Pelados, testados e livres para sexo: repórter explora resort de swing
Logo no check-in do hotel liberal Desire Pearl, em Puerto Morelos, uma das praias paradisíacas da Riviera Maya, no México, recebi um par de testes rápidos para a covid-19. O exame é uma medida essencial em um resort onde não só nudismo e sexo são permitidos em áreas abertas, como a troca de casais é prática comum.
A prática do swing tem adeptos no mundo todo. Mas mesmo em hotéis onde o intercâmbio de parceiros é bastante usual, nada é obrigatório. O casal que chega ao resort pode apenas ficar na dele como também se jogar sem pudores no playroom (logo mais conto o que é esta "sala de jogos" nada puritana) ou na piscina gigante com hidromassagem onde sexo é permitido.
Na maior jacuzzi que já vi, casais passam madrugadas com seus parceiros ou em grupos, todos nus. Mas não pense que é uma "anarquia da pegação": só vale o que o outro casal concordar — ao registrar-se no hotel, o visitante assina um termo com regras de conduta, sendo a mais importante delas: "não é não".
Estando todo de acordo, um dos locais preferidos para consumar o encontro são os bangalôs logo ali ao redor da hidro. Em tempos de pandemia, assim que casal, trio ou até grupos desocupam a tenda, funcionários fazem a limpeza imediata do local. Também faz parte do "combo anti-covid" a medição constante de temperatura dos hóspedes.
Aqui só se hospedam casais. Solteiros têm outros hotéis liberais na região, como o Temptation, que permite topless — visitei esse também e conto outros detalhes calientes sobre ele mais adiante.
Mulher no comando
O Desire Pearl é um hotel pequeno perto dos resorts caribenhos. Tem 88 suítes e mais seis habitações numa mansão exclusiva onde se hospedam os VIPs. Ambos estão distribuídos em cerca de 20 mil metros quadrados de um jardim com plantas nativas e animais locais livres, como as onipresentes iguanas mexicanas.
Em sua maioria, o público é formado por pessoas como a norte-americana Lis e o marido, casal nos seus cinquenta e poucos anos — a média de idade da maioria dos hóspedes, embora jovens casais também se aventurem.
Morena, cheia de curvas, com silicone na medida exata, a executiva norte-americana não se incomoda de dividir o marido com outras mulheres quando está hospedada por lá. E, claro, arrebatar outros homens também. Faz parte do jogo.
Todos atuam dentro da regra: a mulher é quem se aproxima, puxa conversa, dribla e decide a partida. Quando parei no bar para tomar uma taça de espumante pré-jantar, foi Lis que se aproximou de mim.
Não pense que macho incomoda a parceira alheia. Os olhares são discretos, mesmo com pelados na piscina principal o dia todo. Faz parte das regras do hotel — obrigatoriamente assinadas naquele termo de regras no check-in —, não intimidar o outro. Também não é permitido fotografar quando houver pessoas.
Além da jacuzzi gigante, Lis costuma frequentar o playroom, sala aberta para sexo livre. Há dois espaços como este no hotel. O mais popular fica dentro da danceteria, com decoração moderninha, almofadas e sofás enormes.
O playroom da balada, separado do bar e da pista de dança por uma cortina transparente, só permite a entrada de casais. De fora, vê-se quase tudo que rola lá dentro — às vezes, formam-se grupos nos quais não dá para saber onde termina um braço e começa uma perna. É permitido de tudo: sexo a dois, cinco ou quantos concordarem.
Striptease
Durante o dia, os casais curtem a piscina ou a praia, onde há bares, entretenimento, música e vôlei de areia. Funcionários (vacinados e também testados) estão de máscaras sempre, mas poucos hóspedes usam o acessório.
Quase todos ficam nus. Em um primeiro momento, quem não está acostumado a esse universo não consegue tirar o traje de banho — o que está tudo bem, afinal, é opcional.
Depois de um tempo, o olhar se acostuma com corpos de todos os tipos. Ao contrário do que muita gente pensa, não precisa estar bombado, siliconada ou escultural. É uma experiência de aceitação e autoestima.
Tiro a roupa? Desta vez foi bem mais fácil livrar-me de todas as peças. É minha segunda oportunidade em um hotel como este. A primeira foi na Jamaica, de onde também escrevi para Nossa e fui taxada de "carola" nos comentários, porque não tirei todo o biquíni. Evoluí, gente.
A noitada começa no bar e, de lá, para o jantar. No total, são onze espaços gastronômicos no sistema all inclusive. Destacam-se o asiático Suki e o de cozinha mediterrânea, Pearl, meu preferido.
