengues, com empoderamento
Após tanto preparo, Leticia conta que sua jornada foi quase totalmente livre de perrengues sérios. "No começo da viagem, senti muito cansaço físico e dores no corpo. Mas fui me acostumando", lembra.
"Como tudo era novo para mim, me planejei demais e tomei muito cuidado na estrada. Nos EUA, você consegue encontrar facilmente mercados, restaurantes e serviços mecânicos mesmo em lugares remotos".
Durante a aventura, a brasileira criou um enorme vínculo emocional com sua motoca e fiel parceira. Ao voltar para casa, porém, foi hora de exercitar o desapego. Por um bom motivo: passar um mês em uma ilha afastada do Alasca em breve, fazendo trabalho voluntário com a comunidade local.
A experiência, é claro, ficou na bagagem:
"Viajar pelos Estados Unidos em cima de uma moto possante acabou sendo uma espécie de demonstração de que uma mulher baixinha e com cara de menina como eu também pode fazer isso. Depois de vendê-la, notei que não preciso da moto para parecer e ser forte e livre".
O mundo do motociclismo é muito masculino. Na viagem, não vi nenhuma outra mulher andando de moto sozinha".
Letícia compartilha seus trajetos pelo perfil @byleticiamello.
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