Sabor do café poderá piorar graças ao aquecimento global, diz estudo
Pesquisadores da Universidades do Estado de Montana, do Texas e Tufts analisaram dados de 73 estudos preliminares já conduzidos pelas duas instituições a respeito da qualidade do café — e quais fatores mais comumente os altera — e concluíram que as mudanças climáticas podem afetar o sabor do café como o conhecemos hoje.
Dois aspectos foram identificados como determinantes para o gosto da bebida: a altitude em que os grãos são produzidos, já que frequentemente o café das alturas tem melhor aroma, e a quantidade de luz solar que ele recebe — muita luz deteriora a qualidade.
O primeiro fator pode ser especialmente influenciado pelo aquecimento global, segundo os pesquisadores.
"Examinar as colheitas cultivadas em diferentes altitudes é bastante usado como substituto para a temperatura. Maiores altitudes são associadas com temperaturas mais baixas, que resultam em um amadurecimento mais lento, o grão se preenche de maneira prolongada com um acúmulo maior de substâncias precursoras de sabor e aroma", explica o artigo publicado no periódico "Frontiers in Plant Science".
"A vulnerabilidade da qualidade do café em menores altitudes nos oferece perspectiva do que pode acontecer à qualidade do café em maiores elevações no futuro com o aumento da temperatura ligada às mudanças climáticas".
Ainda de acordo com o texto, é mais fácil controlar a quantidade de luz que a planta recebe do que o calor. Por isso, um aumento natural da exposição aos raios solares poderia ser contornado com tecnologias de gerenciamento de sombras, com cobertura das lavouras.
No entanto, é significativamente mais complexo atingir os níveis de temperatura e calor que as plantas recebem de maneira ideal, segundo cientistas, já que outros aspectos como umidade também seriam afetados.
Os cientistas ainda salientam que o café é particularmente sensível a quaisquer alterações ambientais e que estudos a respeito de tecnologias que possibilitem a continuação da produção são essenciais para manter a bebida em seu atual patamar.
"Uma xícara medíocre de café tem implicações econômicas e sensoriais. Fatores que influenciam a produção do café têm grande impacto no interesse de compradores, no preço do café e no meio de vida de fazendeiros que o cultivam", alertou o economista Sean Cash, professor da Escola de Ciências de Nutrição e Regulamentação da Tufts e um dos autores do estudo, à revista "Food & Wine".
"Se pudermos entender a ciência destas mudanças, poderemos ajudar os produtores e outras partes interessadas a gerenciar melhor as lavouras de café diante destas mudanças e das futuras", concluiu.
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