Samantha Schmütz: "Pessoas com muita voz se calaram na calamidade"
Ela é atriz, comediante, dubladora, cantora e compositora. E ainda diz umas verdades que causam alvoroço. Para Samantha Schmütz, convidada da vez do "Botequim da Teresa", o ativismo vai além do trabalho.
Aos 42 anos — mais de duas décadas de carreira —, ela usa a voz para falar sobre tudo que considera errado, incluindo o governo Jair Bolsonaro e os colegas de profissão que não se posicionam politicamente.
O engajamento ficou ainda mais forte nos últimos tempos, como conta Samantha, que passou a colocar o dedo na ferida nas redes sociais.
Se chateou, também incentivou. "As pessoas viram que alguém do meio pensa como elas. Que também vê que há pessoas que estão muito caladas num momento de calamidade", diz.
As razões para isso? "Egoísmo, alienação, falta de coragem. Tem vários motivos para não se posicionar", comenta a atriz. "Pessoas com muita voz e poderiam falar estão pensando só em si".
Para "vencer" os haters, Samantha tem uma estratégia: "Focar nas pessoas que valorizam mais o que eu penso, os meus atos".
Foco nos comentários de gente preocupada com o que a gente também está: o Brasil, a cultura, a vida"
Veia de cantora
No "Botequim da Teresa", o tema boemia naturalmente vem à tona. Sobre seu boteco de bolso, aquele preferido, Samantha conta:
Sou daquelas pessoas que vai no mesmo lugar, come a mesma coisa, senta na mesma mesa e diz 'o de sempre, por favor"
Os bares também fizeram parte de sua carreira como cantora. Samantha cantou por uns sete anos na noite, uma boa parte no Árabe da Gávea, no Rio de Janeiro.
Meu pai ia todo domingo, um fofo. O couvert era R$ 6, uma vez perguntei para ele se ele iria e ele me respondeu: 'não sei se eu vou, Samantha, mas se eu não for te dou R$ 6'"
Ela também já chegou a ser demitida de outro porque começou a atrair um público muito gay ao local. "Um dia cheguei para passar o som e me disseram que não iria ter show porque não estavam de acordo com o público que estava vindo me ver", conta para Teresa.
A vontade de cantar veio depois que um amigo a mostrou uma música à capela da Alanis Morissette. "Ali eu comecei, entrei para a aula de canto, em Niterói tem muito músico. Fui conhecendo as pessoas, sendo baking de uns, cantando na banda Mulheres Cantam Beatles".
O palco é seu lugar preferido, mas cantando é diferente, segundo ela: "O microfone vira minha espada, me transforma em um Jedi."
Compositora, ela criou em 2000 a música "Índios no asfalto" para os 500 anos do Brasil, um samba que agora chama "Tá todo errado". Está engavetado. "O que era belo, escravizaram. E o que era lindo, asfaltaram", diz a letra.
Tento fazer paralelamente, mas enquanto não tenho uma música minha, inédita, fica difícil, não conseguem me levar a sério como cantora"
Isso é algo que deve mudar. Durante a pandemia, ela teve de se dedicar mais à música, e está gravando e produzindo um EP.
Saideira
Antes de encerrar o "Botequim da Teresa", Teresa Cristina faz com Samantha uma entrevista bate-pronto:
Um artista: "Criolo"
Uma música: "'Sunny'"
Beijaria um Bolsominion: "não, nem amizade"
Samantha Schmütz beijaria um Bolsominion? "Não tem como! Nem ter amizade. Pode ser o mais gato que fica feio na hora para mim"
Nível de tolerância para machismo: "Levantar a voz, assim para se impor sobre a mulher"
Se pudesse ser uma estrela: "Elis".
As duas encerram a entrevista com um dueto de "Upa neguinho", de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri.
Samba, série e Teresa
O "Botequim da Teresa" vai ao ar todas as sextas-feiras, às 11 horas, no Canal UOL e no YouTube de Nossa (inscreva-se já para receber os lembretes). Em cada episódio, Teresa Cristina recebe um convidado especial e ensina a fazer os petiscos clássicos de alguns do botequins mais famosos do Rio de Janeiro. O programa é uma coprodução de Nossa e MOV, a plataforma de vídeo do UOL.
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