Brasil chega atrasado no Oscar do Queijo, dá volta por cima e sai com ouro
Foi por pouco que o Brasil não ficou de fora da 33ª edição do World Cheese Awards, espécie de "Oscar do Queijo", realizado na última quarta (3) em Oviedo, na Espanha.
Por questões burocráticas alfandegárias, os queijos brasileiros chegaram à Europa com atraso e ficaram de fora da disputa pelo título máximo — na ocasião, o queijo de cabra Olavidia, da marca espanhola Quesos y Besos, foi considerado o melhor do mundo entre os 4 mil avaliados.
Ainda assim, cerca de 40 exemplares do Brasil conseguiram ser avaliados em caráter especial por um corpo de jurados do prêmio. O resultado, divulgado nesta segunda (8), aponta que o Brasil levou 14 medalhas, entre ouro, prata e bronze.
O selo dourado foi conquistado por dois queijos: o catarinense Vale do Testo, produzido pela Pomerode, e o mineiro Serra das Antas tipo Reblochon.
O primeiro, preparado com leite de vaca e semiduro, matura por seis meses. Durante o período, é lavado três vezes por semana com uma solução de água, sal e microorganismos que intensificam o sabor e conferem ao produto notas aromáticas defumadas, de amêndoa e de carne. A peça de 130 gramas custa R$ 15,60 no site da Pomerode.
Já o produto da queijaria Serra das Antas, em Bueno Brandão, segue o estilo francês Reblochon. Semimole e de casca lavada, tem sabor suave, frutado e que lembra nozes. A textura compacta é um pouco amanteigada.
A Serra das Antas, que teve outros cinco queijos premiados no evento, vende 600 gramas do Tipo Reblochon por R$ 66,80.
Confira, a seguir, os outros 12 queijos nacionais premiados:
Prata
- Lua Cheia, da Serra das Antas, de Bueno Brandão (MG)
- Tipo Comté, da Serra das Antas, de Bueno Brandão (MG)
Bronze
- Tulha, da Fazenda Atalaia, de Amparo (SP)
- Serra do Lopo, da Capril do Bosque, de Joanópolis (SP)
- Vó Bastião, da Serra das Antas, de Bueno Brandão (MG)
- Parmesão, da Serra das Antas, de Bueno Brandão (MG)
- Tipo Raclette, da Serra das Antas, de Bueno Brandão (MG)
- Requeijão cremoso, do Laticínios São João, de Cruzília (MG)
- Tipo Quarck, do Laticínios São João, de Cruzília (MG)
- Dolce Bosco, da Capril do Bosque, de Joanópolis (SP)
- Caprinus, da Fazenda Atalaia, de Amparo (SP)
Burocracias e atrasos
Pela falta de acordo entre a União Europeia e o Brasil para a exportação de produtos lácteos, fazer os queijos nacionais serem avaliados em concursos internacionais não é simples.
Até pouco tempo, o trâmite era informal: produtores ou vendedores levavam os produtos nas malas e entregavam as amostras em mãos para os organizadores do World Cheese Awards.
Com o objetivo de formalizar e incentivar a participação dos brasileiros na competição, Falco Bonfadini, que é jurado do prêmio e dono da loja Galeria do Queijo, em São Paulo, tornou-se o ponto de consolidação para os participantes da América do Sul em 2019.
Por divergências de informações entre órgãos de dentro e fora do país, no entanto, apenas 14 dos 21 queijos reunidos no ano conseguiram sair do Brasil e só 7 foram avaliados pelo júri internacional.
Na edição deste ano, confusões voltaram a ocorrer. As amostras produzidas com queijo de leite cru foram barradas na entrada da Espanha.
Isso nada tem a ver, ou não deveria ter, com a qualidade ou inocuidade desses queijos que, na verdade, representam o que se faz de melhor no Brasil".
Cerca de 40 exemplares pasteurizados passaram pela aduana, mas chegaram um dia após o concurso. Após acordo com a organização do evento, os queijos foram avaliados pelos mesmos critérios dos outros participantes e, apesar do atraso, conquistaram medalhas.
Para os próximos anos, Falco espera que, com a ajuda do Ministério da Agricultura, seja possível a criação de um marco regulatório para facilitar questões burocráticas com a UE. "Continuaremos trabalhando para que o Brasil entre pela porta da frente nos concursos, que é por onde merecem entrar nossos queijos".
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