Troca de casas já é uma realidade no Brasil e opção de hospedagem econômica
Tudo isso mal tinha começado e já se previu o que seria o futuro do turismo: viagens curtas perto de casa, distanciamento social e atividades ao ar livre. Mas o novo normal, que pouco se sabe ainda do que se trata, trouxe também novidades para o setor.
Os brasileiros já contam com esse serviço de intercâmbio de residências em plataformas como a Belocal, a primeira do ramo na América Latina. Já a partir de outubro, o Brasil terá outro site, exclusivamente nacional: a Yô Clube de Casas.
A plataforma nacional reúne um portfólio de imóveis de alto padrão que são disponibilizados temporariamente pelos proprietários, sem que o "inquilino" tenha que colocar a mão no bolso para passar alguns dias em uma segunda casa.
Inspirado em serviços do gênero fora do país, como o HomeExchange, o clube já conta com 30 opções de endereços que vão de apartamento duplex em São Paulo à casa no litoral baiano, de condomínios de luxo no interior paulista a endereços em Lisboa e Miami.
Como funciona
Segundo Henrique Skujis, um dos fundadores da Yô Clube de Casas, a troca é feita com um sistema de pontuação, cujos imóveis são classificados por estrelas, de acordo com diferenciais como tamanho, localização e opções de lazer na casa, como piscina.
"A moeda de troca é a pontuação que se ganha ao disponibilizar a casa, acumulando pontos conforme se vai recebendo mais gente", explica.
Nessa espécie de programa de milhagem, o acúmulo de pontos se dá a partir de ações como a inscrição no site e o número de dias disponibilizados para uso. Para aquecer o negócio, que só começa a funcionar no Brasil em outubro, o site isentará os clientes do pagamento da taxa de troca até 31 de janeiro de 2022.
Outra facilidade é que não se trata de uma negociação reciproca. "Eu posso ficar na sua casa, mas não necessariamente você precisa ficar na minha, no mesmo período. Não é uma troca imediata", detalha o fundador da plataforma brasileira.
Já na HomeExchange, líder global no conceito de "hospitalidade gratuita" e com base na França, é possível fazer trocas com pontos, "mas o mais tradicional é fazê-la de forma reciproca", ou seja, as trocas são feitas entre os proprietários sem necessidade de pontuação.
"Alguns dos membros que mais fizeram trocas são brasileiros que moram fora do país. Já os que estão no Brasil chegam a fazer de 4 a 5 trocas por ano", explica Sérgio Salvaterra, responsável pelo apoio ao cliente da HomeExchange.
Com mais de 450 mil imóveis em 159 países, o site tem 28.100 opções no Brasil, em destinos como Porto de Galinhas, Lençóis Maranhenses e até na Vila de São Jorge, na Chapada dos Veadeiros.
No exterior, os países mais procurados para trocas, em 2019, foram França, Espanha, EUA, Itália e Canadá, segundo levantamento dessa plataforma que viu a popularidade do serviço disparar após o lançamento do filme "O amor não tira férias" ("The Holiday", em inglês).
Nessa produção de 2006, as protagonistas Iris (Kate Winslet) e Amanda (Cameron Diaz), cansadas das próprias rotinas, decidem trocar entre si suas próprias casas, em pleno Natal.
O que dizem os membros
"Quem tem uma casa de férias acaba indo sempre para o mesmo lugar, o dono do imóvel se prende a uma única opção", avalia a empresária Marta Roquete, que tem casa em Guarajuba, praia no distrito de Camaçari, ao norte de Salvador, e já provou trocas residenciais nos Estados Unidos e em Portugal, pelo site de casas de luxo Third Home (www.thirdhome.com).
Assim como lembra Marta, mesmo com as taxas cobradas pela plataforma para intermediar a negociação, o valor sai mais barato do que reservar um quarto em um hotel.
Tanto na HomeExchange como na brasileira Yô Casas, o associado paga uma taxa de manutenção, algo em torno de R$ 500.
Nessa espécie de Airbnb de trocas residenciais, ao ser hóspede e anfitrião, ao mesmo tempo, cria-se um respeito mútuo entre os membros do clube, pois "um sabe que vai ter que cuidar da casa do outro porque tem alguém na sua própria casa", analisa Skujis.
"No início, o brasileiro deve estranhar um pouco o conceito, mas depois de usar uma vez, a gente se dá conta de que é bem interessante e quer fazer sempre", avalia Marta.
E até quem não tinha casa para trocar, já se interessava pela proposta.
"Eu tinha ideia de fazer algo parecido, mas achava que São Paulo não era um lugar onde as pessoas queriam passar férias", descreve a advogada Cristiane Marrey Moncau, que mora na capital paulista e comprou um segundo imóvel em Florianópolis, em 2020.
Apesar de ter sido uma aquisição para uso pessoal, onde passou parte da pandemia fazendo home office, Cristiane decidiu reformar o imóvel e aguarda o início dos serviços no novo site brasileiro.
"Agora eu tenho uma moeda de troca significativa, no [bairro] Campeche", comemora.
Para Henrique Skujis, "a segunda casa vira uma espécie de passaporte para as pessoas viajarem para casas tão confortáveis quanto a própria casa, ou até mais".
Tendência na pandemia
A HomeExchange teve um crescimento de 30% no número de reservas feitas por brasileiros, em plena pandemia de coronavírus, e, para Sérgio, o novo normal deve favorecer esse tipo de serviço, sobretudo por conta da perda de renda da população em geral, que passará a buscar alternativas mais econômicas na hora de viajar.
"A pandemia fez disparar a procura por casas de campo ou de praia com mais espaço. Ficar em uma casa [residencial] é uma experiência que não se tem em um hotel, não tem que se preocupar com distanciamento social, por exemplo", analisa Skujis.
Para ele, é um negócio ainda inédito no Brasil, pois o objetivo do clube não é gerar renda, e sim "um caminho para novas experiências em casas incríveis".
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