Fetiches, corpos livres e o novo elegante: o que marcou o 3º dia da SPFW
O segundo dia de desfiles da Sâo Paulo Fashion Week nos mostrou um olhar mais positivo sobre o mundo do "lado de fora", nos apresentando roupas mais alegres e festivas, enquanto o introspectivo fica cada vez mais para trás dentro do universo da moda. Já o terceiro dia, por sua vez, mostrou como nós, como indivíduos, participamos efetivamente dessas tendências ao vestirmos, além das roupas, a nossa própria pele.
Logo no primeiro desfile isso foi destacado pela Meninos Rei, que faz parte do projeto Sankofa. Com estampas africanas e repletas de cores, a marca falou sobre respeito. Respeito às entidades como Exu, Pomba Gira, Tranca Rua, entre outras.
Para isso, enalteceu diversos corpos que normalmente são marginalizados assim como essas entidades. O mood da coleção captou as ruas, a liberdade dos corpos num lugar de democracia, com uma leitura mais urbana, moderna e baseada no agora.
O desfile contou ainda com a participação de celebridades, como os atores de "Verdades Secretas 2", Icaro Silva e Rainer Cadete.
A dançarina e influenciadora, que defende o body positive, Thais Carla, também esteve presente na passarela do Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Ainda no universo das celebridades, que parece ter sido uma iniciativa adotada por diversas marcas, a marca de Walério Araújo levou o ator Luciano Szafir para suas passarelas. O ator desfilou nas passarelas com uma bolsa de colostomia, em consequência das complicações após vencer a covid-19.
Celebrando seus 30 anos de carreira, Walério homenageou a coluna "Noite Ilustrada", escrita pela jornalista Erika Palomino entre os anos 90 e 2000.
A coleção trabalhava muito com a alfaiataria, uma das características fundamentais das criações do estilista, em cores neutras, como cinza, branco e preto. Tudo passava longe da sobriedade: explorando encaixes e recortes diversos e utilizando do upcycling de peças vintage.
Fetiche sem gênero
Os diferentes corpos foram inspiração também para a Bold Strap. Estreante na temporada, quem assume a marca é Pedro Andrade, que a criou após não encontrar uma jockstrap — uma cueca que deixa as nádegas de fora — com qualidade no mercado. Então, decidiu, por si só, fazer a sua própria linha.
Para a SPFW, o diretor criativo se inspirou no surrealismo fetichista de artistas como Hans Bellmer, trazendo uma reflexão da teoria queer, brincando com os limites do binarismo, sobre "o que é feminino ou masculino".
Para a coleção "Bold Ball", elementos tradicionalmente "femininos", como o corset, a lingerie e a pérola, vestiam corpos que podem que performar o gênero como quiser.
O novo elegante
E rock n' roll
Sempre trabalhando com coleções sem gênero, como já detalhou em entrevista para Nossa, João Pimenta focou na normalidade procurada pelas pessoas de todo o mundo após os impactos dos últimos tempos, para a edição N52, com a modernidade espelhando as novas maneiras do cidadão ser local e global.
Para isso, o estilista resgatou a elegância e sofisticação dos clássicos, mas adaptados e incorporados com materiais maleáveis que garantem conforto e funcionalidade, acompanhando uma paleta de beges, marrons, cinzas, pretos e branco para trazer a espontaneidade junto da segurança.
Com uma pegada mais grunge, Weider Silveiro trouxe novas inspirações na silhueta feminina, apresentando uma visão mais despojada, mas ainda elegante.
O xadrez esteve presente nas peças, sendo a principal estampa da coleção, além de tons de preto e off-white. O rosa entrou na cartela de cores para trazer um novo ar ao estilo, acompanhando o sportwear das malhas, trazendo modelos em malhas plissadas em Jersey, moletom, matelassê e tricôs. Tudo isso agregando mais movimento e liberdade às suas criações.
Novos e velhos tecidos
Com o foco em "O Divino", a nova coleção de Ronaldo Silvestre, apresentada para nessa edição, foi cheia de trançados, tramados, cestarias e plumagem com cores vibrantes.
Para os tecidos, o estilista apostou na sustentabilidade, trazendo retexturização, materiais reciclados e resíduos têxteis para criarformas atemporais e orgânicas.
Já a ÀLG, marca de Alexandre Herchcovitch mais acessível e voltada para o streetwear, olhava para o futuro: ""Essa foi uma coleção que comecei a desenhar a partir da matéria prima", afirmou o estilista.
Para a coleção, foi desenvolvido um tecido, junto a Branyl, extremamente leve e de alta tecnologia, usado normalmente para a composição de calçados Além da transparência, o material tem como, um dos intuitos, permitir a troca de ar interno e externo quando vestido.
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