Chef do Morro da Babilônia, no Rio, ensina 3 docinhos com casca de banana
É transformando partes improváveis dos alimentos em pratos saborosos que Regina Tchelly, de 40 anos, tornou-se referência no combate à fome e ao desperdício. Há 10 anos, a chef paraibana moradora do Morro da Babilônia, no Rio, faz história à frente do projeto Favela Orgânica.
Com Nossa, ela compartilhou três receitas práticas, baratas e nutritivas: o bolo cremoso, o brigadeiro e o pé de moleque. Todos os docinhos usam como base a casca da banana. Ficou surpreso?
Segundo Regina, o seu trabalho não se trata de reaproveitar e sim de aproveitar integralmente. Afinal, a casca da banana também é alimento, apesar de ser tratada como um lixo por uma questão de hábito.
"As políticas públicas e as grandes indústrias promovem uma cultura oposta ao aproveitamento porque querem que as pessoas só comprem e comprem".
Para uma banana chegar na nossa casa é preciso dois anos entre a plantação e a colheita. Precisamos valorizar cada ingrediente".
Clique nas imagens abaixo e confira as receitas completas:
Mais vida no Morro da Babilônia
Natural de Serraria, no interior da Paraíba, Regina se mudou para a cidade maravilhosa em 2001 para trabalhar como doméstica. A quantidade de alimentos sendo desperdiçados chamou a sua atenção por todos os lugares, das feiras livres a sua própria comunidade, o Morro da Babilônia, no Leme.
Na Paraíba, a cultura é usar o máximo que a gente puder".
Autodidata, ela começou a recuperar com os feirantes o que iria para o lixo e a inventar receitas em casa. "Sempre quis ser uma cozinheira famosa, daquelas que se preocupam com o ciclo todo da comida".
Dito e feito. A oportunidade para mostrar os pratos preparados com talos, sementes e cascas e realizar um trabalho comunitário aconteceu em 2011, quando a Agência de Redes para a Juventude foi à favela angariar jovens e adultos que gostariam de desenvolver projetos de impacto positivo.
"Fui selecionada e desenvolvi o Favela Orgânica para democratizar a comida de verdade, ensinando da plantação à compostagem". A banca avaliadora, porém, não escolheu Regina como a campeã.
Recebi o meu melhor "não". Perdi o prêmio de 10 mil reais, mas comecei o projeto dentro da minha própria casa com 140 reais de uma vaquinha".
Ao promover o conhecimento simples e útil sobre alimentação, Regina conquistou prêmios nacionais e apresentou programas na TV. Entre seus feitos estão a criação de hortas em canteiros, a disponibilização do serviço de nutricionista e o livro de receitas ao ar livre pintado nos muros da Babilônia.
Na pandemia, ela lançou o "cesta básica educativa", com 33 receitas escritas e 30 vídeos com dicas para multiplicar os alimentos que estão dentro da cesta. "Faço porque eu amo e porque estamos no mundo para colaborar com o planeta e as pessoas".
É um crime o Brasil, que exporta alimento, voltar ou ter estado um dia no mapa da fome. A comida está mal distribuída".
Para quem quiser fazer parte dessa revolução em prol do acesso à alimentação saudável, ela dá a dica:
"Comece colocando as sementes do tomate num vasinho de planta. Vá aguando e deixe exposto ao sol. Em dois ou três meses você comerá o seu tomate. E assim terá se conectado com o ciclo do alimento".
Outra opção saborosa é voltar lá no topo da matéria e tirar print das receitas para fazer na próxima vez que comer banana.
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