Com "joias para a casa", arquiteta muda de vida e celebra decoração emotiva
A vida fez um zigue-zague rebelde até que Lena encontrasse sua arte. Por dez anos atuou como arquiteta, atendendo ao diploma na parede. Casou-se e tudo seguia o rumo esperado. Mas com o tempo, tudo desmoronou: não se sentia mais feliz com a profissão e seu casamento acabou. Tudo mostrava que era preciso renovar os ares.
"Sempre quis estudar fora. Pedi demissão e fui para a França aprender francês fluente a fim de fazer uma pós-graduação lá. No meio dessa experiência, percebi que os franceses conheciam mais a minha terra do que eu. Morri de saudade e descobri que precisava voltar para valorizar o que temos aqui", conta.
De volta ao Brasil, cursou Design de Mobiliário e conheceu um grupo de amigas e pesquisa inspirador. E mais: um professor com o tom antroposófico que a ajudou a descobrir sua essência artística. "Entre essas amigas estava a Maria Fernanda Paes de Barros, do Yankatu, com quem conheci o Vale do Jequitinhonha, o Muzambinho. Fiquei encantada", lembra.
Naquele ano de 2017, o dinheiro estava acabando. Lena precisava criar logo uma fonte de renda — e ser criativa, claro — sob a pressão dos boletos. "Precisava inventar algo que não fosse caro, que não tivesse uma logística onerosa e isso não podia dar errado", conta.
Logo, lembrou-se da cerâmica da artista popular Deuzani, que havia produzido bolinhas de cerâmica, e dos cristais que encontrava no chão e que eram colhidos pelos moradores do Jequitinhonha. "Aquilo despertou em mim uma vontade. Uma parte da minha família é daquela região, mas não da mesma realidade que a dos artistas populares. Nessa época, minha avó faleceu e revendo as coisas da casa, vi peças de cerâmica que ela guardava. Aquilo me tocou muito."
Emoções à flor da casa
Mesmo vivendo o luto, a luta diária de criar e enfrentando questionamentos da família sobre abandonar a arquitetura, Lena conseguiu compor esculturas com cerâmica e cristais. O resultado fez parte de uma exposição no Museu A Casa, em São Paulo.
"Quando vi as esculturas na parede, entendi bem claramente: era o que eu queria fazer na vida. Me emocionei muito."
Nascia assim o Estúdio Leh (@estudioleh), com encomendas e novos convites para parcerias. O termo "joias para a casa" veio de outra artesã e define bem o que Lena quer com sua arte: "Coisas não-coisas, ou seja, objetos sem exatamente uma função, que despertem sentimentos bons nas pessoas", diz ela, que trabalha com a intuição. Lena fez até estudos usando seus conhecimentos de Gestalt para que suas criações levem calma e acolhimento às pessoas.
A arte mudou minha vida. A cada peça que terminava, era como uma terapia que me fazia enxergar: 'olha quanta coisa boa posso fazer'. Essas continhas são as 'horinhas de descuido onde encontro a felicidade', como dizia Guimarães Rosa."
Muitas mãos
Lena confecciona cada joia sozinha, mas há varias mãos nos bastidores. "A Deuzani e as filhas produzem as contas de cerâmica, Nayara faz a logística, Roberta é minha sócia e há mais mãos envolvidas."
Há peças prontas ou sob encomenda. A cada dia, entre duas e três delas ficam prontas para irem para novas casas, a fim de despertarem emoções —-as mais positivas possíveis.
@s que me inspiram
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.