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13 anos na estrada e 20 passaportes: ele conhece todos os países do mundo

O britânico Harry Mitsidis no Lago Titicaca, no Peru, em 2014 - Arquivo pessoal
O britânico Harry Mitsidis no Lago Titicaca, no Peru, em 2014 Imagem: Arquivo pessoal

Marcel Vincenti

Colaboração para Nossa

23/10/2021 04h00

Com apenas 36 anos de idade, o britânico Harry Mitsidis já havia visitado todos os territórios do mundo que são reconhecidos como países pela Organização das Nações Unidas.

Porém, mesmo ostentando uma marca atingida por pouquíssimas pessoas no planeta, ele queria mais: "depois de pisar no último país que me faltava [a Guiné Equatorial, na África], senti uma alegria incrível e, ao mesmo tempo, um anticlímax. Fiquei me perguntando: 'e agora? O que faço a seguir?'".

Harry resolveu continuar percorrendo o globo, agora para ir a regiões que não tinha explorado anteriormente. Um de seus objetivos era compreender a fundo as diferentes paisagens e culturas que existem dentro de cada nação da Terra.

Você não pode dizer que conhece completamente o Brasil se só esteve no Rio de Janeiro. Ou que conhece todos os Estados Unidos se só viu Miami", avalia ele.

Harry nas Falklands (Malvinas), em 2011 - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Harry nas Falklands (Malvinas), em 2011
Imagem: Arquivo pessoal

Hoje com 48 anos, ele afirma que já esteve pelo menos duas vezes em quase todos os países do mundo — e que nem pensa em parar de viajar por aí.

DNA internacional

"Venho de uma família internacional", conta Harry. "Minha mãe nasceu na África do Sul e tem ascendência polonesa. Meu pai é grego. E eu nasci em Londres. Viajar está no meu DNA".

A primeira viagem internacional de Harry foi com sua família para a Grécia, quando ele tinha apenas 40 dias de vida. Já a primeira jornada que realizou sozinho teve como destino a Alemanha, com 16 anos de idade.

No Paquistão, em 2012 - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
No Paquistão, em 2012
Imagem: Arquivo pessoal
Em Petra, Jordânia, em 2012 - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Em Petra, Jordânia, em 2012
Imagem: Arquivo pessoal

Mas ele afirma que foi uma experiência no Vietnã, aos 24 anos, que o transformou definitivamente em um viajante global.

"Passei o verão em Hanói em 1996. Na época, o Vietnã não era este destino turístico popular que é hoje e constituía um destino excepcionalmente autêntico. Terminei esta viagem sedento por mais experiências autênticas, mais aventuras, mais liberdade e mais conhecimento sobre o mundo".

Harry em números

  • Passou pelo menos 13 anos de sua vida longe de casa, viajando;
  • Encheu de carimbos pelo menos 20 passaportes;
  • Já pegou aproximadamente 3.100 voos na vida;
  • Já voou em mais de 450 companhias aéreas -- "muitas delas nem existem mais", diz;
  • Fala fluentemente inglês, grego, espanhol e sérvio; consegue se comunicar em francês e holandês, além de entender um pouco de português, alemão, italiano, russo e eslovaco. Está estudando mais um idioma: turco.

De prisão no Iêmen a reverência ao líder

Harry conta que o momento mais difícil que passei como viajante foi quando foi preso por uma noite no Iêmen, antes do começo da atual guerra civil no país.

Entrei no país sem os documentos necessários e eles me colocaram em uma cela suja, sem me explicar como a situação poderia ser resolvida e quando eu seria solto".

No Iêmen, em 2013  - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
No Iêmen, em 2013
Imagem: Arquivo pessoal

Já na Etiópia, Harry perdeu o que ele considera seu maior tesouro: seu passaporte. "Era tarde da noite e eu não sabia o que faria no dia seguinte. Por sorte, acabei encontrando o passaporte embaixo do tapete do banheiro na manhã seguinte. Ele havia caído do bolso da minha calça. Que alívio!".

