Força criativa: as "mestras do barro" resgatam cerâmica do Jequitinhonha
Mestras do Barro
Maria do Carmo Barbosa Sousa tem 52 anos — e pelo menos metade disso passou moldando a cerâmica na cidade de Turmalina, que faz parte do Vale do Jequitinhonha. Ela e a comunidade estavam acostumadas a ver pouco retorno no fazer manual. Tampouco haviam experimentado a sensação de ter seu trabalho valorizado: ele era feito para subsistência no passado.
Há cerca de 2 anos, quando uma marca nacional de decoração as procurou para criar a primeira coleção de cerâmica, intitulada Mestras do Barro, o grupo nem acreditou. "Tudo se transformou para o nosso artesanato. Essa coleção foi uma revolução nas nossas vidas", diz.
Neste ano veio a segunda coleção, sob o tema Afeto. Ao todo, as mãos habilidosas criaram para a coleção 38 itens diferentes — e elas foram além dos esperados utilitários de cerâmica. Luminárias e móbiles eram um passo ousado que deu ainda mais coragem a elas.
Produzir em grande escala, sob olhares de uma grande marca e com curadoria de Lucas Lassen, diretor da Loja Paiol, levou o grupo a fortalecer o trabalho em equipe, dividindo as muitas etapas que a cerâmica exige — e eles são vários. Do preparo do barro, passando pela secagem, pintura e polimento até chegar ao despacho, cada mão é importante e pode diminuir o tempo de produção.
Atuaram no desenvolvimento da coleção a designer Paula Marra e a designer do time de Estilo da Camicado.
Cada peça leva a assinatura de uma delas e pode ser encontrada nas lojas ou no e-commerce da Camicado. "Fazemos tudo manualmente, sem forma nenhuma. A jarra de gomos é a mais complexa e na minha opinião, a mais bonita", diz do Carmo.
Sua primeira coleção recebeu prêmio na categoria Produção Coletiva do museu A Casa, em São Paulo. Logo, o impacto emocional na comunidade foi maior que o alívio financeiro.
"Muitas artesãs conseguiram reformar seus ateliês, dar um jeito na casa, a vida mudou para melhor. Mas a transformação mesmo é nas pessoas. Com esse resgate do artesanato, ganhamos ânimo na comunidade. As mais jovens antes saíam daqui. Hoje repassamos a elas nossa arte de tradição e temos visto esse interesse aumentar nas oficinas. Tínhamos medo que ele morresse."
@s que me inspiram
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