Doação de sangue também salva a vida de animais; entenda como funciona
A doação de sangue pode salvar vidas. Fato. O que muita gente não sabe, porém, é que não se trata de uma exclusividade humana. Cães e gatos também podem ser doadores — e os bancos de sangue animal trabalham duro para manter os estoques em dia.
"Existem cada vez mais doenças ocorrendo com os animais que precisam de transfusões. Elas são muito parecidas com as dos humanos, como câncer, doenças renais crônicas e traumas em geral como atropelamentos e fraturas. Há também as anemias graves causadas pelas doenças transmitidas pelo carrapato ou pelas pulgas, entre outras", diz a veterinária especialista em hematologia clínica e hemoterapia de cães e gatos, também diretora do Hemovet/Pet Care, Simone Gonçalves, para Nossa.
Desse jeito fica fácil entender a importância das doações, mas logo vem o principal questionamento dos tutores: será que a doação não vai trazer problemas para o pet saudável? A veterinária garante que se trata de um procedimento seguro, exatamente como é no caso da doação humana.
"Com os exames prévios em conformidade com as exigências, estando tudo ok com o animal, é muito seguro. Os cães saem da doação pulando e brincando. Recomendamos que eles não façam nenhuma atividade exaustiva no dia, mas é por um cuidado a mais", afirma Simone.
Não há problema algum para cães nem para gatos. A única questão é que os gatos precisam de uma leve sedação para não ficarem assustados".
Os pets podem se alimentar normalmente antes da doação. Existe apenas uma solicitação para que o animalzinho fique em jejum por 4 horas antes para evitar um problema que se chama lipemia, ou seja, a gordura no sangue. O objetivo é não comprometer o processamento de alguns componentes como o concentrado de plaquetas.
Ao chegar no local da doação, os pets passam por uma triagem que inclui hemograma completo para testar as condições do sangue a ser doado. Outros pré-requisitos para doação, no caso os cães, são ter um peso mínimo de 27 kg, idade entre 1 e 8 anos, temperamento dócil e vacinação e vermifugação atualizadas. O candidato a doador também não pode estar em tratamento com medicamentos nem ter recebido transfusão prévia.
Para os gatos, é preciso um peso mínimo de 4,5 kg e as demais exigências são iguais às dos cães. Nos exames, também são realizados os testes para detecção de leucemia e imunodeficiência felina.
Preencher os pré-requisitos para ser um doador garante que a retirada seja feita de maneira segura tanto para ele quanto para o animalzinho que receberá o sangue. É por isso que, antes de realizar a coleta, uma amostra de sangue do pet é coletada para a realização de exames prévios.
Beethoven, o doador
Ao atender todas as exigências e cumprir os protocolos de saúde, Beethoven, um simpático cãozinho SRD de 7 anos, tornou-se doador aos 2. Ele chegou, inclusive, a participar de campanhas a cada três meses, prazo mínimo permitido, mas agora diminuiu para duas por ano.
Parece que ele sabe que está ajudando. Nem se move durante o procedimento, que dura menos de cinco minutos a partir do momento em que colocam a agulha", conta a tutora Sueli Ishigami, desenhista industrial de 52 anos.
Sueli diz que na primeira vez em que levou Beethoven a uma doação foi incentivada por uma amiga, mas ainda tinha dúvidas sobre os procedimentos e questionava-se se seria correto doar algo que seria vendido para os cãezinhos que precisassem.
"Depois comecei a pesquisar a fundo os motivos — porque você doa e o banco de sangue cobra caro pelas bolsas — e vi que eles têm o trabalho de colher, cuidar, armazenar e por isso têm de cobrar realmente. A partir do momento em que conheci essas informações, nunca mais senti culpa por estar fazendo algo supostamente errado", afirmou Sueli.
Simone explica que, além de levarem em conta o exame que é fornecido ao tutor do pet doador, os valores também incluem custos com fracionamento e armazenamento do material. Para quem precisa utilizar, uma bolsa de sangue animal pode custar de R$ 800 a R$ 1 mil em São Paulo, valores que podem variar de acordo com a localidade.
A veterinária diz que existem bancos de sangue caninos e felinos com rigoroso controle de qualidade no processamento e armazenamento de forma semelhante aos bancos humanos.
"Nos bancos de sangue animal, realiza-se o fracionamento do sangue total canino em quatro componentes: concentrado de hemácias, plasma fresco congelado, concentrado de plaquetas e crioprecipitado, ou seja, quatro pacientes podem ser beneficiados ao invés de apenas um, caso seja utilizada a bolsa de sangue de forma integral."
No caso dos felinos, ainda de acordo com Simone, o sangue é armazenado sob a forma de sangue total, concentrado de hemácias e plasma.
O concentrado de hemácias é indicado para cães e gatos anêmicos. O plasma fresco pode ser congelado por 1 ano e utilizado no tratamento de deficiência dos fatores de coagulação (envenenamentos, picadas de cobra, insuficiência hepática e tumores). O concentrado de plaquetas é empregado nos casos de diminuição acentuada do número de plaquetas que são responsáveis, entre outras funções, pelo controle de sangramentos, e o crioprecipitado é indicado no tratamento de animais com doenças hereditárias que causam sangramentos como hemofilia.
Assim como os humanos, os animais possuem tipos sanguíneos diferentes. De acordo com a veterinária, os cães apresentam até 13 tipos e os gatos, apenas três. Ela diz que a raça campeã em doação é a dos Golden Retriever.
Para doar, basta preencher os requisitos de saúde e peso e procurar um banco de sangue. Com a pandemia do coronavírus, a maioria atende com hora marcada. Ainda não existem bancos de sangue públicos.
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