Dior apresenta cores vivas e proposta de bem-estar à plateia em Paris
A Dior voltou às passarelas da Semana de Moda de Paris com uma coleção primavera-verão 2022 fortemente alinhada à tendência "dopamine dressing" ('vestindo dopamina', em tradução livre do inglês, em referência a um dos neurotransmissores ligados ao prazer no cérebro humano).
O movimento que abraça cores fortes e modelagens que priorizam conforto ganhou força após a pandemia de covid-19 e foi associada a uma busca de bem-estar em um momento de insegurança e questões sociais complexas para todo o globo.
"Há uma mudança em como nos sentimos, todos nos vemos mais vulneráveis, e cada um responde à sua maneira, alguns querem se isolar e outros vivem intensamente. Para mim, você tem que viver todos os dias", opinou a estilista Maria Grazia Chiuri, diretora criativa da grife, à AFP.
Resgate histórico
Essa busca se refletiu na coleção da Dior, que trouxe uma variedade de minivestidos coloridos com toques dos anos 1960 e 1970 em uma homenagem e releitura da liderança criativa de Marc Bohan, que ficou conhecido por modernizar estilos afrouxando as silhuetas da maison justamente nesta época.
Laços enormes, casacos coral e lavanda, shorts, minissaias e jaquetas estruturadas ainda foram outras marcas do desfile, que se distanciou do romantismo habitual de Maria Grazia. A icônica Bar Jacket, um clássico de Christian Dior após a Segunda Guerra Mundial, e presente nas últimas temporadas elaboradas pela italiana, estava ausente desta edição.
"Há um trabalho importante na jaqueta. Queria mostrar que não existe só a Bar Jacket" no vocabulário da casa, explicou ainda à agência AFP.
Referências esportivas
Tecidos a base de neoprene e composições inspiradas nos trajes clássicos de boliche também estavam presentes na primavera-verão da casa francesa. "Durante a pandemia, entendemos a importância do esporte, não no sentido de praticá-lo, mas na ideia de se sentir bem. Estávamos presos e tínhamos a necessidade de cuidar de nós mesmos fisicamente", justificou Maria Grazia.
Esta nova coleção com peças estruturadas e poucos vestidos de noite leves e esvoaçantes — favoritos da diretora criativa — surpreendeu até mesmo os artesãos da Dior.
"É minimalista, muito geométrico e com tecidos rígidos. Quase não tem bordado. Com relação ao que costumamos fazer, é muito diferente", disse à AFP Pascal Coppin, chefe das oficinas de vestidos e conjuntos soltos. Os tecidos mais rígidos, aliás, representaram um desafio para os costureiros que tiveram de fazer diversas tentativas para alcançar os acabamentos ideais.
Atmosfera lúdica
A cenografia do desfile foi feita pela também italiana Anna Paparatti, reconhecida na cena romana dos anos 60, que trouxe o "jogo do absurdo" para a passarela. Com ares de performance, a proposta era sinalizar à plateia que este seria o espetáculo do inesperado.
"A coleção nasceu da necessidade de mostrar até que ponto a moda é um jogo com aspectos lúdicos muito importantes, mas também educativos. As pessoas usam a moda como forma de expressão, para brincar, para se representar. No final, a moda é uma grande performance", acredita Maria Grazia.
As modelos desfilaram ao som da música eletrônica do grupo italiano Il Quadro di Troisi, em um palco que girava em torno de uma enorme plataforma circular, que remetia aos cenários de game show.
Retorno ao antigo normal?
A Dior foi uma das grifes que voltou a receber o público na Semana de Moda de Paris, que ainda segue com programação híbrida, isto é, com parte dos desfiles ocorrendo apenas de maneira virtual.
Na chegada, os convidados apresentaram os smartphones com passes sanitários que comprovavam vacinação ou testagem negativa para a covid-19 e tiveram a temperatura aferida antes do acesso à marquise no Jardim das Tulherias.
Dezenas de marcas apresentarão suas coleções a plateias presenciais na capital francesa até o dia 5 de outubro, encerrando o mês da efetiva retomada dos grandes eventos de moda em Nova York, Londres e Milão depois de um ano e meio de interrupções, adaptações e ausências devido às novas exigências sanitárias.
"Durante a crise da pandemia, fizemos muitos vídeos. Acho que não é o mesmo, acho que é completamente diferente, porque a moda é algo que você faz em um palco", disse Maria Grazia Chiuri em entrevista.
*Com informações da AFP e da Reuters
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