Pérolas despencam das luminárias e manequins exibem pernas esguias que saltam de quadros negros na decoração sexy. Ali, não se fica nu. Pelo contrário: mulheres gastam salto e maquiagem para entrar no smart casual (casual elegante).
Depois do jantar, uma banda esquenta a festa até começar a balada na casa noturna, onde acontecem os shows sensuais com stripetease, pole dance e danças picantes. O entretenimento sexy e adulto tem noites temáticas, como a da lingerie ou da schoolgirl, com uma pegada colegial. Os hóspedes entram na brincadeira da vestimenta mínima, brilhante e com bom humor.
Fiquei preocupada por não ter levado roupa adequada, pois ainda não tenho uma microssaia xadrez de schoolgirl. Mas quem vai despreparado pode fazer uma parada na lojinha do hotel. Além de filtro solar e escova de dente para os esquecidos, o local vende roupas sensuais e produtos de sex shop.
Depois da danceteria, ainda tem noite a explorar. Muitos continuam o troca-troca no playroom, outros vão para a megajacuzzi. A piscina também não fecha — e a limpeza de absolutamente tudo acontece entre seis e sete da manhã, quando estive acordada para fotografar o hotel sem hóspedes.
Mansão com camas de 5 metros
Mordomo próprio, restaurante exclusivo, massagens, piscinas, bares e playroom privativos. Quem se hospeda na mansão, o local mais VIP e caro do hotel, curte espaços únicos. As suítes têm bares particulares, jacuzzi na varanda e algumas chegam a abrigar camas que passam dos 5 metros de largura. Convenhamos, é cama para a turma toda.
Quem paga até R$ 12 mil reais a diária da mansão pode convidar mais hóspedes do hotel para participar de uma festinha regada a espumante francês, sem hora para terminar.
Topless e fiesta
Solteiros e casais baladeiros desinibidos encontram o Caribe ideal no hotel Temptation, em Cancún. O local permite topless, mas algumas mulheres mais animadas tiram também a parte de baixo do biquíni na piscina. Não é permitido, mas ninguém reclamou até hoje.
Todos os funcionários estão vacinados e usam máscaras. Os avisos para distanciamento e uso de cubrebocas" (máscaras), bem como dispenser de álcool, estão espalhados por todo lado. Mas vi poucos hóspedes usando a proteção nas áreas comuns.
Quem chega ao resort entra sem malas. Elas são desinfetadas ao serem retiradas do transporte. Quartos somente são liberados depois de desinfetados por vaporização. As chaves para abri-los estão na pulseira do hóspede. Ou seja, não há risco de derrubar cartão ou chave e ter contato manual com ela.
As festas rolam o dia todo na piscina principal. À noite, celebrações temáticas garantem a animação. Há uma diferente por dia, a semana toda, como a do brilho ou a da lingerie. Como topless é permitido, não é raro topar com seios à mostra, apenas enfeitados com pinturas corporais fluorescentes.
Entre os 14 espaços para gastronomia no Temptation, o restaurante She serve um menu degustação de comidas afrodisíacas. Enquanto as iguarias chegam, um casal faz show de striptease no pequeno palco. Entre uma salada e um risoto, os dois também descem de lá para exibir seus corpos ao redor das mesas.
Para quem se animou com os resorts, tenho dois conselhos. Primeiro: use máscara. Apesar de poucos hóspedes optarem e muita gente já ter sido vacinada, há variantes da covid-19 que podem estar no mundo todo.
Segundo, mas não menos importante: esqueça o ciúme, pois não há a menor possibilidade de não olhar — especialmente quando há um casal de bailarinos pendurados no pole dance entre uma garfada de outra no jantar.
Viagem ao México
México não exige teste de PCR nem visto para entrada no país, somente que seja preenchido um formulário sobre a saúde do passageiro, além do formulário padrão de entrada.
Para retornar ao Brasil, além de preencher o documento da Anvisa, é preciso fazer um teste PCR até 72 horas antes do embarque. O teste feito em laboratório em Cancún custa cerca de 130 dólares (aproximadamente R$ 686). Há laboratórios que realizam a coleta do material no próprio hotel e enviam os resultados por e-mail. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil oferece uma lista de recomendações de estabelecimentos que fazem os testes em território mexicano.
As diárias do Desire Pearl começam em US$ 710, com o mínimo de duas noites na reserva (o que dá, aproximadamente R$ 7,5 mil o casal, por dois dias).
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