Hotel e hospital de vegetais de Manaus inova mirando 'pais de planta'
O mercado de plantas aqueceu durante a pandemia, e empreendedores aproveitaram o momento para inovar na hora de lucrar com os novos "pais de planta". À medida que a paisagista Carolina Bezerra, pós-graduanda em botânica, foi tendo projetos paisagísticos cancelados porque as pessoas estavam entrando em isolamento por causa da covid-19, ela teve a ideia de montar um "delivery" em Manaus, oferecendo orientações e estimulando que as pessoas fizessem suas próprias ornamentações, as adequando ao seu ambiente. O projeto virou um hospital e hotel para os vegetais.
"Quando fechou tudo, em abril do ano passado, houve uma procura intensa das pessoas por plantas e, ao mesmo tempo, não podíamos fazer serviço na casa de ninguém porque estava proibido. Dessa necessidade de mercado nasceu o delivery de plantas, que os próprios compradores poderiam executar seus projetos sem risco", conta Carolina.
Com o passar dos meses, a paisagista começou a ser consultada sobre espécimes que estavam apresentando problemas porque seus donos não sabiam cultivá-los. Foi então que a consultoria virou consultório e hospital de plantas.
"Passei a observar que tinha clientes que a cada 15 dias compravam as mesmas espécies porque a outra tinha morrido ou estava com problema porque eles não sabiam cultivá-las. Diante da procura, criei o hospital para receber plantas que precisavam de alguma intervenção", relata a paisagista.
Depois que os níveis de infecção do novo coronavírus foram baixando em Manaus, as pessoas voltaram a circular, e a empreendedora notou mais um nicho a ser explorado: o de hospedagem. O empreendimento de "hotel para plantas" foi atrelado ao "hospital" e hoje está em funcionamento na capital amazonense.
O hotel das plantas cobra diária a partir de R$ 2,00 por unidade, porém, quando o cliente tem uma grande quantidade de plantas e muitos dias de hospedagem há pacotes personalizados.
A paisagista detalha que clientes pagam pela hospedagem e, caso a planta necessite de "atendimento", o serviço e os produtos também são cobrados. Caso a hospedagem termine antes do tratamento da planta, o cliente leva os produtos com as orientações para ele mesmo continuar a intervenção.
"A hospedagem é cobrada desta forma, caso o cliente queira algum serviço extra, como troca de vaso, poda, tutores para plantas trepadeiras etc, fazemos o orçamento e após a aprovação, realizamos os serviços", explica a paisagista.
"Recebo todos os tipos de plantas, os mais variados possíveis, pois agora muitas pessoas viraram colecionadoras. Atendi uma cliente que está em obras no apartamento e as 60 plantas estão aqui sob meus cuidados", conta a empreendedora.
Os cuidados de hospedagem vão desde a rega até a adaptação ao novo ambiente temporário. Na "emergência", identifica-se a espécie e o que a acomete e, então, os tratamentos vão de troca de vaso ou substrato até a dedetização.
A única restrição do hotel-hospital é sobre o tamanho das hóspedes. O local só abriga até o médio-porte. "Mais que isso não consigo atender por falta de espaço. Chegou um cliente para que eu cuidasse de quatro palmeiras araucárias, mas fiz a consultoria no local, pois não tinha como receber plantas com mais de três metros de altura aqui", completa. Estes clientes ela atende em visita domiciliar.
Extensão
A paisagista está "germinando" um projeto voltado para mulheres vulneráveis e vítimas de violência, que o sustento da casa era mantido pelo agressor. O projeto pretende ensiná-las a ter seu próprio negócio com cultivo e venda de plantas nativas do bioma amazônico para fornecimento para floriculturas e lojas de ornamentação.
O projeto ocorre em parceria com a USP (Universidade de São Paulo) e, como ainda está em germinação, tem apenas duas mulheres sendo capacitadas para serem donas do seu próprio negócio.
"Pretendemos tirar essas mulheres da situação de violência que vivem por não terem seu próprio sustento. O projeto é voltado justamente para que essas mulheres comecem a se tornar independentes financeiramente ao gerarem renda", explica a paisagista, destacando que depois que essas mulheres estiverem firmes no mercado local, poderão vender plantas para atender o mercado de outros estados do Brasil.
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