Traição e tradição: por que Diana se recusou a usar Chanel após o divórcio?
Um dos filmes mais esperados deste ano é "Spencer". A trama, que será lançada em novembro, vai girar em torno do Natal da família real britânica em que Diana decidiu se divorciar do príncipe Charles. Quem dará vida à princesa no longa-metragem é a atriz Kristen Stewart, que chamou atenção nas redes sociais e na mídia pela semelhança com Lady Di por meio da caracterização.
Na primeira imagem divulgada, Kristen mostrou que a moda fará parte da narrativa, assim como em "The Crown" — o que não é de se estranhar, visto o status alcançado por Diana como influenciadora no estilo para muitas mulheres, até hoje. No registro em questão, a estrela de Hollywood aparece usando um casaco vermelho da Chanel apresentado na coleção Outono/Inverno 1988-89, à época sob o comando de Karl Lagerfeld.
O look recria a roupa usada por Lady Di no Natal retratado no longa-metragem — embora, na ocasião, o sobretudo da princesa não fosse um Chanel.
Além desse, o vestido usado por Kristen Stewart no poster oficial de "Spencer" também é da Chanel. A peça levou mais de mil horas para ser finalizada.
A presença da etiqueta francesa em "Spencer" não é surpreendente, por dois motivos.
O primeiro deles implica no fato de que Kristen Stewart é um dos rostos da label — marcando presença nos principais desfiles e vestindo-a para red carpets. No longa "Personal Shopper" (2016), inclusive, também protagonizado pela atriz, o figurino é recheado por peças da Chanel.
Já o segundo motivo está no fato de que Diana, até o fim da sua vida, criou uma longa parceria com a Chanel. No entanto, a relação com a grife se tornou conflituosa após a separação de Charles, anunciada em 1992 e oficializada em 1996.
O motivo para isso? O logotipo da marca.
A relação entre Diana e a Chanel
Para entendermos a história, primeiro precisamos voltar para 1988. Foi nesse ano que Diana realizou sua primeira turnê mundial, sendo uma das cidades visitadas Paris, na França.
A escolha da roupa utilizada para cada uma das paradas, durante as viagens, era essencial. Praticamente um cumprimento de etiqueta social. Para ajudá-la no que vestir em terras francesas, Lady Di buscou conselhos de sua stylist, a editora de moda da "Vogue" Anna Harvey.
Em entrevista ao "The Telegraph", Harvey, que faleceu em 2018, contou que a ideia era que a princesa saísse do avião usando um estilista francês: "Chanel foi a escolha óbvia, esse foi o começo do relacionamento", disse à publicação.
As roupas da grife parisiense continuaram a aparecer nos looks de Diana, a partir dos anos 1990. No entanto, havia um empecilho: o logotipo da marca, que traz duas letras "C" entrelaçadas.
Em "Diana: In Her Own Words", disponível na Netflix, a princesa relembra suas primeiras suspeitas sobre a traição de Charles com sua atual companheira, Camilla.
O príncipe teria aparecido com um par de abotoaduras que traziam duas letras "C" entrelaçadas, assim como da Chanel. Quando questionado, ele revelou que era um presente de Camilla, o que despertou ciúmes em Lady Di. Afinal, nada mais romântico do que juntar as iniciais do seu nome com a do amado.
A Chanel, a partir de então, passaria a ser uma possível ferramenta com que Diana se comunicasse com o mundo.
Ironicamente (ou não), quando o primeiro-ministro John Major anunciou a separação de Charles e Diana, em 1992 — época em que o caso entre Charles e Camila ainda não era de conhecimento público —, a princesa escolheu uma jaqueta azul-marinho da grife francesa para a primeira aparição após a divulgação da notícia. Lá estavam os "C's" entrelaçados.
Se ela queria enviar uma mensagem com isso, nunca poderemos saber. A interpretação é livre, mas parece conveniente.
Agora, se você está se perguntando se isso seria uma mera coincidência ou Diana tinha ideia da proporção midiática de sua atitude, o editor de moda australiano Jayson Brundson pode ter sanado essas dúvidas em entrevista à "Harper's Bazaar Australia".
Segundo o designer, em um encontro com Diana, poucos anos depois, enquanto se preparavam para um jantar de gala ele sugeriu que a princesa usasse um par de sapatos da Chanel, os quais "combinariam com o vestido da Versace". A resposta dela foi:
Não, não posso usar C's vinculados, o C duplo. É de Camilla e Charles."
Roupas da Chanel pareciam ser usadas por ela em momentos oportunos. Sendo alguns deles o primeiro Dia dos Namorados após a finalização do divórcio, em 1997, e a confirmação de príncipe William ao trono inglês, no mesmo ano.
Mesmo que cheio de significados, sejam eles bons ou ruins, o relacionamento entre a princesa e a etiqueta foi duradouro. A última vez em que ela foi vista usando a grife foi em junho de 1997, dois meses antes da sua morte.
Assim como com o "vestido da vingança", a moda narrou parte da vida pessoal de Diana aos olhos do público. E fez história mais uma vez.
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