Problemas de coluna em cães e gatos não atingem só idosos e têm tratamento
Quem já sentiu dores na coluna ou incômodos articulares sabe o quanto pode ficar difícil e dolorosa a execução de tarefas simples do dia a dia. Os pets podem sofrer os mesmos problemas, com o agravante de demonstrarem dor através de alterações comportamentais ou até mesmo nem demonstram, como é o caso dos gatos.
É por isso que muitos tutores não percebem o sofrimento dos bichinhos aos primeiros sinais e acabam tomando providências quando as dores estão mais fortes e o problema já se agravou.
Viviane Sanchez Galeazzi, veterinária do Hovet (Hospital Veterinário) da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, explica que entre os primeiros sinais são quando cães e gatos deixam de se movimentar, brincar e saltar, tendendo a passar mais tempo deitados.
"Também podem passar a defecar e urinar em locais não convencionais por dificuldade de locomoção, retendo urina por mais tempo", explica.
Ela também afirma que os pets podem se mostrar irritados com outros animais da casa e reclamarem se manipulados nas regiões do pescoço e da coluna.
Alguns cães choram de dor ao serem pegos no colo ou podem até tentar morder seus tutores para evitar de serem manipulados", diz.
A veterinária ortopedista Fernanda Paes, que faz atendimentos na rede de hospitais Pet Care, acrescenta aos sinais de dor algumas questões relacionadas ao apetite como perda ou aceitação apenas de alimentos diferentes da dieta costumeira, gritos ou vocalizações e pouca interação com os tutores e outros animais.
Silêncio dos gatos
Quanto aos gatinhos, que quase nunca demonstram dor, os tutores devem ficar ainda mais atentos. "Os gatos não demonstram facilmente a dor, escondem muito e se não for um tutor muito atento, nem percebe. Eles podem ficar mais quietos, comerem menos ou pararem de subir em locais que sempre subiam", afirma Thais Santana Sousa, veterinária da clínica Balaio de Gato, em São Bernardo do Campo.
Ela acrescenta que muitas vezes o próprio veterinário, se não estiver muito acostumado a tratar de gatos, pode enganar-se no diagnóstico.
"Sempre falo para as pessoas procurarem um especialista em gatos porque a medicina de felinos é totalmente diferente dos cães. Já peguei uma paciente que estava sendo tratada como se tivesse uma doença que é exclusiva de cães, mas os gatos não têm. Ela arrancava os próprios pelos de tanta dor", afirma.
Possíveis causas
Detectado o problema, é hora de entender e investigar as causas que podem ser, de acordo com Fernanda, desde traumas, quadros degenerativos, tumores espinhais, má formações vertebrais, quadros infecciosos nas vértebras ou discos, doenças congênitas e até endócrinas.
A veterinária da USP explica que os quadros degenerativos, tanto articulares, quanto os da coluna vertebral são inerentes ao envelhecimento natural dos bichinhos.
Porém, de modo geral, recomenda-se o controle de peso, a tosa dos pelos entre os coxins (almofadinhas) dos membros torácicos e pélvicos (maior contato da pata com o solo, evitando escorregões), o uso de escadinhas e rampas para subir e descer condicionando seu uso desde filhotes, exercícios regulares e uma boa alimentação.
Tratamentos
Para todos os tipos de problemas na coluna dos pets, além da detecção rápida da dor para a definição sobre o melhor a se fazer e o início do tratamento, os especialistas são unânimes em afirmar que não é recomendado aos tutores medicarem seus bichinhos sem orientação veterinária. "Algumas medicações de uso humano podem causar intoxicação e até mesmo óbito", diz Fernanda.
Para amenizar os sintomas de dor e desconforto, além dos anti-inflamatórios e analgésicos, dependendo do caso e sempre prescritos por um veterinário, uma outra opção, de acordo com Fernanda, é o tratamento com suplementos e colágenos, que podem melhorar a "proteção" das articulações.
"A função desses suplementos é retardar a progressão da doença articular degenerativa. Se utilizados como tratamento de osteoartrose, eles fornecem compostos que são produzidos pelas células normais, mas que devido ao quadro degenerativo, têm sua produção diminuída", afirma.
Uma outra opção, de acordo com a veterinária da USP, pode ser a acupuntura tanto para cães, quanto para gatos que aceitem essa modalidade de tratamento.
A acupuntura atua de modo a diminuir a inflamação e a dor liberando endorfinas, ainda liberando pontos musculares de contratura e dolorosos ao longo da coluna vertebral."
Utilizar aquecedores de ambiente, cobertores e locais abrigados para maior conforto podem ser boas alternativas nos dias mais frios, que favorecem a contratura e rigidez muscular e articular. É nos dias com temperaturas mais baixas que pode ocorrer, de acordo com Viviane, maior intensidade de dor e crises.
O repouso e confinamento em espaços restritos também podem ser considerados pelos tutores para solucionar os problemas de coluna dos pets. Segundo a veterinária, são medidas importantes para a remissão dos sinais e a melhora na condição clínica dos bichinhos.
Casa adaptada
Após a melhora, recomenda-se equipar a casa com facilitadores tais como rampas, escadinhas, prateleiras mais baixas e de fácil acesso, elevação dos potes de água e comida e instalação de antiderrapantes. A falta do repouso perpetua os sinais de dor e impedem a recuperação clínica, favorecendo crises de dor frequentes.
No caso dos gatos, Thais afirma que a verticalização dos ambientes, com a instalação de prateleiras e nichos altos, não deve ser abolida com a finalidade de evitar acidentes, já que a chamada "gatificação" favorece aspectos de saúde e comportamentais dos felinos. É necessário, porém, que sejam providenciados alguns cuidados, como coberturas antiderrapantes de carpete ou sisal.
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