"Colete que foi da minha mãe é lembrança dos seus abraços apertados"
Cristiana Marinho Maymone
Esse colete tem 35 anos, eu tenho 36. Não me lembro de um momento em que ele não tenha estado presente na minha vida. Minha mãe ganhou a peça da mãe da melhor amiga dela, e ela virou uma espécie de uniforme de trabalho para ela. Ela costumava usá-lo aberto, por cima de uma camisa, com calça e lenço, um estilo mais formal.
Uma das lembranças que guardo com mais carinho e nitidez são de quando ela me buscava na escola. Somos recifenses, ela trabalhava na Zona Oeste da cidade, minha escola ficava no centro e morávamos em Olinda, ao norte de Recife. Eu nem sempre conseguia acordar cedo para vê-la antes do trabalho, pois estudava de tarde, então em geral só a encontrava depois das 20h, quando ela ia me buscar. E aí ela vinha com o colete, que passou a ser sinônimo da chegada e presença dela.
Minha mãe se aposentou ainda jovem, acabou deixando de lado as roupas que usava no trabalho, mas nunca se desfez do colete. Antes de eu me mudar para São Paulo, ela me deu a peça.
Confesso que aceitei sem saber bem o porquê, pois esse tipo de peça não combina comigo e com meu estilo. Sou bem mais despojada que minha mãe, embora tente me inspirar nela".
Mas oito anos e meio depois morando longe dela, sei exatamente o porquê eu quis ter o colete: ele é a representação da minha mãe em uma peça de roupa. E, talvez pela distância, passei a usá-lo com mais frequência. Já passei mais de um ano sem ver minha mãe pessoalmente, mas quando visto essa peça, é como se ela estivesse comigo — mesmo apostando em looks bem diferentes dos dela. Gosto de produções monocromáticas preto ou branca, no máximo com calça jeans.
E o colete vai sempre fechado e bem apertado, como o abraço que eu recebia da minha mãe quando ela me buscava na escola.
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