Em Daito, no Japão, em 2012 - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Em Daito, no Japão, em 2012
Imagem: Arquivo pessoal

Mas nem só de perrengue vivem as memórias de Harry. Quando esteve no Japão, Harry resolveu visitar um remotíssimo arquipélago chamada Daito, no sul do país. "Ao desembarcar lá e sair do aeroporto, fui abordado por um jovem local chamado Satoshi, que estava surpreso por ver uma pessoa ocidental ali". Satoshi resolveu mostrar-lhe atrações da região e o apresentou a outros moradores.

Na Coreia do Norte, em 2004 - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Na Coreia do Norte, em 2004
Imagem: Arquivo pessoal

Outra recepção "diferente" foi a da Coreia do Norte. Quando chegou à capital Pyongyang em 2004, a primeira coisa que teve que fazer, antes mesmo de fazer check-in no meu hotel, foi comprar flores e entregá-las à estátua do Grande Líder [o fundador do país, Kim Il-sung], em posição de reverência.

Era algo que tínhamos que fazer. Foi uma viagem em que fomos acompanhados por guias o tempo todo e em que tudo parecia encenado, como o filme 'O Show de Truman'".

Os lugares favoritos de Harry Mitsidis

Luang Prabang (Laos)

"Apesar de ser bem turística, acho esta cidade extremamente linda, espiritualizada e autêntica. A população tem o costume de, todas as manhãs, dar comida para os monges locais. É uma confirmação da bondade da alma humana"

Sérvia

"É um país com uma má reputação pelas guerras, mas, ao ir para lá, descobri um lugar repleto de belezas naturais, ótima comida e pessoas amigáveis e cultas. Acabei aprendendo a falar sérvio e hoje o país é minha segunda casa".

Etiópia

"Este é um país que roubou meu coração, com uma atmosfera mística e altamente fincada em tradições. Trata-se de um território com muitos contrastes, desde as regiões montanhosas no norte até as áreas tribais no sul."

Ilha da Madeira (Portugal)

"Amo a Madeira, especialmente porque fiz couchsurfing lá e meu anfitrião me mostrou toda a ilha, me fazendo sentir em casa. Para mim, o jardim Monte Palace é a melhor definição de paraíso".

Como sustentar o estilo viajante

Hoje morando na Inglaterra, Harry foi palestrante na área de administração e liderança empresarial durante muitos anos. Segundo ele, viagens sempre foram o principal destino de suas economias.

Ele realiza sozinho a maioria de suas jornadas e, nos lugares que visita, utiliza diversas modalidades de hospedagem. "Já fiquei em vários tipos de lugares, do hostel mais barato até bons hotéis. Mas se estou em um destino por mais de duas noites, prefiro usar Airbnb, pois, assim, me sinto mais como um local".

Em Timbuktu, Mali, em 2018 - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Em Timbuktu, Mali, em 2018
Imagem: Arquivo pessoal
Em Ladakh, Índia, em 2011 - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Em Ladakh, Índia, em 2011
Imagem: Arquivo pessoal

Atualmente, Harry tem também dedicado seu tempo para desenvolver o site NomadMania (https://nomadmania.com/), que traz um ranking das pessoas mais viajadas do mundo de acordo com o número de regiões do globo que elas visitaram.

A inscrição de quem quiser cadastrar suas viagens no site e fazer parte do ranking é totalmente gratuita.

Próximos destinos

"Há só 11 países do mundo que eu visitei menos de duas vezes. São estes locais que tentarei visitar novamente assim que for possível", relata Harry.

Entre eles estão Argélia, Serra Leoa, República Democrática do Congo e algumas ilhas do Pacífico, como Tonga".

O britânico também pretende voltar mais para o Brasil, onde quer realizar viagens por Minas Gerais e Santa Catarina.