Cansei de ser gato, agora sou CEO: Chico domina as redes e os negócios
Foi de forma despretensiosa que, lá em 2013, a administradora de empresas Amanda Nori, de 33 anos, e a publicitária Stefany Guimarães, 32, transformaram Chico, um simpático felino tigradinho SRD, em popstar da internet. Na época, o termo "influencer" ainda nem existia e ser blogueiro não dava muito status para ninguém.
Tudo começou quando as meninas ganharam um chifre de unicórnio de um amigo e resolveram colocar na cabeça do Chico. Alguém disse: "Ele cansou de ser gato". Pronto. Estava criado o termo que seria transformado em marca dois anos depois.
O pulo do gato, com o perdão do trocadilho, foi quando elas perceberam que o felino que tinham em casa não era um exemplar qualquer da espécie. Diferente de qualquer outro, ele gostava de usar roupas (fantasias, neste caso), e posava para fotos como um verdadeiro artista.
Foi aí que ele começou a não só se fantasiar, mas a mostrar como era a vida de um gato blogueiro e virou um personagem"
"Dois anos depois, vimos a necessidade de ter produtos pensados e criados exclusivamente para gatos. Enquanto consumidoras, não encontrávamos muitas opções em petshops. A partir daí, começamos a criar e desenvolver produtos e, em 2015, lançamos a marca", diz Amanda.
Ambas deixaram seus antigos trabalhos e passaram a se dedicar à marca desde então.
A grande família
Chico não é o único gatinho da família. Quem chegou primeiro, na verdade, foi Madalena, hoje com 9 anos, a mesma idade de Chico. Ele veio para fazer companhia à irmã. Depois, a ideia era trazer mais um bichano para a turma. Então, as moças procuraram a ajuda de uma protetora de animais.
"Ela levantou o Tião em uma das mãos e a Terezinha na outra, dizendo: 'tem esse aqui, que é irmão dessa aqui'. E não resistimos, claro", conta Stefany. Sebastião e Terezinha são irmãos "verdadeiros" e têm 8 anos. Estava formada a familinha dos quatro gatos tigradinhos que ficariam famosos alguns anos depois.
Apesar de Chico ter, entre todos, a maior "vocação" para a fama, os demais também aparecem como coadjuvantes na história criada pelas moças na internet. Desde o início, quem aparece e tem voz são os gatos, que falam sobre a própria vida, fazem propaganda dos produtos e dos patrocinadores, além de "conversarem" com os seguidores tutores de felinos.
Tudo acaba girando em torno da "dominação mundial felina", um termo que brinca com a personalidade e independência característica dos gatos. Chico e companhia referem-se aos humanos como funcionários de uma empresa onde quem manda são os felinos e a "brincadeira" está institucionalizada.
As pessoas pedem dicas importantes e conversam com o gatinho que responde por meio das redes sociais. Hoje, o público já chega a 2 milhões de seguidores entre Facebook, Instagram, site, blog e podcast exclusivo no serviço de streaming de áudio Spotify.
Um gato de negócios
Os produtos da marca Cansei de Ser Gato já somam 70 itens entre caminhas, brinquedos, potes de comida, além de produtos para humanos como cadernos, calendários, canecas e adesivos.
Os mais vendidos são a coxinha recheada de catnip (a chamada erva do gato, cujo cheiro acalma e traz felicidade aos bichanos) e o comedouro duplo de madeira.
A ideia das proprietárias é ampliar o portfólio de produtos já no próximo ano. Tudo, claro, com o aval do Chico, que agora já assume o posto de CEO da marca.
Tudo realmente é testado e aprovado pelos gatos, principalmente o Chico, que é bem exigente. Já deixamos de lançar produtos que os gatos de casa não usaram", afirma Amanda.
Ela também conta que o desenvolvimento dos itens acontece após conversas e pesquisas a respeito do comportamento e saúde da espécie. "Pensamos no bem-estar, conforto e design. Antes, o mercado não pensava na casa do humano, era só no bichinho e, em geral, cachorros. Olhamos para o que o mercado não está fazendo e desenvolvemos essas soluções para o dia a dia dos gatos e gateiros".
O trabalho das moças rendeu, neste ano, uma parceria com a rede Petz, que comprou a marca e terá os produtos vendidos nas prateleiras das lojas espalhadas pelo país. Elas não revelam os valores que envolveram as negociações, mas permanecem à frente da criação dos produtos e gerenciamento das redes que dão voz aos gatinhos.
"As categorias de produtos e serviços para gatos são as que mais crescem no Brasil, mas ainda são carentes de sortimento. Nós vamos dar uma curadoria, com inovação e criação de tendências neste segmento", diz Stefany.
Cuidados com a saúde
Com trabalho de "gente grande", Chico e família passam por checkups anuais, além de serem acompanhados de perto por veterinários que garantem a saúde de todos. A alimentação é apenas úmida, ou seja, ração seca raramente faz parte do cardápio dos tigrados.
"Foi o que fez o Chico emagrecer 1 quilo porque estava obeso quando comia apenas ração seca. Ele é do tipo que come tudo de uma vez, por isso tem horário para as refeições. Oferecemos ração seca apenas no comedouro bolinha, para que ele brinque e faça exercício enquanto come", explica Stefany.
Vida de modelo
Os cuidados garantem que todos "saiam bem nas fotos" o que, aliás, intriga muita gente. Qual é a mágica que faz um gato ficar quieto, fazer pose e carão para as fotos?
"Nem a gente tem essa resposta. O Chico simplesmente não liga para roupas e encara as câmeras. Se deixar, ele vai até a caixa de areia com moletom. Não fizemos nenhum treinamento, mas depois de tantos anos ele entende o comando "senta!" e ronrona fazendo fotos porque sabe que vai ganhar um petisquinho", conta Amanda.
Ela diz que as fotos não levam mais de dois minutos e como o CEO é bastante expressivo, é certeza de que em um total de cinco fotos, pelo menos quatro estarão boas para serem utilizadas nas redes.
Para acostumar os gatos com roupinhas, a dica de uma das mães de Chico e família é entender a personalidade do bichano e respeitá-la. "A Madalena e a Terezinha gostam menos, mas usam no frio. Gato não faz o que não quer, então a nossa dica é experimentar roupas confortáveis, que não tirem a mobilidade e ver como ele reage", recomenda Amanda.
A primeira vez pode ser estranho, mas na próxima ele pode começar a se adaptar"
Quem tem um gatinho para chamar de seu em casa sabe que quem manda mesmo é ele, que vai dormir onde quiser, comer só o que agrada e fazer apenas o que tem vontade sem obedecer comando nem ordem de humano algum. Tudo em prol da "dominação mundial felina", certo Chico?
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